A união entre o Departamento de História da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) promove as inscrições até 31 de janeiro do curso voltado para a comunicação popular em saúde. A iniciativa faz parte do projeto “Juventude Cigana: da invisibilidade à comunicação popular em saúde” está com inscrições abertas a partir de formulário eletrônico.
A organização do curso está a cargo dos jornalistas e pesquisadores Aluízio de Azevedo e Gabriela Marques, do coletivo Orgulho Romani e a partir de chamada pública da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O financiamento do projeto acontece a partir do governo do Canadá, que selecionou projetos de comunicação popular em saúde. A professora Ana Carolina da Silva Borges, chefe de Departamento de História, conta que a ideia do curso surgiu a partir de parcerias.
“Conheci o Aluízio através do Fórum de Patrimônio Cultural de Mato Grosso, onde atualmente estou na presidência. A partir de várias ações que o fórum faz, principalmente voltada para a invisibilidade das populações tradicionais de Mato Grosso, a gente montou um cronograma de ações que vieram de várias frentes de atuação que tem funcionado desde a pandemia de forma bastante intensa”, explica a professora (foto abaixo).
A professora conta que há várias áreas de conhecimento, como antropologia, história e organizações não governamentais presentes desenvolvendo ações como projetos de extensão e projetos de pesquisa. “A gente viu a necessidade de mapeamento e formação para as populações tradicionais em situação de vulnerabilidade e que também tem certa invisibilidade no âmbito social”, relata Ana Carolina da Silva Borges acrescentando que as atividades já tem visibilidade nacional.
Curso surgiu para superar desinformação sobre população cigana
O curso consiste em oito sessões online, com especialistas e profissionais, sobre temas relativos à comunicação e saúde das comunidades ciganas, partindo do olhar crítico às mídias e a desinformação em saúde. Entre 28 de fevereiro e 23 de março entram em discussão a informação e a comunicação no campo da saúde; o que é desinformação e fake news, identificando racismo e anticiganismo: discursos de ódio e violências simbólicas; uso seguro das redes: midiatização e juventude; e produção de conteúdo para redes sociais: desafios para a autorrepresentação.
“Vimos que há certa demanda sobre essas discussões e há uma certa má informação sobre a populações ciganas. Veio a parceria junto com o Departamento de História para desmontar as imagens pré-concebidas, estigmatizadas e distorcidas sobre as populações ciganas. É deixar de criminalizá-los pelo foco do combate às fake news. Temos esse propósito dentro do projeto com a formação em caráter informativo e de capacitação para que as pessoas possam manejar informações para quebrar os pré-conceitos com impacto social significativo”, pontua a professora Ana Carolina da Silva Borges.
A organização informa que participantes com pelo menos 70% de presença recebem certificado ao final da formação emitido pela UFMT. Após o encerramento do curso, será elaborado um guia online sobre produção de conteúdos em saúde para populações ciganas.
Outras parcerias estão em construção
A professora Ana Carolina da Silva Borges pontua ainda que projetos estão em reposicionamento para 2023 como o Mapas da Vida, já desenvolvido com a Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) e a Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat). “Novas parcerias estão em costura para 2023 como o projeto Mapas da Vida. É um projeto que é interinstitucional e interdisciplinar, já realizado com a UFR e Unemat, além de pessoas com engajamento político em Mato Grosso para o mapeamento das populações tradicionais em situação de vulnerabilidade”, relata.
A ideia consiste em um levantamento gráfico com dados quantitativos com quantidade de mortos e infectados recortando algumas cidades que tinham populações tradicionais de Mato Grosso. “A gente montou vários gráficos e temos produção de material audiovisual, com pessoas que estiveram na frente. Tinham algumas temática que a gente recortava com pandemias, queimadas, dengue e a zika para saber como as populações tradicionais montam estratégias de sobrevivência diante do descaso do poder público”, conta a professora.
Um site especialmente preparado para populações tradicionais foi o resultado do projeto. “A gente montou um site para disponibilizar os materiais e as populações tradicionais saberem como está o contexto deles e foi pedido que pós pandemia o projeto não se encerrasse por conta dos produtos audiovisuais construídos como podcasts, entrevistas e rodas de conversa em formas de aulas que são pedidos das comunidades tradicionais”, destaca sobre a parceria com a AEEC.
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