A história dos ciganos é incerta. Fala-se em uma possível origem na Índia(século III a.C.), região onde hoje se encontra o Paquistão. No século XII teriam se dividido pelo mundo por dois ramos: um asiático, os ciganos da palestina e outro europeu. Entretanto, este contato com os países da Europa, ocorrido provavelmente entre os séculos X e XV, não ocorreu pacificamente. Foi marcado por perseguições, preconceitos e conflitos, o que fez com que as autoridades agissem violentamente contra eles acusando-os de provocadores de desordem e subversivos ao sistema.
São conhecidos na Rússia desde 1.500, onde Catarina, a Grande, deu-lhes um estatuto próprio e os fez escravos da Coroa, mas não os perseguiu. Já na Ucrânia e no Litoral do Mar Negro, são conhecidos como ciganos camponeses. As datas prováveis de sua chegada na Inglaterra (Ilhas Britânicas, País de Gales, Irlanda e Escócia) foi entre 1430 e 1440. (SANT’ANNA, 1983, p. 30 e 31).
A Espanha e Portugal foram os países que melhor os acolheram. Por outro lado, mesmo em ambos praticaram preconceitos contra os ciganos. Como a Península Ibérica estava se lançando nas navegações, aproveitaram para deporta-los. Além do que, eles mesmos, no ímpeto de migração, teriam optado em vir para o novo mundo. O termo aparece registrado pela primeira vez em português na obra literária A farsa das ciganas de Gil Vicente (1521), onde são considerados como originários da Grécia.
Ciganos estão presente no Brasil desde 1574
Se o primeiro documento histórico registra a entrada de um cigano no país no século XVI, foi somente no XVII (1686) que de fato começaram as deportações de Portugal para o Brasil, especialmente para a colônia do Maranhão. Muitos com a missão de povoar a colônia A capitania foi escolhida por estar longe dos portos do Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA), bem como das principais áreas econômicas da época (mineração e agricultura).
Apesar disto, muitos ciganos devem ter permanecido em Pernambuco, bem como migrado escondido das autoridades para outras colônias. A partir desta época também entraram em Minas Gerais , migrando da Bahia. A presença comprovada de ciganos nestes Estados é registrada desde o início do Século XVIII. Daí para outras capitanias foi um pulo.
Segundo Teixeira (2000, p. 25) no ano de 1.726 se tem “notícia de ciganos em São Paulo , quando foram solicitadas medidas contra ciganos que apareceram na cidade e que eram prejudiciais a este povo porque andavam com jogos e outras mais perturbações, pelo que tiveram que abandonar a cidade dentro de 24 horas, sob pena de serem presos”. No Rio de Janeiro chegaram desde o século XVIII.
A saga da diversidade étnica cultural cigana por aqui tem início somente a partir do século XIX. Nos três primeiros séculos vieram degredados apenas ciganos da península Ibérica. Somente a partir da segunda metade do século XIX começaram a chegar grupos denominados como “ciganos” oriundos de países como Itália, Alemanha, Balcãs e Europa Central.
O primeiro cigano não-ibérico a chegar em MG foi Jan Nepomuscky Kubitschek, bisavô de Juscelino Kubistchek (JK). Não se sabe quantos grupos vieram para cá, pois não existem registros documentais seguros sobre tais especificidades, pois a polícia portuária proibiu o desembarque de ciganos em território brasileiro e, assim, sua entrada se deu na clandestinidade. (TEIXEIRA, 2000, p. 37 e 38). Porém, foram tratados da mesma forma estereotipada e etnocêntrica com que há cerca de dois séculos vinham fazendo com os ibéricos.
Aluízio de Azevedo
Assessoria de Comunicação AEEC-MT
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