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quarta-feira, 15 de março de 2017

Três grandes troncos étnicos formam os povos ciganos

Imagem: Bandeira Cigana

            No que toca as culturas e povos ciganos, os antropólogos clássicos confirmariam todas as expressões em uma identidade única. Uma série de estereótipos permanece no imaginário popular e na visão estatal e da mídia, desconsiderando suas diferenças. Comumente, são vistos como um único povo de cultura generalizada, receio e desconfiança pelos não ciganos, que muitas vezes os atacam, praticando injustiças, emprestando-lhe má fama e a reputação de ladrões.

            Por exemplo, duas características marcantes na identidade cigana genérica são os traços românticos e incivilizados. Perduram traços como a sensualidade e sexualidade exacerbada das mulheres ciganas e o exotismo das roupas coloridas. Também são taxados de ladrões, sujos, embusteiros, enganadores, maltrapilhos, malandros e outras características deste naipe. Faz-se necessário, portanto, reconstruir a trajetória (historiografia) cigana a partir de um olhar menos preconceituoso que permeia o termo cigano.

            Existem diversas comunidades (historicamente diferenciadas) chamadas de ciganas, que podem ou não manter relações de semelhanças ou diferenças umas com as outras. Apenas o termo “cigano” sozinho não designa corretamente a diversidade de grupos que existem no Brasil e praticamente em todos os países do mundo, sustentando que todos sejam um genérico único. Há aspectos da identidade cigana compartilhados por todos os grupos; outros particulares de cada subgrupo e outros selecionados pelo indivíduo num leque de opções.

            Os próprios ciganos costumam usar autodenominações completamente diferentes. De acordo com Moonen (2000, p. 05 e 06) há identificado três grandes grupos: 1) Os Rom, ou Roma: são divididos em vários sub-grupos, com denominações próprias, como os Kalderash, Matchuaia, Lovara, Curara etc. Falam a lín­gua romani e são predominantes nos países balcânicos; 2) os Sinti: falam a língua sintó e são mais encontrados na Alemanha, Itália e França, onde são chamados Manouch; e 3) os Calon, Kalon ou Kalé: falam a língua caló, vivem principalmente em Portugal, Espanha e França onde são conhecidos como Gitanos.

Até entre os que se denominam Rom ou Kalon, há diferenças internas, notadas pelas formações de subgrupos que se diferenciaram pelos históricos de vidas e temporalidades. Todos eles se espalharam por outros países da Europa e deportados ou migraram para a América do Sul, não de uma única vez, mas ao longo de quase cinco séculos. Por isso, não podem ser considerados “nômades” no sentido tradicional do termo. O correto é classificá-los como viajantes ou itinerantes, isto é, fixam residências e migram de tempos em tempos e não o tempo todo.

Além do que, a maioria não usa as roupas coloridas e tradicionais como é explicitado na mídia e muitos estão inseridos nas cidades, especialmente nas periferias e negam suas origens. To davia, alguns traços são marcantes, como a importância que dão aos rituais de nascimento, casamento e morte, além de uma cultura fechada, que gosta de ser misteriosa.

Aluízio de Azevedo
Assessoria de Comunicação AEEC-MT

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