Até o momento o governo do Estado distribuiu 50 mil cestas básicas, insuficientes para atender as 360 mil pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza em MT
No último dia 17 de junho
(quarta-feira), representantes do Comitê Estadual dos Povos e Comunidades
Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT) participaram de reunião virtual com a
secretária de Trabalho, Ação Social e Cidadania de Mato Grosso (SETASC-MT),
Rosamaria Carvalho.
O encontro teve como
objetivo discutir os impactos da pandemia junto às populações tradicionais
mato-grossenses, que inclui ciganos, indígenas, quilombolas, povos de terreiro
(umbanda e candomblé), capoeiras, pantaneiros, retireiros do araguaia,
extrativistas, seringueiros, pescadores, ribeirinhos, benzedeiras, danças
tradicionais e artesãos. Representantes de 11 secretarias e órgãos do poder
público estadual também fazem parte do comitê.
A reunião contou com a
mediação do Secretário Executivo do CEPCT-MT, Ivo Gregório de Campos, que
representa as comunidades quilombolas e da representante da Unemat, professora Edir
Antonia de Almeida, do Centro de Referência em Direitos Humanos Profª Lúcia
Gonçalves –(CRDHPLG). E a participação das representantes indígenas Kaianaku Kamaiura e Eliane, da Federação dos Povos Indígenas (FEPOINT) e Mariah, pequena produtora rural.
Participei da reunião como
assessor de comunicação e ciência da Associação Estadual das Etnias Ciganas de
Mato Grosso (AEEC-MT). Levamos à secretária um diagnóstico situacional
(econômico, social e de saúde) sobre como a pandemia causada pelo Covid-19 está
impactando a essas populações, bem como apresentamos demandas para a proteção
social dessas comunidades, que historicamente sofreram políticas persecutórias,
racismo e exclusão.
Também solicitamos apoio
para a implementação de uma campanha com dois objetivos: arrecadação de fundos
e doações para compra de cestas básicas e kits de higiene para essas
comunidades; e a compra de produtos da agricultura familiar e comunidades dos
próprios povos tradicionais. Contudo, a esta demanda, Rosamaria da SETASC-MT, afirmou que o Estado já realiza uma campanha e, portanto, não poderá assinar uma outra campanha.
360 mil pessoas vivem
abaixo da linha da pobreza em MT
De acordo com a
secretária Rosamaria da SETASC-MT, a pasta recebeu pedidos de famílias,
comunidades tradicionais, trabalhadores, desempregados e outros tipos de
excluídos socialmente. “Temos no Estado um contingente de 360 mil pessoas
vivendo em situação de extrema pobreza, ou seja, ganhando uma renda familiar
inferior a R$ 89,00 por pessoa residente no domicílio”.
Para ela, “estamos
vivendo um momento para o qual não estamos preparados” e, por isso, gestão
estadual vem estudando formas para atender as demandas, já que na pasta
“chegaram todos os problemas sociais”, considerando, que é “a segunda
secretaria mais importante” no enfrentamento as crises instaladas pelo Covid-19,
ponderou.
A secretária pontuou que
o Estado comprou 50 mil cestas básicas, das quais 26 mil foram distribuídas às
secretarias municipais de assistência social. “Distribuímos outras 10 mil
arrecadadas com a campanha promovida pela primeira dama e repassamos R$ 8,5
milhões para 141 municípios para a compra de cestas básicas. O governo federal também
disponibilizou recursos, mas sabemos que ainda não é suficiente”.
Rosamaria informou ainda
que o Estado deverá comprar 100 mil cestas básicas e garantiu que destinará um
percentual para atender aos povos e comunidades tradicionais. Mesmo adiantando
que não conseguirá atender a toda a demanda das populações tradicionais, se
comprometeu a fazer um comunicado aos municípios reforçando a importância em atendê-las
com prioridade.
Texto: Aluízio de Azevedo
Assessor para Ciência
e Comunicação da AEEC-MT
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