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quinta-feira, 6 de maio de 2021

Maio: o mês dos povos ciganos no Brasil

Matriarcas da comunidade cigana mato-grossense da família Alves Pereira. Da direita para esquerda: Lídia, Elza, Alda, Jandica, Luzia e Tita ciganas Calin. Foto: Arquivo AEEC-MT

Data é avanço, mas muito ainda precisa ser feito para inclusão das comunidades ciganas brasileiras

No próximo dia 24 de maio completa 15 anos de comemoração do Dia Nacional dos Ciganos. A data foi estabelecida em 2006 por meio do Decreto Presidencial de 24 de maio de 2005, assinado pelo ex-presidente Lula.  Vinte e quatro de maio foi escolhido em homenagem à Santa Sara Kali, a padroeira de muitos grupos romani, especialmente do continente europeu.

Para comemorar a data e proporcionar visibilidade aos povos e culturas ciganas e sua imensa diversidade étnica; a Assessoria para Ciência e Comunicação da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) preparou uma série de reportagens, artigos e materiais próprios e de outras fontes.

Por que a data é importante?

O dia nacional dos ciganos é um marco no modo como o estado brasileiro passou a tratar as comunidades ciganas. Apesar de estarmos presentes no país desde os primórdios da colonização (século XVI), até essa data não contávamos com qualquer política pública específica de reconhecimento.

Pelo contrário, historicamente sempre fomos vítimas de políticas coloniais e persecutórias tanto em Portugal, quanto no Brasil.

Mesmo contribuindo fortemente para as identidades e as culturas nacionais dos dois países; sofremos processos de invisibilidade ou estereotipia nas artes, literatura, ciência e senso comum. Tal situação deixou reflexos altamente negativos no imaginário social português e brasileiro acerca das pessoas romani.

Uma realidade que este nome genérico “cigano” não dá conta de representar, pois somos muito diversos. Ao todo pertencemos a três grandes troncos étnicos: os Calon, os Rom e os Sinti, que por sua vez, se subdividem em subgrupos, com línguas, culturas e identidades diferentes.

Patriarcas da comunidade cigana mato-grossense, os irmãos Rodrigues Cunha: Da direita para esquerda, Ranulfo, Jove, Albano, Araxide, Alvone, Stoesse, Lourival e Anésio. Foto: Arquivo AEEC


Visibilidade para combater o racismo estrutural

O resultado destes séculos de exclusão social é um racismo estrutural latente, também denominado de anticiganismo ou ciganofobia, que atualmente colocou a imensa maioria das pessoas ciganas brasileiras em situação de exclusão e/ou desigualdade social.

Neste cenário, a criação do dia nacional dos ciganos, foi um reconhecimento importante por parte do Estado brasileiro, que no ano seguinte, por meio de outro decreto presidencial (6.040 de 2007), incluiu-nos como parte dos povos e comunidades tradicionais brasileiros, com os mesmos direitos e deveres.

Mas muita gente desconhece o universo cigano, a não ser pelo imaginário, que vacila entre dois polos estereotipados: uma visão romântica, que apela à sensualidade, à malandragem, à falsa liberdade do nomadismo; ou uma visão extremamente negativa, associada a todos os tipos de bandidagens.

Daí pensarmos essa série, de maneira a também quebrar com esses preconceitos estabelecidos, que acabam levando ao racismo institucional em diversas áreas.

Não perca as próximas postagens, que trarão elementos simbólicos, artísticos, culturais e científicos sobre as comunidades ciganas brasileiras.

Acesse aqui o artigo que produzimos para a mesma data no ano passado, em conjunto com o ativista Calon Português, Pimênio Ferreira: https://aeecmt.blogspot.com/2020/05/dia-nacional-dos-ciganos-resistimos-e.html 

Texto: Dr. Aluízio de Azevedo

Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT, cigano da etnia Calon, especialista em cinema, mestre em educação e mitologias ciganas e doutora em informação, comunicação e saúde das comunidades romani de Brasil e Portugal

 

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