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sexta-feira, 30 de junho de 2023

É kalon Olhares Ciganos alcança 100 mil acessos

O filme media mestragem, É Kalon – Olhares Ciganos (2011, 35'), bateu os 100 mil acessos no YouTube.

Primeiro registro audiovisual que traz a comunidade cigana mato-grossense, o trabalho é patrocinado pelo Fundo Estadual de Cultura de MT, via Secretaria de Estado de Cultura.

Dirigido por Aluízio de Azevedo e com produção de Irandi Rodrigues Silva, a obra contou com a consultoria de Glória Albuês e Cícero Garcia.



Sinopse:

A saga dos ciganos, considerados um das nações mais exóticas do mundo, devido ao misterioso universo cultural, é tocada nesta obra o ao mostrar a vida e o cotidiano de um grupo Kalon, formado por cerca de 200 pessoas, que vivem e percorrem o Estado de Mato Grosso há mais de 80 anos. Fé, valores, conhecimentos e maneira de viver são os fios condutores do vídeo, aspectos enfocados pelos próprios membros do grupo. O objetivo foi mostrar como enxergam as passagens da vida em seus rituais, além de contos e mitos, mesclando-os com as interpretações e vivências da vida cotidiana atual, que se faz mestiça.

Ficha Técnica

Ano: 2010/2011

Direção, Roteiro e pesquisa: Aluízio de Azevedo Silva Júnior

Produção Executiva: Irandi Rodrigues Silva

Produção: Aluízio de Azevedo Silva

Direção de Arte: Duflair M. Barradas

Direção de Fotografia: Duflair M. Barradas e Odenir

Consultoria de Arte e edição: Glória Albuês e Cícero Garcia

Edição e Montagem: Gisela M. Barradas e Aluízio de Azevedo Silva Júnior


segunda-feira, 26 de junho de 2023

Iniciativas selecionadas para programa de aceleração do Governo de MT e Oi Futuro são divulgadas

 

Segunda edição do programa vai acelerar 20 negócios criativos e organizações sem fins lucrativos para impulsionar o setor em todo o Estado

Por Cida Rodrigues | Secel-MT

Os 20 negócios ou organizações que participarão da segunda edição do edital MOVE_MT, programa de aceleração de negócios criativos, de inovação e de impacto social, já foram selecionados. Com um ciclo de aceleração de seis meses de duração, o programa é realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) em parceria com o Instituto Oi Futuro. Os escolhidos são de diferentes municípios mato-grossenses.

“O MOVE_MT trouxe grandes resultados com os projetos acelerados na primeira edição e agora se consolida ainda mais como o programa propulsor da economia criativa em Mato Grosso. Parabéns aos projetos selecionados nessa segunda edição. E contem com nossa equipe da Secel e a parceria do Oi Futuro nessa caminhada de desenvolvimento de seus negócios criativos”, celebra o secretário da secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso, Jefferson Carvalho Neves.

Criado para impulsionar empreendedores e líderes do setor que desenvolvem negócios ou projetos com potencial de transformação social em Mato Grosso, o programa tem a diversidade como marca. Dos selecionados, 60% se identificam como pretos ou pardos, 65% são mulheres e 25% são pessoas da comunidade LGBTQIA+.

O grupo inclui ainda projetos representados por pessoas com deficiência, indígenas e ciganos, e 45% das ações selecionadas acontecem em municípios fora da Região Metropolitana, ampliando acesso e fomentando a cultura criativa também em comunidades ribeirinhas e no interior do Estado.

Ao todo serão oferecidas 1.700 horas de capacitação e mentorias em gestão, inovação, impacto social, criatividade e comunicação. Ao final da jornada, serão distribuídos, a título de apoio financeiro, cerca de R$ 350 mil entre as cinco iniciativas mais bem avaliadas na aceleração. Essas iniciativas serão convidadas a realizar um intercâmbio no Lab Oi Futuro, no Rio de Janeiro, em que farão uma imersão no ecossistema da economia criativa da cidade.

“Com o segundo ciclo do MOVE_MT, conseguimos ampliar nosso impacto e levar inovação a novos territórios, valorizando a diversidade como potência de desenvolvimento e transformação social. O Oi Futuro segue no propósito de impulsionar empreendedores da economia criativa em todo o país e pretende replicar o modelo de sucesso do MOVE_MT para outros estados brasileiros com novos parceiros”, afirma Carla Uller, gerente Executiva de Programas e Projetos do Oi Futuro.

Confira abaixo a lista completa das iniciativas selecionadas:

Casa de Cultura Silva Freire (Cuiabá): Sediada no entorno do Centro Histórico de Cuiabá, a ONG faz a gestão do acervo do poeta Benedito Sant’Anna da Silva Freire e atende centenas de estudantes, professores e pesquisadores por meio de seu Programa Educativo.

Núcleo de Artes Cênicas Tradição Cigana (Cuiabá): Atua no registro e divulgação dos saberes dos povos ciganos e no fortalecimento, conservação e manutenção das culturas e identidades das etnias ciganas Kalon, Rom e Sinti. Oferece formação em dança e teatro para pessoas ciganas de Rondonópolis, maior comunidade cigana de MT.

Hip Hop Atemporal (Cuiabá): O coletivo Favelativa reúne jovens periféricos, especialmente do movimento hip hop, para desenvolver projetos, oficinas culturais e eventos voltados para a juventude negra e periférica de Mato Grosso.

Pé de Folclore – Cáceres, Rios e Lendas (Cáceres): Tem como objetivo manter as manifestações culturais populares em Cáceres, como Siriri, Cururu e Festas de Santo por meio das artes cênicas (dança, música e teatro) e do incentivo às manifestações populares.

Empreendedores Criativos do Mato Grosso (Cuiabá): Grupo de empreendedores criativos da cultura – músicos, artistas plásticos e contadores de histórias – que se uniram com o objetivo de atender as regiões periféricas da cidade. Realizam projetos de musicalização, ateliê popular de artes plásticas, incentivo à leitura e escrita criativa, empreendedorismo juvenil e empoderamento feminino.

Arteagro (Campo Verde): Confecção e comercialização de peças de artesanato a partir de restos de algodão e palha de milho perdidos nas colheitas. O projeto trabalha o desenvolvimento artístico, social e cultural, a empregabilidade, o empreendedorismo, a geração de renda e a transformação de perdas em inovação.

Cidadão Oddly (Cuiabá): Produtora independente de eventos LGBTQIA+ em Cuiabá. Atua também na capacitação de travestis e transexuais para inserção no mercado de trabalho.

Rua Antiga (Chapada dos Guimarães): O negócio, que começou como um sebo itinerante, ganhou endereço fixo e passou a funcionar como Espaço Cultural Metade Cheio, que promove a memória regional por meio da literatura e da música. Além de comercializar produtos culturais, promove ações de fomento à leitura e exposições.

Apoio à Cadeia de Valor do Cacau no Noroeste de MT (Juína): O projeto visa levar conhecimento e assistência técnica aos produtores locais, estabelecendo parcerias diretas, remuneração justa e enfatizando a importância da qualidade do cacau para a produção de chocolates artesanais.

Loja Karajá (Santa Terezinha): Criada pela comunidade indígena Karajá da Aldeia Itxalá, a organização desenvolve projetos sustentáveis. O projeto propõe a criação de sistema de venda de artesanato Karajá e a qualificação de jovens indígenas para trabalhar com ferramentas de venda on-line.

Tece Arte (Cuiabá): Coletivo de 55 mulheres empreendedoras que produzem peças artesanais únicas e comercializam para turistas e lojistas. A iniciativa tem como objetivo utilizar conhecimentos tradicionais para agregar valor aos produtos artesanais e promover desenvolvimento sustentável na comunidade.

Rede de Comercialização Social Solidária – RECOSS (Aripuanã): Busca criar um ambiente de negócios para agricultores familiares, agroextrativistas, grupos indígenas, artesãos e outros, conectando com consumidores por meio de um aplicativo.

Produtora Audiovisual Quariterê (Cuiabá): Nasceu como um desdobramento do Aquilombamento Audiovisual Quariterê, formado por negros e indígenas. Tem como objetivo desenvolver produções culturais e artísticas e participar do desenvolvimento de políticas afirmativas no mercado audiovisual.

Grupo Tibanaré(Cuiabá): Coletivo de teatro criado em 2006 na periferia de Cuiabá, com foco na cultura popular regional. Realizam espetáculos, ações formativas e festivais em espaços não-convencionais, buscando alcançar pessoas com pouco acesso à cultura.

AMFMT (Várzea Grande): A organização oferece oficinas de manifestações populares tradicionais, em que produz figurinos e artefatos regionais, como violas de cocho, mocho, ganzá e produtos da culinária regional. Também realiza apresentações cênicas na Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá.

Afrotours: A primeira agência de turismo afro de MT (Poconé): Propõe experiências em comunidades quilombolas na região do Pantanal, desconstruindo a imagem de um Pantanal apenas direcionada à fauna e à flora, ao mesmo tempo em que escuta as necessidades e histórias das comunidades e comercializa essas experiências fazendo com que as comunidades sejam vistas e tenham um retorno financeiro.

Bodega Pantaneira – Loja Colaborativa (Santo Antônio do Leverger): Promove o ecoturismo associado à comercialização de produtos oriundos da região pantaneira, dando visibilidade aos artesãos e mestres da cultura popular na região.

O Universo “E Outros Bichos” (Chapada dos Guimarães): O projeto propõe o desenvolvimento de uma ação transmídia a partir da série "E Outros Bichos", com quatro temporadas relacionadas a diferentes regiões do Brasil. A trama envolve a descoberta de seres míticos por pré-adolescentes e sua jornada para proteger o meio ambiente.

Na Floresta (Chapada dos Guimarães): O negócio criativo produz artigos de papelaria, embalagens biodegradáveis e outros produtos a partir de resíduos de bananeiras. Pretendem criar a Escola da Banana, para capacitar comunidades vulneráveis na criação de produtos variados a partir das bananeiras.

Lista Negra Podcast (Cuiabá): O podcast tem como objetivo dar visibilidade a profissionais negros e discutir questões sociais e culturais que afetam a população negra. Composto por mulheres da periferia de Cuiabá, o podcast busca conscientizar e promover ações e mudanças positivas relacionadas à diversidade e à inclusão.  

 O programa MOVE_MT

Após o sucesso da primeira edição, o MOVE_MT 2 recebeu 116 inscrições de todas as regiões do Estado, com uma grande adesão marcada pela diversidade: dos inscritos, 65,5% se identificaram como pretos ou pardos, 57% são mulheres e 36% são sediados fora da região metropolitana de Cuiabá.

O processo de seleção do MOVE_MT envolveu uma comissão formada por especialistas externos, representantes da Secel-MT e do Oi Futuro, que avaliou as iniciativas inscritas levando em conta seu histórico, a consistência do projeto, o problema social que busca resolver e o perfil do empreendedor.

Além da seleção para o ciclo de aceleração, o MOVE_MT 2 realizou dois workshops de estruturação de projetos para o público geral, em março e abril, que beneficiaram 107 empreendedores locais. Em maio, o programa promoveu um seminário na sede do FIEMT, voltado para empresários e grandes investidores, para fortalecer o ecossistema da economia criativa em Mato Grosso.

Promovida em 2022, a primeira edição do MOVE_MT ofereceu formação e aceleração a 30 negócios e projetos da economia criativa, totalizando cerca de duas mil horas de capacitações e mentorias em Gestão, Tecnologia, Economia Criativa e Impacto Social. O programa distribuiu cerca de R$ 320 mil em prêmios para as iniciativas mais bem avaliadas e promoveu um intercâmbio no Lab Oi Futuro, no Rio de Janeiro, para nove negócios participantes.

*Com Assessoria da Oi Futuro

Disponível em: https://www.secel.mt.gov.br/-/iniciativas-selecionadas-para-programa-de-acelera%C3%A7%C3%A3o-do-governo-de-mt-e-oi-futuro-s%C3%A3o-divulgadas

 

sábado, 24 de junho de 2023

AEEC-MT é aprovada no programa Move MT da Oi Futuro e Secel

Projeto é para criação de núcleo de artes cênicas do Grupo de Danças Tradição Cigana de Rondonópolis 

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) foi uma das 20 instituições/projetos aprovadas na 2ª edição do Projeto de Aceleração de Negócios Criativos, de Inovação e/ou Impacto Sociocultural de Mato Grosso – MOVE_MT 2. 

Desenvolvido pela Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), em parceria com a Oi Futuro, nesta segunda edição o Programa ofertará mentoria para a AEEC-MT com o objetivo de implementação do Núcleo de Artes Cênicas Tradição Cigana, em Rondonópolis. 


Duas representantes do grupo de Danças Tradição Ciganas e o Diretor de Arte e Cultura da AEEC-MT participarão das mentorias oferecidas pela Oi Futuro. A ideia é que durante a mentoria, a organização consiga melhorar em ao menos três aspectos: 

1) Formação em gestão e produção cultural, especialmente na captação de recursos e prestação de contas dos quadros da associação, para que consigam alçar voos mais altos, como a busca por acesso a recursos, eventos e outras atividades próprias das culturas e populações tradicionais dos povos ciganos; 

2) Mentoria para a institucionalização e profissionalização do grupo de Danças Tradição Cigana, por meio da implementação de um projeto que visa a criação de um núcleo de Artes Cênicas voltado para as pessoas integrantes do grupo;

3) Possibilidade de financiamento para que este núcleo possa desenvolver atividades como oficinas de introdução às artes cênicas, teatro e dança, figurino e corte e costura, bem como outras funções e processos básicos para a montagem de um espetáculo de dança que passará a compor o repertório do grupo; confecção de indumentárias apropriadas para as danças desenvolvidas; recursos para aluguel de um espaço e transporte dos participantes para as atividades presenciais do curso. 


As atividades do projeto terão como referência primária as indumentárias tradicionais, inserindo o toque da moda, enriquecerá a parte estrutural do grupo, que passará a contar com um figurino pensado para suas apresentações. 

Ao participar de toda a mentoria, que durará seis meses, começando a partir de setembro de 2023, as cinco melhores iniciativas, das 20 selecionadas pelo Move-MT, após passar por uma banca realizada pela Oi Futuro, receberão um prêmio no valor de R$ 70.000,00 cada. Todas as 20 iniciativas, incluindo a AEEC-MT, receberá pela participação na mentoria e defesa do projeto, no terceiro mês de sua execução, um valor simbólico de R$ 2.860,00. 

O resultado pode ser conferido no site da Move_MT: https://oifuturo.org.br/editais/move_mt/ 

 Texto: Assessoria para Ciência e Comunicação da AEEC-MT

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Aprendendo a ser borboleta com Mimi Sato

Professora Mimi Sato, uma defensora incansável dos direitos humanos e da terra, que nos deixou recentemente e cujo legado permanece

Por Aluízio de Azevedo Silva Júnior, Ex-orientando de Mestrado de Mimi Sato


Borboleta

 

O privilégio insetal de ser uma borboleta me atraiu.

Por certo eu iria ter uma visão diferente dos homens e das coisas.

Eu imaginava que o mundo visto de uma borboleta seria, com certeza,

um mundo livre aos poemas.

Daquele ponto de vista:

Vi que as árvores são mais competentes em auroras do que os homens.

Vi que as tardes são mais aproveitadas pelas garças do que pelos homens.

Vi que as águas têm mais qualidade para a paz do que os homens.

Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas do que os cientistas.

Manoel de Barros

 

Não foi com Manoel de Barros, que escreve este belo poema que aprendi a ser borboleta. Foi com Mimi Sato. O tomo emprestado para começar este texto e entrelaça-lo nesta homenagem, pois descreve perfeitamente o meu sentimento em ser borboleta e cada vez que vejo e me sinto uma borboleta, lembro que foi a Mimi que me ensinou a ser assim.

Musa inspiradora da ciência e da arte, orientadora de Mestrado e amiga querida, foi quem abriu os meus olhos e alma para um mundo com seres humanos, animais, plantas e todos os seres coexistindo e vivendo em uma ecologia centrada em Gaia, essa nossa mãe terra que a tudo nos oferece para a existência.

Com Mimi, tive o privilégio insetal de ser uma borboleta. Fã ardorosa de Manoel de Barros, além de pesquisadora altamente produtiva nos campos da Educação e da Educação Ambiental (EA); era poeta de mão cheia. Uma artista sensível, que como Gaston Bachelard, conseguia unir esses dois contrários que parecem impossíveis de coexistirem: a ciência e as artes, como fez em seus escritos. Uma marca que ficará viva no seu legado e ex-orientandos.

Foi com Mimi Sato aprendi que as árvores são sim mais competentes em auroras do que os homens. Primando por uma educação Paulo Freireana, mais do que repetir que “eva viu a uva”, praticava a conexão contextual, não apenas socioeconomicamente, como também ambientalmente. Entre conceitos e os afetos, espalhava amor no acolhimento a todas as diversidades e grupos em situação de exclusão.

Ao mesmo tempo, tecia habilidosas e contundentes críticas pela libertação do planeta das garras da opressão desenvolvimentista da globalização neoliberal. Com ela, me situei em uma educação ambiental viva, que não separa a cultura da natureza e nem os direitos humanos dos direitos da terra e, assim, senti que o diálogo com os povos ciganos é possível dentro de uma ciência da vida, que prima pela inclusão.

Convivendo e sendo acolhido enquanto cigano, LGBTQIAP+ por Mimi Sato, compreendi “que as tardes são mais aproveitadas pelas garças do que pelos homens”. E que o Pantanal tem um valor inestimável. Aprendi que a ciência não precisa ser dura, nem fixa, nem rígida. Que as metodologias podem dialogar com os fenômenos, mas que os sujeitos jamais devem ser relegados a segundo plano, assim como a natureza.

Aprendi com Mimi “que as águas têm mais qualidade para a paz do que os homens”. Que os espíritos das águas das culturas indígenas ou do folclore popular brasileiro não são meras lendas ou mentiras. Que os mitos representam essa imbricação total entre humanos e meio ambiente, cultura e natureza e que são uma forma muito rica de percepção dos povos tradicionais.

Mimi Sato me ensinou que o desenvolvimentismo, o progresso, a globalização e o capitalismo, são cegos não apenas para o bem estar, o bom viver, a inclusão social e educacional, como também é cego quanto às graças oferecidas pelo meio ambiente. Ainda com essa “Borboleta”, aprendi “que as andorinhas sabem mais das chuvas do que os cientistas”, que, por vezes, se assoberbam, ficam indolentes e giram apenas em torno de si mesmos e de um modelo hegemônico que apenas mantém opressões, colonialidades e exclusões do capitalismo, justificando-o.

Mas também foi com Mimi Sato que aprendi o verbo “esperançar”, que conjuga sempre acreditar e ter fé que é possível mudar o mundo para melhor, com mais justiça ambiental, justiça social e justiça epistemológica.

Que os povos tradicionais e os povos ciganos e todas as minorias oprimidas pelo capitalismo, colonialidade ou heteropatriarcalidade, como e mulheres e dissidentes de gênero e sexualidade, são também re-existentes e promovem sociedades sustentáveis, uma alternativa ao modelo de desenvolvimento sustentável, que não passa de um arremedo ao velho sistema.

Figura: Cara-col, autores: Aluízio de Azevedo e Cícero Garcia. Oferecida à Mimi Sato. Ano 2007.

Fundamentalmente, foi com Mimi, que aprendi e a ser pesquisador e me apaixonei pela ciência e aprendi a ser educador ambiental. A conheci em 2004, ano em que trabalhava na Assessoria de Comunicação da (Ascom) da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) e ela foi consultora do Projeto de Educação Ambiental (Preá), política na área da educação ambiental do órgão.

O Preá era vinculado ao setor de educação ambiental na Seduc, que tinha à frente como coordenadora a bióloga e doutora em Educação Ambiental, Débora Pedrotti, que tinha acabado de defender a tese com Mimi no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Mas a minha aproximação ocorreu apenas em agosto de 2007, após ingressar no Mestrado do PPGE em março daquele ano, com outro orientador, que assumiu outro compromisso fora da universidade e menos de seis meses de adentrar no curso me vi na situação obrigatória de ter que mudar de orientação.

De todos os professores do PPGE, Mimi era é que a mais me despertava emoção e brilho nos olhos. Seu jeito doce, mas também firme, crítico e com afeto, me cativou desde a primeira vez que a vi. Mas ali, no PPGE, pude ver de perto o tamanho do coração e o acolhimento que Mimi projetava no GPEA.

Nossa relação mais íntima começou também com uma poesia, que fiz, após procurar Débora e ser aconselhado por ela que Mimi Sato era a melhor orientadora possível para acolher os povos ciganos, convidando-a para me orientar neste processo. Quando conversei e li a poesia com o convite, os olhos dela brilharam e aceitou imediatamente.

Não poderia ter outra orientação melhor, pois além de uma orientadora de primeira qualidade em produção acadêmica, mantinha uma poderosa crítica no campo da educação ambiental brasileiro, revigorando-o a partir da periferia mato-grossense.

E, principalmente, além de uma orientadora atuante, pronta para atender e muito parceira e compreensiva, ganhei também uma amiga pessoal querida e mais do que isso uma forte aliada dos povos ciganos, que desde 2007 nunca deixou de estar em todos os seus diálogos com os povos tradicionais. Mimi você vive em nós e seu legado será honrado!

Disponível em: https://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=4546