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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Seminário apresenta resultado de pesquisa sobre famílias ciganas

Pesquisa representa um avanço na construção de políticas públicas para os povos ciganos brasileiros

Do MIR, Publicado em 29/05/2025 18h22

Ministério da Igualdade Racial (MIR) realizou, nessa quarta-feira (28), o Seminário Dados do Mapeamento Inicial de Famílias Ciganas, Rotas e Redes de Acesso a Políticas Públicas, na sede I do Banco do Brasil, em Brasília.

Realizada em parceria com universidades das cinco regiões brasileiras, a pesquisa que reúne o mapeamento representa um avanço significativo na obtenção de dados para a construção de políticas públicas de assistência aos povos ciganos brasileiros.

A coordenadora-geral de Políticas para Ciganos, Edilma Souza, afirma que o mapeamento foi idealizado pelo MIR em uma tentativa de cobrir uma lacuna histórica de informações. “O seminário com os dados preliminares foi um momento de confluência entre as regiões. Esse é um projeto inovador que traz a possibilidade de governo e sociedade conhecerem a realidade dos povos ciganos. A pesquisa visa excluir com esse apagão da referência da contribuição social dos povos ciganos brasileiros e contribuir para a construção de políticas públicas”, enfatiza.

O objetivo principal da pesquisa é produzir dados que orientem o Governo Federal a construir políticas públicas que possam atender os direitos da população cigana e orientar o de Políticas para Ciganos (IBGE) para o censo 2030.

A pesquisa compilou dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CADÚnico), das pesquisas municipais/estaduais do IBGE (Munic e Estadic), dados da Secretaria Especial de Cultura e Artes Integradas (SECAI) e do Sistema único de Saúde (SUS), além de coletas de dados feitas em visitas a ranchos e acampamentos ciganos.

O evento contou com a presença do secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos Ronaldo dos Santos; da diretora de Políticas para Quilombolas e Ciganos, Paula Balduíno; e de pesquisadores (ciganos e não-ciganos) responsáveis pelo mapeamento de cada uma das regiões.

Cada equipe apresentou os dados produzidos nessa ação sobre a presença cigana no território nacional. Os achados poderão servir de subsídio para a elaboração de políticas públicas adequadas às necessidades e especificidades dos modos de vida dos povos ciganos.

Dentre os temas pesquisados estão moradia; educação; saneamento básico, atenção a pessoa idosa; saúde; cultura e identidade; energia e internet; previdência social; trabalho e renda; e acesso a atendimento por órgãos de defesa dos direitos.

Disponível em: https://www.gov.br/igualdaderacial/pt-br/assuntos/copy2_of_noticias/seminario-apresenta-resultado-de-pesquisa-sobre-familias-ciganas

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Vice Presidente da AEEC participa de oficina preparatória para COP30

Jéssika durante oficina voltada para a relação entre os Povos Tradicionais e as questões climáticas 

A vice-presidente da AEEC-MT, Jéssika Lorraynbe Cabral Lima Leme, participou nos últimos dias 27 e 28 de maio, da II Oficina Sobre Povos Tradicionais de Mato Grosso e Clima.

O evento ocorreu no hotel fazenda Mato Grosso, reunindo povos ciganos, quilombolas, de matriz africana, pantaneiros, indígenas, pescadores, entre outros segmentos.

Organizada pelo @ICV, a oficina tem como objetivo preparar representantes dos povos e comunidades tradicionais (PCTs) de Mato Grosso para a COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém do Pará, no Brasil e é a maior conferência que debate as questões climáticas do mundo.

Jéssika é representante dos povos ciganos e da AEEC-MT no Conselho Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais de MT (CEPCT/MT).

Durante a reunião ficou acordado que os PCTs de MT trabalharão seis eixos principais na COP30.

São eles: 1) territórios vivos, soberania popular e alimentar; 2) Reparação histórica, combate ao racismo ambiental; 3) transição justa, popular e inclusiva; 4) contra as opressões, pela democracia e pelo internacionalismo dos povos; 5) cidades justas e periferias urbanas vivas; e 6) Feminismo popular e resistências das mulheres nos territórios.

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Comitê Gestor do Plano Nacional de Políticas para Povos Ciganos toma posse

 

Olhar dos representantes desses povos será o diferencial para a gestão da política pública. Mandato é para o biênio 2025-2027

Do MIR, Publicado em 27/05/2025 12h25 

O Comitê Gestor (CG) do Plano Nacional de Políticas para Povos Ciganos (PNPC), tomou posse, nessa terça-feira (27), no auditório do Edifício Parque da Cidade Corporate, onde fica a Coordenação-feral de Povos Ciganos do Ministério da Igualdade Racial (MIR), em Brasília. Eleitos para o biênio 2025-2027, os membros são representantes governamentais e dos povos ciganos que têm a missão de monitorar e avaliar a implementação do Plano Nacional de Políticas para Povos Ciganos, solidificando o CG como espaço de participação. 

"Quem sabe dos ciganos são os ciganos, assim como quem sabe de quilombola é quilombola e quem sabe de favelado é favelado. É inadmissível não termos a própria comunidade falando do que precisa, porque senão não faz sentido", colocou a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, sobre a importância de ouvir os ciganos e da posse do Comitê Gestor. 

Os participantes fizeram durante a cerimônia, uma lembrança póstuma para a liderança cigana Cláudio Iovanovitchi, falecido em 2025.  O secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos, Ronaldo dos Santos, fez uma homenagem à Iovanovitchi entregando um troféu de reconhecimento à filha e a neta da liderança, que estavam presentes na cerimônia. 

Além da homenagem, o secretário Ronaldo falou da importância de mais esse passo na implementação do PNCP. "É com a instalação desse Comitê Gestor que iremos garantir que a política tenha uma boa gestão, incluindo o olhar dos povos ciganos. Nos esforçamos para que nosso país seja novamente um exemplo para o mundo –  já fomos na implementação da política – e agora na condução dessa política para o povo", colocou o gestor. 

"Temos uma expectativa boa e acho que o governo deu um passo importante com a política. Quero ver esse discurso na prática", colocou Lourdes Corrêa, representante dos povos ciganos.  

A atuação do MIR foi reconhecida pelo representante cigano Francisco Figueiredo, na figura da ministra Anielle Franco. "A senhora foi a única ministra que esteve com o povo cigano, nos deu oportunidade de cobrar o que é direito nosso. Não queremos dinheiro, cobramos inclusão", colocou o representante conhecido como Bozano Cigano. Ele lembrou aos presentes, ainda, "que quando somos discriminados é como povos ciganos, não por nossas etnias e peço para que estejamos unidos como povo."  

Processo de seleção – Os integrantes ciganos do comitê foram escolhidos por meio de eleições. O edital que regeu o processo previu que as vagas seriam divididas buscando-se o critério paritário étnico, regional e de gênero, preferencialmente.  

Amplamente divulgado por canais oficiais do Ministério, o processo seletivo contou com etapas de recursos e para cada fase, tendo as orientações divulgadas em página própria. [LINK: https://www.gov.br/igualdaderacial/pt-br/assuntos/editais/processos-seletivos] 

"Esse processo de transparência é fundamental para que o comitê possa trabalhar bem ao longo do biênio", colocou Paula Balduino, diretora de Políticas para Quilombolas e Ciganos. Ela enfatiza que o plano "passa a ter implementação qualificada a partir da posse do CG."  

"O Comitê Gestor como instância de participação e controle social deixa a marca do Ministério da Igualdade Racial, bem como a do presidente Lula, da ministra Anielle, do secretário Ronaldo e de toda a equipe nessa iniciativa tão importante", acrescentou a coordenadora-geral de Povos Ciganos, Edilma Nascimento. 

O Plano – Com o objetivo de promover medidas intersetoriais para a garantia dos direitos dos povos ciganos, o Plano foi instituído por meio do Decreto no 12.128, em 1o de agosto de 2024. 

"Estamos lançando uma segunda política nacional que, em toda sua transversalidade, carrega o compromisso de promover a igualdade étnico-racial para este povo”, celebrou o secretário Ronaldo dos Santos, à época do lançamento. 

O PNPC está estruturado em dez objetivos, que envolvem o combate ao anticiganismo, o reconhecimento da territorialidade própria dos povos ciganos, o direito à cidade, à educação, saúde, documentação civil básica, segurança e soberania alimentar, trabalho, emprego e renda e valorização da cultura. 

Disponível em: https://www.gov.br/igualdaderacial/pt-br/assuntos/copy2_of_noticias/comite-gestor-do-plano-nacional-de-politicas-para-povos-ciganos-toma-posse

Nota de Pesar Zilma Rodrigues Cunha Gomes

Zilma durante gravação para a minissérie Luzia e As Calins do Cerrado

Com muita tristeza e consternação, a direção da AEEC-MT comunica o falecimento de uma de suas fundadoras, Zilma Rodrigues Cunha Gomes, na última terça-feira (27 de maio de 2025), em Rondonópolis, decorrente de problemas renais.

Nascida em Mineiros, Goiás, em 31 de julho de 1.958, é filha de Alda Alves Pereira Cunha e Ranulfo Rodrigues Cunha (ambos in memorian), foi casada durante quase 50 anos com Sebastião Rodrigues Gomes, com quem teve dois filhos: Uygues e Ronaldo. Era avó de: Lucas, Heitor, Eloah, Theo, Fernanda, Heloisa e Murilo.

Uma das fundadoras da Associação, Zilma, ou tia Note, como era carinhosamente conhecida na família pelos seus muitos sobrinhos, era uma mulher amorosa e cheia de vida, que sempre tinha um abraço e um conselho de sorriso aberto.

Cozinheira de mão cheia, era amada e respeitada em toda a comunidade cigana mato-grossense, se destacando por falar fluentemente a chibe e estar sempre de bom humor e alegria. 

Nas festas de casamento ou aniversário, sempre disposta a ajudar e a primeira a chamar para jogar bozó ou baralho.

Tia Zilma vai deixar muitas saudades e vai fazer muita falta para toda a comunidade cigana mato-grossense.

Os maiores sentimentos ao esposo, Sebastião, filhos Uygues e Ronaldo, noras Luciana e Elaine e netos: Fernanda, Heloisa, Murilo, Lucas, Heitor, Theo e Eloah.

Associação Estadual das Etnias Ciganas de MT

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Ativismo cigano desafia estigmas e busca visibilidade e políticas públicas

Por Escola de Ativismo

Ativistas ciganas Sara Macedo e Hayanne Iovanovitchi, do Coletivo Ciganagens, falam sobre o movimento de luta e dos desafios dessa população na busca por um mundo mais justo para suas comunidades

A arte e os povos ciganos estão totalmente imbricados”. É assim que Sara Macedo, cigana da etnia Calón e artivista, descreve a riqueza cigana que, mesmo diante de tantas injustiças e silenciamento, seguem mantendo suas culturas, modos de vida e oralidade forte e orgânica. Nos territórios cheios de afeto ou nas estradas, os povos ciganos lutam por políticas públicas enquanto reafirmam que existir e resistir são atos políticos de coragem e amor.

Mas você já ouviu falar sobre os povos ciganos? O que você sabe sobre essa população presente em tantas partes do Brasil e do mundo? Já parou para pensar que talvez o que você “conheça” seja  parte dos estereótipos criados e espalhados de forma preconceituosa? Ou já pensou no motivo de você ouvir falar tão pouco sobre essa população?  

Lideranças ciganas afirmam que o preconceito, a falta de informações e de ações das autoridades impedem o conhecimento pleno sobre esses povos e deixam essas comunidades sem acesso a serviços públicos de qualidade, que respeitem suas especificidades e modos de vida. Os impactos geram violações de direitos, violências e um movimento de apagamento dos povos que são fontes inesgotáveis de cultura e diversidade.

Quem são os povos ciganos?

Os povos ciganos fazem parte do grupo de Povos e Comunidades Tradicionais reconhecidos nacionalmente, assim como indígenas, quilombolas, ribeirinhos e tantos outros. Comunidades tradicionais são grupos que mantêm modos de vida próprios, conectados com seus territórios, saberes ancestrais e formas coletivas de organização. O Decreto  Nº 6.040, DE 7 DE FEVEREIRO DE 2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, define essas comunidades como “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”. 

Na teoria, os direitos das comunidades tradicionais são protegidos por uma série de normas, incluindo a Constituição Federal, Convenções Internacionais, leis e decretos. Estes direitos abrangem aspectos como igualdade, não discriminação, acesso à terra e território, educação intercultural, segurança alimentar e nutricional e participação nas decisões que afetam seus interesses. Mas na prática, essas comunidades enfrentam desafios históricos, como a negação de direitos, a violência territorial e a invisibilidade nas políticas públicas.

A cigana Sara Macedo, que também é assessora jurídica popular, bailarina e escritora, conta que “cigano é etnia”, mas também é, “pertencimento, reconhecimento mútuo e comunidade”. Essa relação se mantém firme mesmo diante de tantos estereótipos e discriminações. A jovem diz que um dos grandes desafios para os povos ciganos no Brasil é mostrar sua diversidade e romper com a falsa ideia de como os brasileiros pensam os povos ciganos de forma homogênea. 

“As comunidades ciganas representam um universo marcado pela simbiose ou oposição entre a identidade cultural supranacional e as identidades locais, regionais e de parentalidade em ambientes multiculturais, sejam itinerantes, ou sedentários, em territórios únicos, devido a nossa singularidade. Há tantas particularidades, que uma pessoa cigana de apenas uma etnia e de um território não poderia responder. Se formos pensar por meio da característica étnica supranacional, isso dá o indicativo do tom que devemos ser pensados. Línguas e sub línguas regionalizadas, a oralidade como um preceito muito forte do cigano brasileiro, proibindo a divulgação de nossas línguas como forma de proteção interna, é outro exemplo dessas particularidades”, afirma. Sara ao chamar atenção para a pluralidade dessas comunidades e etnias.

Mesmo diante das injustiças e quase total invisibilidade, os povos ciganos resistem.

Coletivo Ciganagens

E foi com o objetivo de formar uma rede de apoio mútuo que um grupo de ativistas ciganos criou o Coletivo Ciganagens. Além de fortalecer ações e narrativas ciganas, o grupo leva informação, arte, educação e atua em prol dos direitos dos Povos Ciganos no Brasil de forma sempre pautada pelo ativismo anticolonial, antirracista e antissexista, bem como pela via da integração LGBTQIAPN+.

Sara é uma das integrantes do Coletivo. Ela conta que o grupo surgiu em 2020, durante a pandemia do coronavírus, e segue produzindo e divulgando materiais educativos que somam na luta ativista cigana, como guias e cartilhas sobre diversidade, arte, juventude e mulheres.

A artivista explica que é importante poder contar as histórias sobre povos ciganos com pessoas ciganas sendo protagonistas. “Sempre tive vontade, desde criança, de mudar minha história familiar e comunitária, criar outra narrativa, não me transformar no que a sociedade não-cigana diz da gente. É muito perigoso entrar nessa estrada da assimilação e começar a repetir que as coisas são assim e que nada pode mudar… Ainda mais pra um povo tão associado à resiliência. O coletivo Ciganagens é essa vontade de não caminhar por essa estrada”.

Sara afirma que o Coletivo Ciganagens aborda vários temas. “Desde denúncias relacionadas a tragédias nas comunidades, memoriais de nossas datas, divulgação de vitórias ciganas, materiais educativos, construção de audiovisuais, dança, artes visuais… Enfim, de tudo um pouco, porque infelizmente é necessário, somos um povo altamente desconhecido no Brasil”. 

Invisibilidade cigana e negação de direitos

No Brasil, os povos ciganos enfrentam várias invisibilidades, incluindo a estatística. A falta de dados oficiais sobre a população cigana é uma das barreiras para o acesso a direitos. Por isso, uma das principais reivindicações desses povos é a inclusão no Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como grupo étnico específico e com a devida contabilização da sua população total.

Sara informa que essa reivindicação é feita desde o começo do século 21 e que o Ministério Público Federal já recomendou que essa contagem seja realizada. “As pesquisas servem para garantir o acesso desta população brasileira aos serviços públicos da área de saúde, educação, trabalho e segurança, bem como para o enfrentamento ao racismo institucional, ao preconceito e à discriminação”, destaca a recomendação.

“Um povo que sequer é contabilizado no território, não tem como ter verba destinada. Ser reconhecido no Estado tem muito haver com quem tem direito à cidadania, e quem não tem”, disse Sara. 

A ativista no movimento cigano Hayanne Iovanovitchi diz que as reivindicações dos povos ciganos perpassam todos os direitos fundamentais. “Ainda hoje o acesso é negado para muitos de nós. Queremos acessá-los como todos os cidadãos brasileiros, mas que nossas especificidades sejam consideradas. Nossas demandas envolvem educação, saúde, cultura, segurança pública, território, pois nossas tradições devem ser consideradas para que consigamos acessar esses direitos dentro da nossa realidade”, explicou. 

Para ela, é urgente dar visibilidade e soluções às lutas e reivindicações dessa população. “Houve uma evolução “pro form” – por formalidade – , os povos ciganos estão sendo colocados em projetos de governo e planos próprios, no entanto, nada muda nas dificuldades enfrentadas. Continuamos vivendo por nossa própria conta e risco.  Os povos ciganos precisam ser realmente enxergados por parte da estrutura para que sejam inclusos e suas especificidades sejam consideradas em cargos de tomada de decisão”, disse Hayanne. 

Desconstruindo estereótipos

Além da invisibilidade e negação de direitos, as comunidades ciganas no Brasil ainda enfrentam as barreiras dos rótulos, generalizações, invenções e estereótipos.  As imagens construídas para justificar exclusões e as narrativas distorcidas reforçam políticas de apagamento, dificultam a inclusão em políticas públicas e alimentam o preconceito cotidiano.

“Só existe, praticamente, o estereótipo cigano. O cigano que é conhecido por uma gigantesca parte das pessoas é o estereótipo e a fantasia, construído por pessoas não ciganas, que sobrevivem de práticas chamadas de “esotéricas” ou “exóticas”. Esse estereótipo gera muito dinheiro no Brasil, principalmente para pessoas que sequer conhecem ciganos de verdade, justificados num ‘misticismo recreativo’”, disse Sara Macedo. 

A situação faz com que o movimento cigano precise concentrar forças em mais um campo de enfrentamento. 

“Infelizmente grande parte de nosso ativismo que deveria estar concentrado em outras pautas, está em combater esse véu das mistificações, chegando ao ponto de perguntarem a pessoas da etnia, porque não nos vestimos igual ao ‘ciganos piratas’. É um trabalho cansativo e que não vemos fim. Cigano não é religião, nem um culto, e não há como ser batizado para se tornar um membro da comunidade. Cigano é etnia, pertencimento, reconhecimento mútuo e comunidade”, explicou. 

A ativista diz que um dos grandes estereótipos é de que os povos ciganos vivem de forma itinerante por critérios culturais e de escolha, uma realidade muito distante da materialidade atual do mundo e da vida dessa população. 

“Hoje no Brasil, praticamente somente a minha etnia, Calón, sobrevive de forma itinerante, ou semi itinerante. Estima-se que 20% dos Calón ainda estão na estrada. Categorizar todas as etnias ciganas como nômades é negar todas as complexidades do mundo que estamos inseridos. Um mundo que expulsa e desterritorializa pessoas por conta de sua racialidade e etnia, assim como da falta de condições materiais, naturais e climáticas para sobreviver como nossos antepassados”, disse Sara.

A ativista e bailarina explica que sedentarizar [fixar residência num determinado lugar] acaba sendo um destino da maioria dos ciganos porque não existem boas condições de estar no trecho, ainda que alguns ainda estejam. “É uma tradição que segundo os mais antigos, tem haver com o trânsito de estar com todos os primos, rotacionar a terra, acesso a novos alimentos, convivência com outras culturas e permanência onde somos bem vindos. Também tem haver com uma veia muito não proprietária, o que acaba gerando outros problemas no presente, como não ter onde sobreviver dignamente, para muitos ciganos que vivem em comunidade. Sei que os indígenas também já viveram assim, e o aldeamento que hoje é bastante defendido para manter as suas existências, também foi uma imposição institucional. Modos de vida diversos são sempre desrespeitados, e há que se lutar muito para não esquecer o que é nosso, e o que não é”. 

O movimento ativista cigano afirma que desconstruir os estereótipos é responsabilidade coletiva e que esse é um passo essencial para construir uma sociedade que respeite todas as formas de existir em diferentes territórios. Há muita luta pela frente. Esse enfrentamento pode gerar um mundo mais justo para as pessoas ciganas. 

“Precisamos de mais de nós dentro da universidade, dos espaços de tomada de decisão e dos espaços de pesquisa. Queremos falar de nós e para nós e queremos que entendam que somos capazes e não precisamos de tutela alguma, conseguimos caminhar com nossas próprias pernas. Precisamos de oportunidades, que nossa existência seja reconhecida e valorizada, pois a formação desse país tem muito de nosso sangue e suor”, finalizou a ativista Hayanne Iovanovitchi. 

Disponível em: https://escoladeativismo.org.br/ativismo-cigano-desafia-estigmas-e-busca-visibilidade-e-politicas-publicas/

Ciganos cobram inclusão no Censo e mais acesso a políticas públicas

Estimativa é que no Brasil haja de 800 mil a 1 milhão de ciganos

Letycia Bond - Repórter da Agência Brasil

Publicado em 24/05/2025 - 10:21 - São Paulo

Um povo que resiste, que carrega na memória séculos de diáspora e perseguição, mas também de cultura, tradição e luta pela autodeterminação. Assim é o povo romani — ou povos ciganos —, composto principalmente pelas etnias calon, rom e sinti, que integra a diversidade dos povos tradicionais do Brasil.

Mesmo com esse legado, o povo romani segue entre os grupos mais invisibilizados do país, apontando pouca presença no debate público e nas políticas públicas. Como outros povos tradicionais, reivindica direitos básicos, como moradia digna, acesso à educação e ao trabalho.

A série de reportagens Invisíveis do Brasil, da Agência Brasil, publicada por ocasião do Dia Nacional do Cigano (24 de maio), amplia a voz dessas lideranças e revela as principais demandas e desafios enfrentados pelo movimento romani no país. O dia foi instituído em 2006, por meio de decreto presidencial, em homenagem ao povo romani e à sua padroeira, Santa Sara Kali.

Estima-se que, no Brasil, a população cigana (também conhecida como romani) seja de 800 mil a 1 milhão de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O povo romani tem uma história de diáspora, higienização étnica, genocídio e perseguição, inclusive, pelos nazistas. Um dos 28 povos tradicionais relacionados no Decreto nº 8.750/2016, os ciganos habitam o Brasil pelo menos desde 1574, ano em que o primeiro calon, João Torres, chegou ao país com a esposa e os filhos, vindo de Portugal.

Em 1686, o país começou a deportar ciganos para o Brasil. Documentos portugueses datados daquele ano registram que eles deveriam ser degredados para o Maranhão. Antes, eram levados somente para as colônias africanas.

O multiartista, pesquisador, ativista, jornalista e produtor cultural Aluízio de Azevedo destaca que as pessoas de sua etnia, a calon, sempre tiveram uma ligação com a Península Ibérica, ainda que não fossem de lá. Ele tem a clareza de que as manifestações de repulsa que os colonizadores do Brasil direcionavam aos calon eram reproduzidas no trato com as outras etnias.

"Portugal e Espanha sempre rejeitaram muito os ciganos e os proibiam de falar a sua língua, de praticar ofícios tradicionais, como a leitura de mãos, de uma série de coisas. Por exemplo, de ficar mais de 48 horas em um mesmo lugar. Daí o nomadismo ser uma coisa um pouco forçada. E as penas eram degredo para seu país e suas colônias", explica.

Segundo Azevedo, por três séculos, Portugal conservou a postura de repelir esses povos. "Além dessas políticas persecutórias e colonialistas que Portugal fez, chegando ao Brasil, o Brasil seguia as mesmas regras, porque era uma colônia portuguesa. Era Portugal quem mandava. E, depois, isso permaneceu no Estado brasileiro, quando ele se liberta administrativa e politicamente de Portugal. Continua com o modus operandi", observa.

"Durante séculos, o Estado brasileiro foi muito mau com os ciganos, foi muito ruim. Inclusive, ocorreram episódios que ficaram conhecidos como as correrias ciganas, que era a polícia invadir acampamento, matar todo mundo e provocar a correria de todo mundo em fuga", emenda.

"Isso aconteceu até muito recentemente, com mais força até a década de 1970, mas ainda acontece", completa Aluízio de Azevedo.

No Brasil, entre os problemas ainda enfrentados por essa parcela da população estão o racismo, o preconceito e a falta de acesso a políticas públicas específicas, como apontam lideranças ciganas entrevistadas pela Agência Brasil.

"Sempre o racismo, o preconceito e a discriminação têm nos distanciado de acessarmos as oportunidades e feito uma diferença entre nós e a sociedade em geral. Nosso sangue é vermelho, igual ao dos outros, também sentimos fome, sede, dor, alegria, paixão. Somos seres humanos comuns, iguais a todos", diz o presidente administrativo da Associação Nacional das Etnias Ciganas (Anec), o calon Wanderley da Rocha.

O fundador da Associação de Preservação da Cultura Cigana (Apreci), Claudio Iovanovitchi, rom do Paraná, argumenta que o povo romani não está pedindo nada excepcional. "Não queremos inventar a roda, o fogo, novos caminhos para as Índias, coisas diferentes. Não é isso. Queremos o que já existe: o acesso à educação, à escola, à saúde, à habitação. Tudo que queremos já existe. Respeitando as especificidades dos ciganos", pontua.

"Eu não quero gueto. Não quero gueto na escola. Quero que meu ciganinho seja bem-vindo na escola, com professores preparados", declara.

Em um de seus artigos científicos, intitulado A incriminação pela Diferença, o pesquisador Felipe Berocan Veiga pontua que "os ciganos ora são vistos como uma sobrevivência ou um arcaísmo, ora como uma recorrente ameaça".

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), ele explica que a aversão ao povo romani tem "raízes profundas no imaginário, na iconografia, na literatura e nos contos populares", que acabam ativando "medos infantis e evitações inconscientes". E que estes, por sua vez, são capazes de aguçar os mais intolerantes a cometer atos de "violência mais explícita" contra membros de suas comunidades.

Desde o século 16, os povos ciganos ainda pleiteiam a contagem atualizada da população e a vigência do Estatuto dos Povos Ciganos, a ser criado por meio de projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional. Atualmente, a matéria (Projeto de Lei nº 1.387/22) está parada na Câmara dos Deputados.

Apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS), o projeto já foi aprovado na Casa e é considerado imprescindível pelas lideranças porque obrigaria o Estado a cumprir seus deveres para com os ciganos.

Plano Nacional

Em agosto de 2024, o governo federal instituiu o Plano Nacional de Políticas para Povos Ciganos, que engloba ações previstas para serem implementadas no período de 2024 a 2027 e oficializa a criação de seu comitê gestor. Com o Decreto 12.128/24, o Brasil se tornou o segundo país do mundo a lançar uma política nacional voltada estritamente para o povo romani.

Ao todo, o plano foi estruturado em dez objetivos, que envolvem combate ao anticiganismo, reconhecimento da territorialidade própria dos povos ciganos, direito à cidade, educação, saúde, documentação civil básica, segurança e soberania alimentar, trabalho, emprego e renda e valorização da cultura.

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2025-05/ciganos-cobram-inclusao-no-censo-e-acesso-politicas-publicas

domingo, 25 de maio de 2025

SES-MT apoia o V Encontro de Cultura Cigana de Mato Grosso

Secretaria viabilizou a vinda de duas convidadas ciganas nacionais para serem palestrantes durante o evento e vai participar com a presença de quatro técnicos

 Luiza Goulart | SES-MT,  22/05/2025

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), por meio do Grupo Técnico de Promoção da Equidade no Cuidado em Saúde e da Escola de Saúde Pública (ESP-MT), vai participar do V Encontro de Cultura Cigana de Mato Grosso e do III Encontro de Mulheres Ciganas de Mato Grosso nesta sexta-feira e sábado (23 e 24.5), na Chácara WR, em Tangará da Serra. Instituído via decreto presidencial em 2006, o dia 24 de maio é comemorado no Brasil como o Dia Nacional dos Povos Ciganos.

O evento, realizado pela Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), terá uma programação especial pelo reconhecimento da contribuição dos três troncos étnicos ciganos --os Calon, os Rom e os Sinti-- às culturas e às sociedades mato-grossense e brasileira.

Milton Gustavo Fleury, referência técnica estadual para a Saúde dos Povos Ciganos/Romani, Ademar Sales Macaúbas, representante da SES no Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Cepir-MT), Devanil Roza Fernandes, referência técnica estadual em fitoterapia, e Rita Meurer Victor, da ESP-MT, são os técnicos da SES que irão ao encontro para identificar necessidades específicas e estabelecer parcerias que melhorem o acesso equitativo aos serviços do SUS, além de receber contribuições para a elaboração do Plano Estadual de Promoção da Equidade no Cuidado em Saúde.

Segundo Milton Fleury, da Coordenadoria de Promoção e Humanização da Saúde, o grupo técnico foi criado em abril deste ano com a finalidade de coordenar as Políticas de Equidade no Cuidado em Saúde no Estado. “Por isso, o apoio da SES ao V Encontro de Cultura Cigana de Mato Grosso e ao III Encontro de Mulheres Ciganas de Mato Grosso é tão importante, porque precisamos desse contato mais próximo dos movimentos sociais para acolher necessidades e implementar políticas públicas voltadas ao acesso qualificado à saúde dessa população”, explicou.

Como apoiadora oficial do evento, a SES viabilizou ainda a presença de duas convidadas ciganas nacionais como palestrantes: a coordenadora do coletivo Roda Cigana – Rede Humanitária, Lourdes Corrêa (Luh Ynaiah), de São Paulo, e a advogada popular e integrante do coletivo Ciganagens Sara Macedo, de Goiás.

As palestrantes Lourdes Corrêa (Luh Ynaiah) e Sara Macedo - Crédito: Arquivo pessoal

De acordo com o assessor de comunicação da AEEC-MT, Aluízio de Azevedo, o apoio da SES proporciona que o evento tenha mais intercâmbio cultural. “Não se resuma apenas a mulheres ciganas de Mato Grosso ou comunidades ciganas de Mato Grosso, mas promovendo a participação de outras mulheres, de outros estados. Isso é muito interessante porque proporciona uma troca de experiências e elas são representantes nacionais também, então incentiva as nossas mulheres mato-grossenses”, destacou.

Azevedo elogiou a iniciativa da SES-MT de criar esse ponto focal para atuar com a saúde cigana. “Para a gente, trabalhar a saúde da comunidade cigana, estar mais próximo da Secretaria Estadual de Saúde é também a certeza de que nossas demandas serão ouvidas. Vai ter esse espaço para a SES.”

A associação está produzindo para as redes sociais uma campanha de valorização das culturas ciganas, de combate aos preconceitos, ao racismo e aos estereótipos. “Nesse ano o tema é ancestralidade viva. E a gente está homenageando 16 pessoas ciganas que contribuíram com o movimento cigano brasileiro, homens e mulheres pessoas ciganas respeitadas vivas. São 12 pessoas vivas que estão aí são pessoas mais velhas que são lideranças reconhecidas em suas comunidades ou pessoas que são reconhecidas nacionalmente”, informou.

O evento terá apresentações culturais com artistas ciganos, oficinas de medicina tradicional cigana, oficinas de danças ciganas, oficina de circo para crianças, além da exibição de produções audiovisuais que abordam a temática dos povos ciganos. Das programações, apenas as da Mostra Calon Lachon são abertas ao público. As demais são exclusivas para pessoas ciganas e convidados.

Disponível em: https://www.saude.mt.gov.br/noticia/1536/ses-mt-apoia-o-v-encontro-de-cultura-cigana-de-mato-grosso

sexta-feira, 23 de maio de 2025

V Encontro de Cultura Cigana de Mato Grosso começa nesta sexta

A iniciativa terá exibição de produções audiovisuais, oficinas de danças e apresentações culturais com a temática dos povos ciganos

Tuani Nunes | Secel, 22 de Maio de 2025 às 09:45

O 5º Encontro de Cultura Cigana de Mato Grosso, que terá exibição de produções audiovisuais, oficinas de danças e apresentações culturais com a temática dos povos ciganos, inicia nesta sexta-feira (23.5), a partir das 19h, em Tangará da Serra (243 km de Cuiabá). A ação, que é realizada pela Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), conta com apoio da Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT). 

Realizado no mês em que é comemorado o Dia Nacional dos Povos Ciganos, o encontro tem como objetivo valorizar a ancestralidade dos povos ciganos, especialmente, as mulheres e as lideranças mais antigas. 

“Nas filosofias de vida ciganas, as pessoas mais velhas são respeitadas e valorizadas, pois são os nossos mestres e mestras, que mantiveram tradições e o orgulho em sermos ciganos. Assim, escolhemos lideranças pioneiras, tanto nas comunidades mato-grossenses, quanto em nível nacional, para homenageá-las”, ressalta a presidente da AEEC-MT, Rosana Matos Cruz.

A programação inclui o 3ª Encontro de Mulheres Ciganas de MT, que deve reunir em torno de 80 a 100 pessoas em Tangará da Serra. Neste ano, virão ciganos de outros Estados, especialmente para participarem do evento. 

Entre elas, a Conselheira Nacional de Promoção de Igualdade Racial (CNPIR), Edvalda Bispo Santos da Bahia; a Coordenadora da Roda Cigana – Rede Humanitária e representante dos povos ciganos no Comitê que acompanha o Plano Nacional de Políticas Públicas para Povos Ciganos do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Lourdes Côrrea de São Paulo; e a advogada popular Sara Macedo, de Goiás. 

A programação do III Encontro de Mulheres Ciganas contará ainda com apresentações culturais com artistas ciganos, oficinas de medicina tradicional cigana, com a Mestra da Cultura Mato-grossense, Maria Divina Cabral, a Mestra Diva, oficinas de danças ciganas com Sara Macedo (Goiânia), e oficina de circo para crianças com Jaque Roque (Cuiabá).

Além destas, outra ação que ocorrerá é a Mostra Calon Lachon, com a exibição de várias produções audiovisuais que abordam a temática dos povos ciganos. A atividade ocorre na sexta-feira e sábado (23.5 e 24.5) na Chácara WR, em Tangará da Serra. 

Na programação da mostra está o lançamento de seis curtas metragens produzidos pela AEEC-MT nos últimos dois anos, dos quais cinco são episódios da minissérie “Luzia e As Calins do Cerrado” e sexto é o vídeo “Chibe”. O média-metragem convidado especial da mostra será “De Baixo Das Lonas, Tudo É Mais Bonito!”, dirigido pelo cineasta Calon circense, Roy Rógeres, mais conhecido como “Tati, a Cigana”. 

A minissérie “Luzia e As Calins do Cerrado” aborda em cinco episódios a relação das mulheres do tronco étnico Calon, as Calin, com a natureza e a cultura cigana, consideradas por elas como inseparáveis e únicas. Enquanto que o vídeo “Chibe” traz um registro da Oficina de Chibe: Reavivando A Língua Calon, realizada nas comemorações do maio Cigano em 2024, também no município de Tangará da Serra.

Das programações, apenas as da Mostra Calon Lachon são abertas ao público. As demais são exclusivas para pessoas ciganas e convidadas.

Para mais informações: @aeecmt

Disponível em: https://www.secel.mt.gov.br/w/5%C2%BA-encontro-de-cultura-cigana-de-mato-grosso-come%C3%A7a-nesta-sexta-feira-23-

Ancestralidade Viva: Wanderley da Rocha

 
Wanderley da Rocha é presidente da Associação Nacional das Etnias Ciganas (Anec-DF), proponente do projeto de lei que cria o Estatuto dos Povos Ciganos e atualmente tramita na câmara dos deputados

Wanderley da Rocha é cigano de etnia Calon, nascido em 22 de fevereiro de 1966, na cidade de Maceió, Alagoas.

Reconhecido por sua liderança e forte compromisso com os valores e tradições do seu povo, é uma figura respeitada dentro e fora da comunidade cigana.

Pai dedicado de Rosalina, Daiane, Tatiane, Tânia, Sara e Débora, tem uma família extensa e orgulhosa, com 17 netos e 5 bisnetos, sendo inspiração e referência para as novas gerações.

Líder do acampamento Nova Canaã, em Brasília, é um líder nato, desde os tempos em que ainda vivia itinerante, nos lombos dos cavalos, viajando entre vários Estados.

Seu exemplo de fé, sabedoria e resistência marca a trajetória de sua família e fortalece a identidade cultural do povo cigano Calon no Brasil.

Fundador e atual presidente da Associação Nacional das Etnias Ciganas (ANEC/DF), foi articulador e proponente do projeto de Lei que Cria o Estatuto dos Povos Ciganos no Senado Federal, de autoria do Senador Paulo Paim.

Wanderley é dono de uma oratória brilhante e apesar do pouco estudo formal, tem uma sabedoria inata do povo Calon e é mestre nas tradições ciganas, como a Chibe e o “Lage no Mui”.

Viva Wanderley! Viva a Ancestralidade Calon!

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quinta-feira, 22 de maio de 2025

Ancestralidade Viva: Nilva Rodrigues Cunha

Nilva estrela um dos cinco episódios da minissérie Diva e As Calins de MT

Filha de Alda Alves e Ranulfo Rodrigues Cunha, primos de etnia Calon, Nilva Rodrigues Cunha nasceu na barraca, em Mineiros, Goiás, em 20/12/1963.

Durante toda a infância viveu de forma itinerante e vida tradicional Calon, entre diversas cidades de Mato Grosso e Goiás.

Dona de uma beleza memorável, tem seis irmãos, três filhos, Anderson, Andressa e Alfredo e cinco netos. É viúva de Alfredo Macedo, com quem formava uma dupla sertaneja e tinham prazer de cantar.

Tia Nilva, como é mais conhecida pelos muitos sobrinhos, desde há uns 30 anos reside no município de Rondonópolis, onde é uma destacada ativista política, não apenas da comunidade cigana, como participa ativamente das eleições e partidos locais.

Já trabalhou em diversas profissões, como vendedora de enxovais, cozinheira, serviços gerais no Posto de Atendimento em Saúde e corretora.

Além de respeitada pela comunidade mato-grossense por guardar as tradições ciganas, como saber falar a Chibe, é querida por que se preocupa com todos, sempre auxiliando, especialmente em questões de saúde.

Desde a fundação da AEEC-MT é sua diretora de mulheres, participou de eventos do CECT-MT, estrelou um episódio da Minissérie em cinco episódios Diva e As Calins de MT (2022), que pode ser acessado no seguinte link:

https://www.youtube.com/watch?v=aVsRzV9uUYM&t=31s

Viva Nilva! Viva a Ancestralidade Calon!

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quarta-feira, 21 de maio de 2025

Ancestralidade Viva: Francisco Lacerda

 

Atual representante dos povos ciganos no Comitê criado pelo MIR para acompanhar o Plano Nacional de Políticas Públicas para Povos Ciganos

De etnia Calon e líder máximo da maior comunidade cigana fixa da América Latina, na cidade de Sousa (que reúne em torno de 3 mil pessoas), Francisco Lacerda, mais conhecido como Bozzano, é um dos maiores ativistas ciganos hoje do país.

Nasceu na barraca e conhece a vida cigana itinerante nos lombos dos burros e dos cavalos. Despertou o interesse político desde menino, curioso que era, de ver primeiro o avô e depois o pai, seu Coronel, liderarem suas comunidades e famílias.

Passou muitas dificuldades, exclusão e preconceito na infância, mas superou todos os obstáculos, com a força e a resistência da cultura e da identidade Calon.

Sempre admirou os mais velhos e gostava de ouvir as histórias dos comandantes seus ancestrais. O pai tocava violão, era negociante de equinos e fazia artesanato de couro como arreio, chinelo de couro, etc, de quem também herdou esses dons.

Casou-se cedo e formou família. Não frequentou a escola e trabalhou desde cedo. Hoje orgulha-se de ter alguns dos mais de 10 irmãos, terem concluído ensino superior.

Passou a ser o chefe geral das quatro comunidades ciganas locais no período do início da pandemia, em 2021. 

Tem um ótimo trânsito junto ao movimento cigano nacional, e órgãos governamentais como o Ministério da Igualdade Racial (MIR) e o Ministério Público Federal (MPF).

Acabou de ser eleito como membro do Comitê que o Ministério da Igualdade Racial (MIR) criou para acompanhar o Plano Nacional de Políticas Públicas para Povos Ciganos, com 32 votos, sendo o mais votado.

A sabedoria a gente aprende com o sofrimento, com as batalhas e no dia a dia. Nós sabemos conversar e conquistar as pessoas.

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segunda-feira, 19 de maio de 2025

Ancestralidade Viva: Mio Vacite

 

Fundador da primeira associação cigana na década de 1990, Mio Vacite foi embaixador da cultura cigana no Brasil e músico consagrado

Violinista e ativista de etnia Rom, Mio Vacite (in memorian) foi um dos pioneiros no movimento cigano brasileiro.

Tendo nascido e vivido no Rio de Janeiro (RJ), foi fundador do grupo Mio Vacite e o Encanto Cigano (1990), que incluía dois de seus filhos, Marcelo e Ricardo Vacite.

Como ativista participou de inúmeros eventos, incluindo o Brasil Cigano (2012/2013), de conferências de igualdade racial e direitos humanos e foi indicado pela International Federation Roma Inc, que tem estatuto consultivo na ONU, como representante da cultura cigana do Brasil.

Também no início da década de 1990 foi o primeiro cigano brasileiro a fundar uma associação, a União Cigana do Brasil (UCB), que hoje está ativa e em continuidade com a articulação de Marcelo e Ricardo.

Recebeu vários títulos e homenagens: Título de cidadão benemérito de Niterói, Moção de Aplausos, além de carta do Ex – ministro da justiça Dr. Nelson Jobim, por ocasião do I Prêmio de Direitos Humanos.

Pertenceu a Sinfônica Nacional e foi Titular do grupo Violinos do Rio, tocou em Brasília para os Presidentes Sarney e Geisel. Foi membro consultivo da Ordem dos Músicos do Brasil, e conselheiros do Clube do Museu dos Poetas e Compositores do Brasil.

Com o grupo Encanto Cigano, conquistou o Brasil e também fez participações em diversas novelas e programas televisivos, incluindo na rede Globo, tendo sido consultor  músico da novela Explode Coração, de Glória Perez.

Viva Mio Vacite! Viva a Ancestralidade Rom!

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domingo, 18 de maio de 2025

Ancestralidade Viva: Mirian Stanescon Batuli

Mirian foi uma das primeiras ciganas a cursar nivel superio no Brasil, formando-se em direito nos anos de 1970 e foi quem indicou  24 de maio como dia nacional dos ciganos

De etnia Rom Kalderash, brasileira, viúva, mãe de cinco filhos, neta de Nicolas Michael Stanescon e Iordana Stanescon, filha de Lhuba Stanescon - conhecida como BIBI LHUBA.

Técnica em contabilidade, formada pelo Instituto Filgueiras, Rio de Janeiro, e Advogada formada pela Universidade Gama Filho (UGF), uma das primeiras mulheres ciganas a cursar nível superior no Brasil.

Autora do livro “Lilá Romaí – Cartas Ciganas. Delegada Nacional dos Direitos Humanos representando o Povo Cigano e Delegada Nacional da 1ª Conferência de Discriminação e Promoção de Igualdade Racial.

Foi Indicada pela Coordenação Geral da UNESCO, no Rio de Janeiro, como Embaixatriz da Paz. Fundadora da Fundação Santa Sara Kalí, criou 1º templo de Sara Kali na América Latina.

No dia 25 de maio de 2006, em audiência com o Presidente LULA, conseguiu a aprovação do dia Nacional dos Povos Cignaos (24 de maio - Dia de Santa Sara Kalí).

De 2008 à 2012 representou os povos ciganos como Conselheira da CNPIR – Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

Escritora da CARTILHA CIGANA: “POVO CIGANO – O DIREITO EM SUAS MÃOS”, a convite da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal.

Recebeu várias premiações como: medalha de Ordem ao Mérito Cultural 2014, pela Presidente Dilma Rouseff; e Moção e troféu DESTAQUE da Câmara Municipal do Rio de Janeiro..

No mesmo ano, aceitou o convite para integrar a Comissão do Conselho e cadeira de Delegada da OAB/RJ.

Em 2013, teve seu livro “Lila Romaí” como fonte de pesquisa para o Enredo “Cavalo Fiela” da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.

Em 2019, instituiu no Rio de Janeiro, o Dia Estadual do Cigano e conseguiu o Tombamento da Gruta de Santa Sara Kali, em Patrimônio Histórico-Cultural.

Foi Consultora da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil e da Subcomissão de Povos e Comunidades Tradicionais da OAB Nacional.

Em 06 de setembro de 2022, Mirian fez sua passagem deixando na Terra o legado de seu árduo e importante trabalho.

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