quinta-feira, 20 de abril de 2017

Jornalista de MT usa raízes ciganas como inspiração para obras de arte

Da Redação do Olhar Direto - Laura Petraglia (texto e fotos)


Tão forte quanto as suas raízes ciganas é a arte do Jornalista, mestre em Educação e mitologia Cigana e especialista em cinema, Aluízio de Azevedo Júnior. Há cinco anos ele começou a materializar no papel em forma de gravuras, a sua visão de mundo através das cores, traços, sentimentos e símbolos.

O resultado deste ‘desabafo artístico’ se traduz em imagens surreais que prendem a atenção pelas cores e infinidades de interpretações que um mesmo desenho pode proporcionar ao espectador. A máxima do artista que emprega o desenho do ‘olho’ em quase todos os seus trabalhos é de tudo poder mais do que se vê.

A inspiração, Aluízio tira da natureza, de sua religião, da vida e da máxima de que todos os seres vivos interagem entre si e estão diretamente interligados, e que os seres humanos são resultado das sinergias que se estabelecem entre os vários subsistemas.

Toda essa inspiração aliada à admiração por artistas locais como João Sebastião, Irigaray, fazem o diferencial do seu trabalho feito apenas com canetinhas, giz de cera, aquarela e carvão sob papel.

Parte dos trabalhos de Aluízio podem ser conferidas por meio do blog alimentado por elewww.fragmentosfractais.blogspot.com





segunda-feira, 10 de abril de 2017

CRÔNICA: Do limbo ao paraíso: entre ser cigano e pesquisar a saúde do meu povo


CRÔNICA

eu não sou eu, é engano / o meu eu já se extinguio
 hoje o eu que represento / é sombra do que fugio

O dia em que não sofro / eu penso que não sou eu
Que o meu eu se transformou / Num outro que não é meu

De ninguém ter compaixão, / de me ver no mal tão só,
 fiz-me segunda pessoa,  de mim mesmo tenho dó

Uma meta de vida era chegar ao doutorado antes dos 35 anos. Mas foi necessário sorte para alcançá-la. Havia sido aprovado, mas ficado na sétima colocação. Restou esperar até que uma pessoa desistisse. Foram dois meses aguardando sem saber qual rumo tomar.

Passado o limbo, cheguei ao paraíso e zaz: se passou um semestre! Muitas novidades. Nova cidade e trabalho. Novas amizades e colegas. Novos professores... A redescoberta do ser aluno, após cinco anos afastado da academia e o choque de ver como a ciência avançou nesse período assusta.

No horizonte uma ebulição de teorias, autores, linhas, correntes e conceitos foram povoando pensamentos e imaginário (sonhos):

Saúde. Comunicação. Informação. SUS. Tecnologia. Ciência. Pesquisa. Campo. Teoria. Metodologia. Métodos. Interdisciplinaridade. Política Pública. Paradigma. Modelo-Matriz. Mercado Simbólico. Poder. Negociação. Luta. Ator Social. Circulação. Apropriação. Discurso. Instituições. Organizações. Polifonia. Contextos. Emissor. Receptor. Mediador. Outro. Mensagem. Canal. Código. Movimentos Sociais. Texto. Forças Centrífugas. Forças centrípetas. Intertextual. Visibilidade. Realidade. Midia. Democratização. Internet. Marketing Social. Desenvolvimentismo. Redes. Produção de Sentidos. Propaganda. Movimento Campanhista. Reforma sanitária. Direitos. Transparência. Controle Social. Participação. Universalidade. Equidade. Integralidade. Dados. Estatísticas. Gestão. Planejamento. Teoria Matemática. Cultura....  

A lista parece infinita... Não está sendo fácil assimilar. Neste ponto, é que a disciplina de portfólio tem sido importante, ao proporcionar atividades que exigem um fio de organização, em meio ao caos da vida como um todo e o mundo acadêmico.

Trabalho nevrálgico este de me rasgar e remendar enquanto cigano e jornalista, para emergir o pesquisador. Trajetórias dos mestres e orientações disciplinares ajudam a reordenar fragmentos na reconstrução deste novo eu doutorando.

Impossível não mencionar alguns aspectos, como as quatro horas que passo num ônibus entre o ir e vir até a Fiocruz. Momentos em que descubro novos rostos e uma intimidade invasiva. Apinhado e agarrado em corrimões e bancos, nos solavancos e sovacos, aliviados pela beleza do litoral carioca, tento fazer conexões entre textos e pesquisa. Elocubrando ganchos.

Entre as questões marcantes ficou a reflexão sobre o Sistema Único de Saúde no Brasil, tema que ainda não tinha me aprofundado. Pensar a saúde pública nas perspectivas da comunicação e da informação (que ora convergem, ora se distanciam; por vezes conflituosas, na disputa do poder simbólico no campo acadêmico) também foi um fato marcante.

Outra importante descoberta foi o modelo do mercado simbólico, uma matriz conceitual do campo da Comunicação & Saúde, que proporcionou novos modos de ver as dimensões práticas, teóricas e ideológicas da comunicação. Essa abordagem privilegia a polifonia social e traz a comunicação atrelada aos princípios do SUS, o que casou com a postura teórica metodológica a qual comungo enquanto e pesquisador cigano.

A sorte secou-me o pranto / os meus ais não tem sahida
minha dor não tem pharol / para se tornar conhecida

o meu coração é mudo / não falla, não apparece
se o meu coração falasse / diria o quanto padece

Tantos ais, tantos suspiros / que se dão pela calada...
meu coração sabe tudo / minha boca não diz nada

Quanto mais calado estou / Mais a minha pena eu digo
Porque meu silêncio expressa / A dor que trago comigo

O querer dissimular / é do triste a maior dor
pois sem gostar do amargo / bebe o veneno traidor

Os malles communicados / são sentidos por metade

mas aqueles reprimidos / Estragam sem piedade

Aluízio de Azevedo
Assessoria de Comunicação AEEC-MT

terça-feira, 4 de abril de 2017

Uma familia Cigana

Vídeo que relata um pouco mais sobre a vida cigana a partir do olhar de algumas pessoas do grupo Kalon que moram na cidade de Rondonópolis (Mato Grosso), que fica a 220 km de Cuiabá.



Edição, montagem, Roteiro e Entrevista: Aluízio de Azevedo
Imagens: Duflair Barradas