segunda-feira, 11 de agosto de 2025

MEC abre vagas em especialização com cotas para ciganos e outras minorias

Com 360 horas de carga horária, o curso será realizado no período noturno, no campus Derby da Fundaj

Profissionais da educação que desejam se especializar na área da infância têm uma nova oportunidade gratuita em Pernambuco. A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), anunciou a abertura de inscrições para a Especialização em Infância e Educação Infantil. O curso será oferecido de forma presencial, em Recife, com início previsto ainda em 2025.

A formação é promovida pela Diretoria de Formação Profissional e Inovação (Difor) da Fundaj e tem como foco principal a atualização teórica e prática de professores, gestores escolares e demais profissionais da área. Com 360 horas de carga horária, o curso será realizado no período noturno, no campus Derby da Fundaj, e terá duração total de 18 meses.

O objetivo da especialização é fortalecer a atuação de quem trabalha com crianças pequenas, abordando debates contemporâneos sobre educação infantil. A proposta inclui dois módulos principais: o primeiro, com 12 meses de aulas presenciais; o segundo, com 6 meses voltados à elaboração e defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

As aulas serão realizadas em horário noturno, para facilitar a participação de quem já atua na rede pública ou privada de ensino. O curso tem como diferencial a ênfase em práticas pedagógicas inovadoras e na troca de experiências entre os participantes.

Vagas e critérios de seleção

Estão disponíveis 50 vagas para a Especialização em Infância e Educação Infantil. A distribuição segue diretrizes de inclusão e diversidade estabelecidas pela Fundaj:

  • 50% das vagas para residentes do estado de Pernambuco;
  • 25% para candidatos autodeclarados negros, quilombolas, ciganos, indígenas, pessoas com deficiência ou da população trans;
  • 20% para inscritos no CadÚnico, pertencentes a famílias de baixa renda;
  • 5% para ampla concorrência.

A seleção dos candidatos será feita em etapa única, com base na análise curricular e de um memorial descritivo. O modelo do memorial está disponível no edital oficial. A avaliação considerará a experiência do candidato na área da educação infantil, a formação acadêmica e eventual produção intelectual.

Como se inscrever

O curso é voltado a profissionais com diploma de nível superior reconhecido pelo MEC, atuantes ou com interesse em atuar na educação infantil. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas exclusivamente pela internet, até o dia 14 de agosto.

Para efetivar a candidatura, é necessário preencher o formulário eletrônico disponível no site da Fundaj, clicando aqui, e anexar toda a documentação exigida. A classificação final será publicada com base na pontuação obtida pelos candidatos.

Disponível em: https://www.horabrasil.com.br/2025/08/09/especializacao-gratuita-educacao-infantil-fundaj-mec/

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Filme Caminhos Ciganos é selecionado para X Mostra Cine Caos

Evento ocorre de forma presencial em Cuiabá no dia 10 de Agosto com a temática socioambiental. Obras também poderão ser acessadas no site da Mostra.

O filme Caminhos Ciganos (2023/2024) foi selecionado para a 10ª Mostra Cine Caos Socioambiental 2025.

A Mostra ocorre no dia 10 de agosto, a partir de 15h, na Casa Borges, localizada no Jardim Imperial, em Cuiabá.

Além de Caminhos Ciganos, o evento traz outras 14 obras de curtas metragens brasileiros que propõe um mergulho nas complexas relações entre a sociedade e o ambiente.

A mostra também pode ser acessada de forma online, no site da Mostra Cine Caos: https://cinecaos.com.br/ 

O objetivo de provocar reflexões urgentes sobre as crises ecológicas que afetam nosso planeta, a curadoria irá selecionar curtas-metragens nacionais com até 30'.

Será uma programação gratuita, com sessões destinadas ao público em geral. Classificação livre.

A mostra busca fomentar o pensamento crítico e inspirar ações coletivas em defesa do ambiente, destacando temas como desmatamento, mudanças climáticas, povos tradicionais e justiça climática dentre outros temas relevantes da área, além dos temas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O Cine Caos Ambiental convida a pensar o cinema como ferramenta de transformação e resistência.

Será uma programação gratuita, com sessões destinadas ao público em geral e a escolas da capital mato-grossense.

A mostra busca fomentar o pensamento crítico e inspirar ações coletivas em defesa do ambiente, destacando temas como desmatamento, mudanças climáticas, povos tradicionais e justiça climática dentre outros temas relevantes da área, além dos temas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

#povosciganos #ciganos #cinecaos #socioambiental #meioambiente #natureza #cultura #povostradicionais #cinema #Cuiabá #MT #casaborges #Calon #Rom #Sinti #Romah #gitanos #audiovisual #filme #artes

 

Livro O Cristo Cigano narra o sacrifício em nome da arte

 

Poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen apresentam a busca de um escultor pela expressão da dor humana

Cristina Horta de AlmeidaBelo Horizonte

Livro que integra a lista da Fuvest 2026, "O Cristo Cigano" aborda a solidão do homem, implicando uma preocupação social ao problematizar a figura de Jesus Cristo a partir da beleza do oprimido. Aliando lenda a um apelo cristão, a história escrita por Sophia de Mello Breyner Andresen destaca o sacrifício do amor em nome da arte.

"O destino eram

Os homens escuros

Que assim lhe disseram:

– Tu esculpirás Seu rosto

de morte e de agonia."

(trecho do livro 'O Cristo Cigano')

A seguir, saiba mais sobre a obra.

QUEM É A AUTORA

Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu em 1919, na cidade do Porto (Portugal), e morreu antes de completar 85 anos, em Lisboa. De família aristocrata, foi criada em uma casa integrada à natureza, passando suas férias de verão em Vila Nova de Gaia. O contato com casas, jardins e o mar contribuíram para uma compreensão da espacialidade, que viria a aparecer recorrentemente em suas obras.

Com uma educação cristã, Sophia não se limitou às regras religiosas. "Ela recusava fórmulas no cotidiano, na religião, na expressão artística. Valorizava a independência, a lucidez e a expressão", afirma Fabiana Miraz, doutora em Literaturas de Língua Portuguesa pela Unesp (Universidade Estadual Paulista). Em 1936, cursou a disciplina de filologia clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde estudou línguas clássicas, entre elas o grego, marcante em sua produção.

Sua projeção veio com a obra poética. Sophia estreou aos 14 anos nos "Cadernos de Poesia", revista que reuniu autores heterogêneos, como Jorge de Sena e Ruy Cinatti. Também escreveu ensaios e contos, passando pelas narrativas infantis após se casar e ter filhos. Tornou-se crítica do regime ditatorial salazarista estabelecido em 1933 e foi eleita deputada à Assembleia Constituinte em 1975, após a Revolução dos Cravos. "Ela aderiu ao processo de construção da democracia portuguesa, mas se desiludiu ao ver que a pós-revolução não concretizou a mudança que ela empregava em suas falas", relata Miraz.

Entre as premiações que obteve estão o Camões, em 1999, e o Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, em 2003.

A influência

Quando Sophia conheceu o poeta João Cabral de Melo Neto na Espanha, em 1958, logo surgiu uma grande afinidade. Tanto que, para a pesquisadora Clara Rocha, em publicação da Fundação Calouste Gulbenkian, de 1994, Sophia compôs um pastiche sobre o estilo de Melo Neto em "O Cristo Cigano", em 1961. Inspirado em uma lenda contada pelo amigo, o texto apresenta a sua forma precisa. "Por isso os versos mais curtos, o ritmo, as rimas marcadas. Mas é importante ressaltar que ela adequou a sua linguagem à do poeta", observa Miraz.

A lenda

Em Sevilha, ao buscar inspiração para talhar um Cristo crucificado, um escultor viu um belo cigano, conhecido como Cachorro, ser esfaqueado por um homem ciumento da esposa. A cena permitiu ao artista vislumbrar um rosto marcante em agonia. Como é comum na tradição oral, a lenda apresenta outra versão: obcecado pela imagem, o próprio artista resolveu assassinar o cigano para conhecer a face da dor. Sophia opta pela segunda narrativa para, então, contar poeticamente o mito por trás da escultura "Cristo de la Expiración", de 1682, produzida por Francisco Ruiz Gijón.

A narrativa

O escultor e o cigano são os personagens centrais, em uma narrativa dividida em 12 poemas que mostram o percurso de criação de uma obra de arte. O mote evidencia a homenagem feita a João Cabral de Melo Neto, apresentando uma faca como metáfora da linguagem: ela é instrumento que corta, mata e esculpe. Depois, 11 poemas numerados retratam a relação do escultor com o tempo e a arte, e o jogo entre claro e escuro. O escultor, então, é a claridade que, encantado pelo cigano, conhece as sombras ao matá-lo. "Sophia fala daquele que morre injustamente. É o cristianismo movido pelo amor ao desvalido", explica Flávio de Castro, professor de literatura do Colégio Determinante.

Dimensões reflexivas da dor

Para Rita Oliveira, professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), o diálogo entre a lenda e a poesia é ampliado para o sofrimento humano coletivo da época, retratado na figura do cigano. Afinal, o mundo ainda lidava com as consequências de duas guerras, seguidas pela consolidação de ditaduras. Houve um investimento nos conflitos em detrimento aos direitos sociais fundamentais, resultando em desemprego, fome, doenças e cerceamento das liberdades civis. Nesse sentido, a obra de Sophia é atravessada por uma crítica social, usando a poesia como meio de friccionar o real.


SÉRIE ABORDA OS LIVROS DO VESTIBULAR 2026 DA FUVEST

Este é o quinto de uma série de textos que abordam a lista de livros do vestibular da USP deste ano. Pela primeira vez, a Fuvest selecionou obras só de escritoras mulheres. A cada semana, uma obra é tema de reportagem que explica a trajetória da autora e os principais pontos que podem ser cobrados na prova.

Os textos fazem parte do projeto Folha Estudantes, criado para ajudar jovens na preparação para o Enem e outros vestibulares. 

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2025/08/livros-da-fuvest-o-cristo-cigano-narra-o-sacrificio-em-nome-da-arte-conheca.shtml

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Ciganos apresentam propostas para políticas públicas em plenária temática da V Conapir

Reconhecimento e valorização de sua cultura e identidade, acesso a serviços públicos de educação, saúde e trabalho são as principais reivindicações

Publicado em 22/07/2025 15h58

Ciganos representantes das comunidades Calon, Rom e Sinti se reuniram nessa terça-feira (22) para participar da Plenária temática para Povos Ciganos, que aconteceu no Gran Mercure Hotel, em Brasília. 

O evento é uma construção do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) - órgão colegiado consultivo que faz parte da estrutura do Ministério da Igualdade Racial tem como função principal a construção coletiva na execução das políticas de igualdade racial. 

Estiveram presentes, a ministra da igualdade racial, Anielle Franco; da deputada federal Érika Kokay; do secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos, Ronaldo dos Santos, do secretário de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Clédisson Júnior e de outros representantes do Ministério da Igualdade Racial.  

Em sua fala, a ministra Anielle Franco agradeceu a construção coletiva da plenária e destacou a importância da cultura cigana como patrimônio de pertencimento, representatividade e resistência. “O meu desejo hoje para essa plenária é que a gente escute mais uns aos outros, e avance em encaminhamentos concretos, respeitando as diferenças e aceitando aquilo que nos une”, comentou. 

A ministra ressaltou, também, a importância do papel do Ministério da Igualdade Racial como órgão do governo federal responsável pela gestão das políticas para a garantia de direitos dos povos ciganos, bem como da assinatura do Plano Nacional de Políticas para Povos Ciganos que visa promover medidas intersetoriais para garantir o reconhecimento da territorialidade cigana, acesso à educação, saúde, documentação, segurança alimentar, trabalho e valorização da cultura.     

“Este ministério está aqui para caminhar ao lado de vocês, acolhendo coletivamente as reivindicações. Hoje nós temos uma gestão de governo democrática, que está do lado dos povos ciganos, para que isso fique de legado para as próximas gerações e de patrimônio”, enfatizou. 

A diretora de Políticas para Quilombolas e Ciganos do MIR, Paula Balduíno, afirmou que só é possível fazer políticas públicas com participação social. “Eu entendo que essa uma das plenárias mais importantes, porque é o espaço prioritário que vai garantir que a voz dos ciganos estejam presentes na V Conapir”, finaliza.  

30 delegados e delegadas ciganas foram eleitos e participarão da V Conapir em Brasília no período de 15 a 19 de setembro

Voz cigana no centro do poder – Hayanne Iovanovitchi, cigana da etnia Rom e fundadora do Coletivo de Mulheres Ciganas no Brasil destacou a necessidade de pensar em propostas que contemplem as reivindicações históricas do movimento de ciganos no Brasil. “Só existe democracia, justiça e reparação, se a gente pensar em políticas públicas com os povos ciganos, esse é o momento que podemos construir com uma plenária temática específica para discutir as especificidades da nossa realidade”, destaca.  

Destacou ainda a necessidade de garantir que pessoas ciganas estejam como atores dentro de seus estados, atuantes nas secretarias e nos órgãos de promoção da igualdade racial, políticas para mulheres e pessoas com deficiência. “Esse é o nosso momento para construir coletivamente para conseguir que as nossas políticas sejam implementadas”, finaliza. 

Francisco Figueiredo, conhecido como Bozano Cigano, da etnia Calon, trouxe em sua fala que democracia é justiça e fez ainda uma contextualização da trajetória dos percalços enfrentados pelos povos ciganos no Brasil. “Nós contamos com o Ministério da Igualdade Racial para acreditar no Brasil como um país de transformação’, finaliza.  

Atuação do CNPIR – A vice presidenta do CNPIR, Marina Duarte, ressaltou a importância dessa plenária temática como instrumento de direcionamento das políticas públicas para os povos ciganos e da eleição de pessoas delegadas para a etapa nacional da conferência nacional.

“Daqui vão sair propostas que vão compor o caderno final da V Conapir. Precisamos focar no que é garantia de direitos para as políticas públicas de um povo, a gente sabe que as adversidades existem, mas vocês têm que centrar na luta pela vida e pelo reconhecimento de dados e estatísticas de educação, saúde, moradia para todos. Viva a luta dos povos e comunidades ciganas”, finaliza.  

Disponível em: https://www.gov.br/igualdaderacial/pt-br/assuntos/copy2_of_noticias/ciganos-apresentam-propostas-de-construcao-para-politicas-publicas-em-plenaria-tematica-em-brasilia

 

 

Curso de Antropologia da UFRN oferta vagas para ciganos, indígenas, quilombolas e pessoas trans

 

Por CCHLA/UFRN

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), vinculado ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da UFRN, divulgou edital de inscrições para o Doutorado em Antropologia Social.

São ofertadas três vagas para candidatos indígenas, quilombolas, ciganos, transexuais e travestis, para ingresso na turma de 2026.

Estão aptos a solicitar inscrição os candidatos que se autoidentificarem como indígenas, quilombolas, ciganos(as) e/ou pessoas transexuais e travestis.

Não havendo candidatos(as) indígenas, quilombolas, ciganos(as) ou pessoas transexuais e travestis aprovados(as), as vagas não serão preenchidas.

O candidato deverá acessar o Sigaa por meio do sistema federal Gov.br. No momento da solicitação de inscrição, o interessado deverá anexar os documentos comprobatórios digitalizados, salvos no formato PDF, e enviá-los por meio de questionário específico no Sigaa.

A inscrição só será validada após a confirmação da inserção de todos os documentos exigidos.

Fonte: CCHLA/UFRN. Edição: Hellen Almeida; Revisão: Beatriz de Azevedo.

Disponível em: https://ufrn.br/imprensa/noticias/92731/antropologia-oferta-vagas-para-indigenas-quilombolas-e-pessoas-trans

 

terça-feira, 22 de julho de 2025

MT enviará cinco delegados ciganos para a V Conapir

Em um fato inédito, MT enviará cinco pessoas ciganas como delegadas para participarem da V Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (V Conapir). O evento ocorrerá entre 15 a 19 de setembro, em Brasília.

Simone Carla Rodrigues de Oliveira, de Tangará da Serra e Nilva Rodrigues Cunha, de Rondonópolis, foram eleitas durante realização da Conferência Temática Povos Ciganos da V Conapir, que ocorreu nesta terça (18/07), em Brasília, reunindo 48 pessoas ciganas de todo o país.

Também foram eleitos como delegados da V Conapir, na etapa estadual de MT da conferência, a presidente da AEEC-MT, Rosana Cristina Alves de Matos Cruz e o Assessor para Ciência e Comunicação, Aluízio de Azevedo, ambos de Cuiabá.

Além disso, a representante da AEEC-MT no Conselho Estadual de Juventude de Mato Grosso (Conjuv/MT), Maria Clara Aquino, de Tangará da Serra, também irá à V Conapir como delegada.

O quinto delegado de MT representando os povos ciganos na V Conapir será o Conselheiro Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Marcos Gattas, de Cuiabá.

Tanto a plenária e a V Conapir são realizadas pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR) e o Conselho Nacional de Promoção de Igualdade Racial (CNPIR).

Todos os delegados e delegadas eleitas participaram da plenária temática nesta terça em Brasília.

A comitiva de Mato Grosso na plenária temática também contou com a presença da vice-presidente da AEEC-MT, Jéssika Lorrayne Cabral Lima Leme, de Rondonópolis e Rafaela Sacramento, de Cuiabá.

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segunda-feira, 21 de julho de 2025

Documentário mostra repressão secular aos ciganos em Portugal


Um documentário feito em Elvas por 20 atores, dos quais 17 ciganos, mostra como um conjunto de leis repressivas ao longo dos séculos reprimiu a cultura e a língua ciganas, que praticamente não é falada em Portugal.

"É um documentário para não ciganos, para que fiquem a saber o que a comunidade sofreu e não para ciganos, porque iria gerar revolta", começou por dizer com alguma ironia Luís Romão, presidente da Associação Sílaba Dinâmica perante a plateia que hoje visionou o filme em Torres Vedras.

O documentário feito pela associação de Elvas, intitulado "500 anos de leis repressivas", tem a duração de 20 minutos e conta a história de uma família cigana que se pretende instalar em Portugal na esperança de encontrar um lugar seguro.

Neste percurso, encontra a hostilidade das ordens de expulsão, as dificuldades de comunicação entre o português e o romani ou a proibição de utilizar os seus trajes.

O objetivo era "anular a identidade cultural cigana visando a assimilação", conclui o narrador no filme, acrescentando que "falar romani era um ato perigoso que resultou em punições" como açoitamentos severos em público e "até a língua podia ser cortada" no que era um aviso aos que pretendessem manter as tradições.

Para contornarem a lei falavam em grupo, o que reforçava os seus laços e assumia uma forma de resistência.

O documentário mostra ainda como estas comunidades foram empurradas para "as margens das cidades" onde, apesar disso, puderam sobreviver e preservar algumas tradições como a música.

"O que pretendemos é fazer uma recriação das leis repressivas com algum realismo para ajudar a perceber, sobretudo decisores políticos, técnicos e professores o que aconteceu nos últimos 500 anos e de que forma poderíamos criar reflexões sobre medidas reparatórias para essas leis repressivas", explicou à Lusa Rui Salabanda Garrido, responsável da associação e ator no filme.

Uma das medidas reparatórias que "nós consideramos muito importante era o ensino do romani, como forma de reparação dessa proibição que fez com que as pessoas praticamente não falem o romani, lançamos esse repto", desafiou Rui Salabanda Garrido, o único não cigano da associação.

O presidente Luís Romão destacou que o objetivo da associação é mostrar "de formas diferentes" a história e cultura ciganas.

"Trabalhamos com a Aima [Agência para a Integração Migrações e Asilo], concorremos a fundos que nos permitem andar a nível nacional a apresentar este documentário sobre leis repressivas, mas já tivemos uma peça de teatro", exemplificou.

Nesse caso, a "História do ciganinho Chico" levou, num conto, a história e a cultura cigana a crianças de todo o país através de uma peça de teatro animada. Nessa peça mostrámos a nossa história e tradições, esse é o nosso objetivo, de formas diferentes, através do teatro e neste caso do documentário, mostrar a realidade das comunidades ciganas", adiantou.

O documentário já foi apresentado no Porto, Figueira da Foz, Portalegre, Borba, Elvas e Torres Vedras

Texto disponível em: https://www.rtp.pt/noticias/cultura/documentario-mostra-repressao-sobre-ciganos-ao-longo-dos-seculos_n1670183

Foto Disponível em: https://www.cm-tvedras.pt/artigos/detalhes/atividade-em-torres-vedras-abordou-a-historia-da-repressao-do-povo-cigano-em-portugal

 

sexta-feira, 18 de julho de 2025

AEEC-MT participará da V Conapir

 
Dois delegados da instituição foram eleitos para representar os povos ciganos mato-grossenses no evento, que ocorrerá entre 15 a 19 de setembro, em Brasília

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) garantiu, nesta sexta-feira (18.07), participação na V Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir).

A presidente da AEEC-MT, Rosana Cristina Alves de Matos Cruz e o assessor para ciência e comunicação da organização, Aluízio de Azevedo, foram eleitos como delegados de Mato Grosso representando os povos ciganos no evento.

Além dos dois, também de MT, o Calon Marcos Gattas, participará da V Conapir, como delegado nato como Conselheiro Nacional de Promoção de Igualdade Racial.

A eleição ocorreu no Hotel Veneza em Cuiabá, durante hoje, durante a Plenária Estadual de Atualização da etapa Mato Grosso da V Conapir.

A plenária foi organizada pelo Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Mato Grosso (CEPIR/MT), responsável pelas políticas de igualdade racial no Estado.

Realizada pelo Conselho Nacional de Promoção das Políticas de Igualdade Racial (CNPIR) e Ministério da Igualdade Racial (MIR), a V Conapir ocorrerá entre os dias 15 e 17 de setembro, em Brasília.

No total, MT contará com uma delegação composta por 34 delegados que irão à V Conapir, representando diversos segmentos, como mulheres negras, quilombolas, povos indígenas, povos tradicionais de matriz africana, juventude negra, além de representações do poder público estadual.

Entre os delegados, estão Antonieta Costa da Casa das Pretas e representando Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT) foi eleito como delegado Kamaira'i Sanderson Tapirapé. Também representando os povos indígenas chiquitanos, Vanda Vilas Boas, foi eleita delegada. Pelos povos tradicionais de terreiro e matriz africana, Mãe Joyce foi uma das eleitas.

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quarta-feira, 16 de julho de 2025

MIR destina R$1,5 milhão para projetos junto a Povos Ciganos

Edital, parceria com o PNUD, irá selecionar iniciativas destinadas a ampliar o acesso ao trabalho, ao emprego e à renda para pessoas ciganas

DO MIR, Publicado em 15/07/2025

Ministério da Igualdade Racial (MIR), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), lança nesta terça-feira (15), um edital de seleção de pequenos projetos que visa ampliar o acesso de pessoas ciganas a trabalho, emprego e renda. Cada uma das dez propostas escolhidas receberá R$150 mil para serem implementados em até 18 meses, totalizando um investimento de R$1,5 milhão. 

A oportunidade é mais um passo para a implementação do Plano Nacional de Políticas para Povos Ciganos (PNPC) e as ações devem ser implementadas por Organizações da Sociedade Civil. 

Serão aceitas propostas em dois eixos temáticos. O primeiro deles, trata do fomento à produção familiar e à economia criativa, tais como artesanato (da fabricação até a comercialização de itens, incluindo a melhoria da gestão de pequenos negócios); sistemas agroecológicos; criação de animais de pequeno porte; e apoio à formação de cooperativas e redes de economia solidária. 

Já o segundo eixo diz respeito à produção artística/cultural e apoiará ações de fomento à capacitação e produção da cultura cigana; promoção de festivais e mostras culturais; iniciativas de documentação e difusão da história, cultura, tradição, conhecimento e saberes ciganos; e promoção de intercâmbio entre comunidades para fortalecimento de redes. 

O edital é uma das atividades previstas no projeto "Apoio à implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola, e fortalecimento de povos ciganos, de matriz africana e de Terreiros”, parceria assinada entre o PNUD e o MIR, por meio da Secretaria de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos (SQPT) no fim de 2024.  

Seleção – As propostas devem seguir o modelo definido no edital e precisam ser submetidas por organizações da sociedade civil que tenham pelo menos três anos de funcionamento. Elas devem ser encaminhadas para o endereço eletrônico cgpc@igualdaderacial.gov.br até o dia 15 de agosto. Organizações lideradas por pessoas ciganas terão acréscimo de dez pontos.

>>Confira o edital

Uma comissão de seleção composta por equipes do MIR e do PNUD irá escolher as dez as dez propostas mais bem pontuadas nos critérios de relevância social do projeto e estratégia de atuação, considerando-se os critérios do edital.  Ao longo do projeto, as organizações contarão com assistência técnica para gestão e monitoramento da iniciativa. 

Disponível em: https://www.gov.br/igualdaderacial/pt-br/assuntos/copy2_of_noticias/mir-destina-r-1-5-milhao-para-projetos-junto-a-povos-ciganos

  

Danillo Kalón integra exposição do SESC RJ

“Plantas dos pés, linhas das mãos: terra e território” ocorre em Nova Friburgo, Teresópolis e Três Rios com 10 obras do artista visual de etnia Calon

O artista visual Danillo Kalón, do Coletivo Ciganagens, é um dos artistas convidados que integram a Exposição “Plantas dos pés, linhas das mãos: terra e território”. A abertura da exposição, que faz parte da programação da 23ª edição do Festival Sesc de Inverno, ocorreu no último dia 11 de julho, no Sesc Nova Friburgo, onde ficará por cerca de 30 dias. A curadoria da exposição foi realizada pela mato-grossense Naine Terena.

Danillo, que participou da abertura da exposição em Nova Friburgo, conta com várias peças expostas. O artista visual de etnia Calon apresentou a série Mestpen, composta por seis desenhos/artes impressas em backlights: 01 - Povos Ciganos Existem; 02 - O tronco étnico no Brasil; 03 -  Etnia Cigana; 04 - Povos Ciganos Na luta 01; 05 - Povos Ciganos Na luta 02; e 06 - Brasil Cigano.

Também estão na exposição quatro modelos diferentes de ecobags em serigrafia e algodão cru: 01 – MESTPEN; 02 - Povos Ciganos Existem; 03 - O tronco étnico no Brasil; e 04 -  Etnia Cigana. Além do Sesc Friburgo, a exposição percorre também Teresópolis e Três Rios, até o dia 26/10. Cada unidade exibe um recorte diferente, com narrativas sobre territórios, identidades e subjetividades.

De acordo com Danillo Kallon, as obras reafirmam as identidades e culturas ciganas. “Apesar de mais de 400 anos de diásporas da população cigana ao território brasileiro e de sua contribuição na formação da diversidade étnica e cultural do país, a comunidade segue ainda invisível e a margem, inexistentes para alguns e para outros uma representação errônea, pois nem sempre o que dizem vir dos povos ciganos, de fato vem”, explica.

Assim, segundo Danillo, “As peças seguem um conjunto que afirmam a existência e etnicidade dos ciganos, os três principais grupos étnicos no território brasileiro e a palavra MESTPEN, que significa LIBERDADE, porta esse anseio,  da liberdade a partir da dignidade, do acesso, da oportunidade.

Festival SESC de Inverno - a 23ª edição do Festival Sesc de Inverno, um dos mais importantes eventos multilinguagem do país. Serão mais de 700 horas de programação artística em 25 localidades do estado, com mais de 200 atividades em diversas linguagens e mais de mil artistas envolvidos. A maior parte da programação é gratuita – mais de 95% –, e as atrações pagas terão preços populares.

A 23ª edição do festival propõe uma reflexão a partir do tema “Nosso Lugar”, que parte da ideia de que a terra não é algo a ser possuído, mas sim um lugar ao qual se pertence. Dentro deste conceito, o território é um espaço onde a relação com a terra vai além da posse, tornando-se uma conexão profunda, simbólica, acolhedora e, sobretudo, afetiva.

Por meio das mais de setecentas horas de programação cultural, essa abordagem amplia o debate para além da ecologia dos territórios, no sentido geográfico, explorando a ecologia que permeia o fazer artístico, os territórios afetivos e artístico-culturais.

Programação completa do festival e informações sobre visitações à exposição no site: festivalsescdeinverno.com.br

 

terça-feira, 15 de julho de 2025

Forjaram um folclore tão forte de Nós, que perdemos o direito a ter nossas próprias individualidades

Arte: Danillo Kalón

Por Sara Macedo, Coletivo Ciganagens

É categórico, nós povos ciganos somente somos mencionados na escola formal, no dia 22 de agosto (são raras as exceções). A mentira se tornou verdade, e até no ensino escolar nossa história não é outra. Somos mula sem cabeça e saci-pererê, apenas conto e mística, nem parece que estamos vivos.  

Cigano virou adjetivo relacionado a religião, misticismo recreativo, liberdade pra inglês ver, exotismo predatório, sedução que nos objetifica e desonestidade sem um pingo de crédito. Recurso esotérico de uma população que tem grande fetiche em povos que consideram estar distantes o suficiente da sua própria realidade individual, para não se incomodar em serem transformados em brincadeira mística. 

Nessa estrada folclórica de nós mesmos, em que não conhecem nossas verdadeiras tradições, nossa identidade se transformou num boneco sem vida. Sem direito à discussão de sexualidade, gênero e racialidade própria. O folclore não deixa espaço para isso, pois estamos sempre sendo convocados a responder demandas que nos atacam, carregadas de estereótipos e fantasiação. 

Entendemos a vontade de pessoas ditas “progressistas” em não mais se associar a rituais religiosos cristãos, por todo o saldo de devastação que esses dogmas trouxeram ao mundo. Mas, se apropriar e passar por cima da tradição de diversos povos (que sequer conhecem pessoalmente), revela a face de outra cartilha colonial. Aquela que não pede licença, não dá nenhum retorno às comunidades, e que fala em nosso lugar, se autodeclarando cigano. 

Nesse contexto, não temos temporalidade para debater nossas dissidências sexuais e de gênero dentro de nossas comunidades, fortalecer um orgulho epistêmico, encorajar os nossos primos a adentrar a educação formal, discutir se um feminismo cigano vale a pena, falar sobre demarcação de território cigano, entre tantas outras demandas urgentes. 

Na terra do cigano “pirata” vestido de cetim sem nexo, temos buscado energia e saúde mental para colocar em pauta o que verdadeiramente importa. Que somos diversos, que podemos fazer tudo, que somos também humanos. 

  

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Comissão da Câmara dos Deputados aprova Dia Nacional da Mulher Cigana

Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais aprova Dia Nacional da Mulher Cigana: Proposta ainda será analisada por outras duas comissões da Câmara dos Deputados. Foto: Karen Ferreira

Publicado em 08/07/2025 21h03 Atualizado em 08/07/2025 21h07

A Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais (CPOVOS) da Câmara dos Deputados, se manifestou favoravelmente à criação do Dia Nacional da Mulher Cigana, nesta terça-feira (8). De Autoria da deputada Luizianne Lins (PT-CE), o Projeto de Lei (PL) nº 2639/2024 ainda será apreciado no âmbito das Comissões de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial e de Constituição, Justiça e Cidadania. O parecer aprovado é de relatoria da deputada Juliana Cardoso (PT-SP) 

Chefe da Assessoria Especial de Assuntos Parlamentares, Nailah Veleci conta que o Ministério da Igualdade Racial (MIR) está empenhado em articular uma agenda legislativa robusta, que defenda os direitos dos povos ciganos. “Temos adotado a estratégia de fortalecer o debate por meio da tramitação de proposições como o PL das Mulheres Ciganas, que ajudam a sensibilizar o Parlamento”, colocou.  

Ela explica que essa estratégia foi adotada para que futuramente seja possível aprovar projetos maiores, como o Estatuto dos Povos Ciganos. “Esse projeto depende, no entanto, da criação de uma comissão especial e seguiremos atuando com firmeza para garantir que essas pautas avancem no Congresso Nacional”, completou.  

“A criação do Dia Nacional da Mulher Cigana é uma conquista simbólica e política importante, que reconhece a luta e a resistência das mulheres ciganas frente ao racismo, ao preconceito e à invisibilidade histórica”, acrescentou a coordenadora de Políticas para Povos Ciganos, Edilma Nascimento.  

Foto: Aspar/MIR

Proposta – O projeto de lei determina que, na data, os poderes públicos realizem campanhas educativas para promover a cultura cigana e combater estereótipos, além de promover ações de formação e sensibilização de agentes públicos de diversas áreas quanto às especificidades das mulheres ciganas de todas as etnias. Além disso, o texto prevê a veiculação de mensagens institucionais com participação direta dessas mulheres.   

Articulação permanente – Outra conquista da articulação do Ministério foi a instituição, em 2024, do Plano Nacional de Políticas para Povos Ciganos (PNPC), por meio do Decreto Presidencial nº 12.128 de 2024.   

O plano visa combater o preconceito e a discriminação étnico-racial contra os povos ciganos, bem como ampliar seu acesso a serviços públicos e direitos sociais.  Construído com a participação de dez ministérios, o PNPC está estruturado em dois eixos: Direitos sociais e cidadania e Inclusão produtiva, econômica e cultural. O plano está sendo implementado até 2027 e conta com investimentos para uma campanha nacional de valorização da história e cultura ciganas, assim como prêmios literários e a formação gestores e servidores públicos sobre os direitos desses povos. 

Disponível em: https://www.gov.br/igualdaderacial/pt-br/assuntos/copy2_of_noticias/comissao-da-amazonia-e-dos-povos-originarios-e-tradicionais-aprova-dia-nacional-da-mulher-cigana

segunda-feira, 7 de julho de 2025

13 Festival de Cinema Periferias em Portugal homenageia povos ciganos

Documentário com Charles Chaplin é um dos mais esperados desta edição

A 13.ª edição do Periferias – Festival Internacional de Cine (ma) de Marvão e/y Valencia de Alcantara terá lugar de 8 e 16 de agosto

13.ª edição do Periferias – Festival Internacional de Cine (ma) de Marvão e/y Valencia de Alcantara terá lugar de 8 e 16 de agosto. Cinema, arte e música vão encher as localidades fronteiriças situadas no meio rural da Reserva da Biosfera Tejo Internacional e do Parque Natural de Alqueva, que não possuem salas de cinema.

programação desta nova edição, anunciada a 3 de julho na Casa do Comum em Lisboa, é dedicada à riqueza cultural do povo cigano, inclui a exibição de 26 longas-metragens e documentários reconhecidos internacionalmente, além de concertos, passeios noturnos, visitas guiadas, encontros e diversas atividades educativas e de lazer, dirigidas a todos os públicos.

Antes da 13.ª edição do Festival, são realizadas uma série de extensões nas localidades de Arronches, 4 e 5 de julho, Portalegre, 11 e 12 de julho, Cáceres, 17 de julho, Piedras Albas, 25 e 26 de julho, e Alconchel, 1 e 2 de agosto, com uma ampla programação que inclui cinema, música, arte e lazer.

Nesta nova edição, o Periferias consolida-se como evento cultural transfronteiriço de referência na produção de filmes de autor focados na defesa e promoção dos Direitos Humanos, na preservação do meio ambiente e no impulso da arte cultural, com o objetivo de contribuir para uma efetiva descentralização da cultura no meio rural.

A diretora do Festival Internacional de Cinema Periferias, Paula Duque, destacou que este festival, criado em 2013, tem como objetivo promover a cultura cinematográfica e impulsionar a indústria audiovisual, dando a conhecer o valioso património histórico-cultural das aldeias e locais mais emblemáticos da fronteira entre o Alentejo e a Extremadura, transformando-os em verdadeiras salas de cinema ao ar livre.

Neste sentido, Duque sublinhou que o Periferias se define pelo seu compromisso com o território e por aproximar o cinema a zonas que tradicionalmente têm estado à margem dos grandes circuitos de exibição, concebendo arte cinematográfica como instrumento que convida à reflexão, ao pensamento e ao conhecimento.

Esta 13.ª edição de Periferias acolhe grandes títulos cinematográficos de géneros como a ficção, o documentário e a animação, provenientes de diferentes países, promovendo o diálogo e o fortalecimento dos laços entre povos vizinhos, assim como diversas ações dirigidas ao público infantil. Tudo isto, sob o signo da busca de novas oportunidades através do cinema para alcançar a justiça, a integridade e a ética social.

Este ano, o tema central gira em torno da riqueza cultural do povo cigano, com a exibição de longas-metragens, documentários e concertos musicais que têm como objetivo aproximar a história e a cultura cigana, além de reconhecer as contribuições do povo cigano à sociedade, através das artes cénicas e audiovisuais.

Merece atenção especial o documentário “Chaplin, espírito cigano”, realizado pela neta do reconhecido ator inglês, Carmen Chaplin, que é exibido na extensão de Cáceres, no âmbito  desta décima terceira edição, em colaboração com a Filmoteca de Extremadura.

Também se destacam outros títulos como a longa-metragem “A menina da cabra”, de Ana Asensio, o filme documentário “A guitarra flamenca de Yeray Cortés”, dirigido pelo artista madrileno Antón Álvarez (C. Tangana), ou a curta- metragem documental “Entrelaçadas pela interseccionalidade”, do Coletivo Cala, que recolhe os relatos, reflexões e afetos da Associação de Mulheres Ciganas de Plasencia, o Movimento de Mulheres Migrantes da Extremadura e a AMPA de Membrío.

A programação inclui ainda diferentes títulos com importantes reconhecimentos nos melhores festivais de cinema internacionais, provenientes de diferentes países como Espanha, Peru, Portugal, Brasil, México, Chile, Países Baixos, França, Roménia, Argentina, Uruguai, Cabo Verde e Suíça.

Esta 13.ª edição regressa a cenários emblemáticos das localidades fronteiriças de Marvão, Beirã, Valencia de Alcántara, Salorino, La Fontañera, Castelo de Vide, Galegos ou Portalegre, e, pela primeira vez, chegará a Alconchel e a Cáceres.

Tudo isto, com o objetivo de contribuir para uma descentralização cultural impulsionando o desenvolvimento das comunidades com as quais trabalha, assim como fomentar o acesso a uma oferta cultural relevante, priorizando a criação de novos públicos.

A 13.ª edição do Festival de Cinema Periferias arrancará em Marvão com a exibição do filme “O Último Azul“, de Gabriel Mascaro, e encerrará com uma grande gala de encerramento no Centro Cultural de Salorino onde será entregue o Prémio Tejo/Tajo ao melhor filme, após o qual será exibida a longa- metragem “Sorda”, realizada por Eva Libertad.

O festival Periferias conta com os apoios institucionais da Junta de Extremadura, das diputaciones de Badajoz e Cáceres, além da Câmara Municipal de Marvão, entre outras instituições, assim como o patrocínio de Azeites Castelo de Marvão do Lagar Museu António Picado Nunes.

Disponível em: https://www.cinema7arte.com/13-a-edicao-do-festival-periferias-com-programacao-completa-dedicada-a-riqueza-cultural-do-povo-cigano/

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Inscrições para cursos EAD da UNEB com cotas para ciganos encerra hoje

Inscrições estão abertas até esta quinta-feira (3 de julho) em 12 cursos

Rodolpho Bohrer·2 de julho de 2025

A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), por meio da Unidade Acadêmica de Educação a Distância (Unead), está com inscrições abertas até esta quinta-feira (3 de julho) para 2.296 vagas distribuídas em 12 cursos de graduação na modalidade a distância, com ingresso no segundo semestre deste ano.

De acordo com o edital, os cursos estão organizados em duas categorias: três tecnológicos e nove licenciaturas. Entre os cursos tecnológicos, estão disponíveis as graduações em Gestão Ambiental, Gestão Comercial com Ênfase em Afroempreendedorismo e Gestão de Turismo. Já no campo das licenciaturas, os interessados podem optar por Ciências da Computação, Educação Física, Educação Inclusiva, Geografia, História, Letras – Português, Letras – Inglês, Matemática e Pedagogia.

As inscrições devem ser feitas exclusivamente pelo site inscricao.uneb.br/pseunead2025, onde também está disponível o edital completo. Toda a documentação exigida precisa ser anexada eletronicamente no momento da inscrição. A seleção ocorrerá por meio da análise do desempenho do candidato no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou, em alternativa, por meio da média geral do histórico escolar do ensino médio.

Política afirmativa

Das vagas disponíveis, 40% são reservadas para candidatos autodeclarados pretos ou pardos. Há ainda a previsão de vagas para diversos grupos sociais: 5% para indígenas, 5% para quilombolas, 5% para ciganos, 5% para pessoas com deficiência, transtorno do espectro autista ou altas habilidades/superdotação, e 5% para pessoas trans, travestis e não binárias.

Para concorrer às vagas reservadas, os candidatos devem atender a uma série de critérios cumulativos, como ter cursado integralmente o 2º ciclo do Ensino Fundamental e o Ensino Médio em escola pública, possuir renda familiar bruta mensal de até quatro salários mínimos, não possuir diploma de curso superior e se autodeclarar conforme o pertencimento étnico-racial ou identidade de gênero conforme descrito no edital.

Disponível em: https://maisminas.org/universidade-publica-oferece-mais-de-duas-mil-vagas/