sábado, 29 de junho de 2024

Nossos saberes não estão à venda!

Arte: Danillo Kalón.

Por Sara MacedoColetivo Ciganagens

É preciso estar atento para que o nosso pensamento não contribua para o projeto colonial de objetificar e romantizar qualquer povo de etnia.

O ativismo que fazemos aqui é caminhado para fazer o que se pode, com as armas que fabricamos – senão a gente fica muito refém frente ao tamanho dos desafios e não há nada pior para um cigano/a/e, do que se sentir preso.

A estrada de vida ativista e articuladora de outros mundos, sempre tendo em mente o que dá para fazer agora e onde possivelmente vamos chegar, para adiante, realizar coisas maiores.

Há muita gente que se torna ativista pela força da realidade, e esse contexto não nos escapa. É a partir dos sofrimentos que temos vivenciado em nossa vida, que nos coloca aqui, reunidos para falar e reescrever.

A maioria de nós no coletivo tem qualificação formal em Ensino Superior e se esforçou bastante para ocupar tais espaços rígidos, mas nenhum de nós se formou para gritar por si mesmo e seu povo. A força da realidade nos fez estar aqui por estratégia e sobrevivência.

Acabamos virando ativistas de uma comunicação “free style”, como bem cita nosso primo Aluízio de Azevedo, para nos expressar como verdadeiramente queremos ser retratados, para construir segurança e persistir em criar prosperidade.

Uma prosperidade que não pode ser construída mantendo nós mesmos na posição de recurso, objeto e personagem de pesquisas e trabalhos diversos de pessoas não-ciganas.

Que condição é esta em que a utilização espontânea ou o trabalho não remunerado podem ser convertidos em indicadores passíveis de exploração?

Condição sempre destinada a povos racializados, essa a de ser um compartilhador de seus conhecimentos em posição gratuita, pois supostamente, nossos saberes não têm prestígio para remuneração.

Há que se refletir sobre a prática de ouvir e pegar o que se houve em comunidades e da boca de povos tradicionais, e se coloca em trabalhos, sem referência, autoria, troca, retorno, conectividade.

A luta por uma vida melhor é a luta de todos os dias, mas algumas práticas que foram naturalizadas precisam ser sempre revistas.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

AEEC MT participa dos seminários e oficinas para eleições do CEPCT MT

Eventos também tiveram como objetivo consulta preparatória para a segunda fase do programa REM no Estado

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) participou nos últimos três meses do processo de consulta que o governo do estado realizou para as eleições do Conselho Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT).

Na segunda e terça (respectivamente 24 e 25 de junho), por exemplo, cinco representantes dos povos ciganos mato-grossenses participaram do Seminário Final, que ocorreu em Cuiabá, no Hotel Fazenda Mato Grosso.

Entre eles: a presidente e vice-presidente da AEEC-MT, Rosana Matos Cruz e Jéssika Lima Leme, a coordenadora de mulheres da instituição, Nilva Rodrigues Cunha e o Assessor para Ciência e Comunicação, Aluízio de Azevedo. O representante da Associação Nacional de Mulheres Ciganas em Mato Grosso, Marcos Gattas, também participou do seminário representando os povos ciganos.

Além do seminário final em Cuiabá, a AEEC-MT e os povos ciganos participaram do seminário preparatório na Capital mato-grossense, ocorrido em 13 a 15 de março; e das oficinas regionais em Cuiabá (01 a 03 de abril), Cáceres (08 a 10 de abril), Rondonópolis (17 a 19 de abril) e Juína (08 a 10 de maio).

Em paralelo as discussões para eleições do CEPCT-MT, durante todos esses eventos, houve ainda consulta preparatória para a segunda fase do Programa REM-MT, que contará com uma linha específica de financiamento e de chamadas de projetos para PCTs.

No dia 25 de junho, o episódio 2 da minissérie Luzia e As Calins do Cerrado integrou a programação cultural do Seminário final realizado em Cuiabá. Já a oficina regional de Rondonópolis contou com a participação especial do grupo de danças Tradição Cigana (Foto).

CEPCT-MT

Instância consultiva e deliberativa criada com a finalidade de coordenar a elaboração da Política e do Plano Estadual dos Povos e comunidades Tradicionais em Mato Grosso, bem como monitorar e avaliar sua implementação. O CEPCT é formado por 12 representantes de instituições de governo, indicados pelos titulares das secretarias estaduais que compõem o conselho e 12 representantes dos segmentos de PCTs.

Programa REM MT

É um programa financiado pelos governos da Alemanha e Reino Unido que remunera os estados e países comprometidos com a redução de emissão de gases de efeito estufa, através do combate ao desmatamento e degradação das florestas. A partir de 2017, após uma redução de 90% do desmatamento entre 2004 e 2014, Mato Grosso passou a receber recursos do programa. Para isso, o desmatamento deve ser mantido.


Fotos: ICV

Texto: Assessoria para Ciência e Comunicação da AEEC-MT


quarta-feira, 19 de junho de 2024

Comunidade cigana de Rondonópolis é destaque no programa do Paulo Vieira na GNT

A comunidade cigana mato-grossense foi um dos temas destaques do programa  Avisa Lá Que Eu vou”, que foi ao ar pelo Canal GNT na última quinta-feira (12.06).

Apresentado pelo ator, humorista e apresentador Paulo Vieira, o programa está em sua terceira temporada e passou por Rondonópolis, em Mato Grosso, onde registrou entre outras personagens da cidade, a comunidade local da etnia Calon.

Conformada por mais de 250 pessoas, a comunidade cigana de Rondonópolis vive e trafega pela cidade há mais de 80 anos, dos quais há pelo menos 60 com muitas famílias fixando residência.

A comunidade Calon é a maior e mais tradicional e a que mantém costumes e tradições ciganas. Vive lá, por exemplo, a mestra da cultura mato-grossense, Maria Divina Cabral, a Diva, que foi uma das principais personagens da vida real abordadas no programa.

Veja aqui o vídeo que o apresentador Paulo Vieira divulgou em seu insta com Diva.

A ex-presidente e atual tesoureira da AEEC-MT, Fernanda Caiado, foi outro destaque do programa, inclusive fazendo uma leitura de mãos do apresentador Paulo Vieira.

Assista aqui ao vídeo que Paulo compartilhou com Fernanda em seu insta.

Também participaram do programa a coordenadora de mulheres da AEEC-MT, Nilva Rodrigues, a coordenadora do grupo de danças Tradição Cigana, Audelena Cabral, o segundo-tesoureiro, Uanderson Pereira, Tio Rey, Tia Zilma, tia Elídia e os jovens Jéssika, Eduardo, Rayanne, Arthur, Amanda, Mirian e Joeda.

Com bastante bom humor, Paulo Vieira conseguiu abordar a comunidade com leveza e sem deixar de tocar em questões como o preconceito e a complexidade do movimento evangélico dentro das comunidades ciganas brasileiras.









domingo, 16 de junho de 2024

Caminhos Ciganos recebe menção honrosa no Fica 2024

A codiretora Karen Ferreira recebe menção honrosa durante a premiação neste domingo (16.06) no Cine Teatro São Joaquim, na cidade de Goiás. Fotos: Lucas Diener/FICA

O Filme Caminhos Ciganos (2023, 25’) recebeu neste domingo (16.06) menção honrosa por sua participação na Mostra de Cinemas Indígenas e Povos Tradicionais do 25º Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA) 2024.

O anúncio dos filmes premiados nesta 25ª edição ocorreu no Cine Teatro São Joaquim, na manhã deste domingo. Veja a lista de filmes premiados.

A codiretora e diretora de fotografia, Karen Ferreira, estava presente na cerimônia de premiação e recebeu a menção honrosa representando a equipe do filme.

Além de Karen, o diretor e Calon, Aluízio de Azevedo, também assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT também participou do Festival representando o Filme na Mostra. 

Confira vídeo com o discurso de abertura de Aluízio.

O júri da Mostra de Cinemas Indígenas e Povos Tradicionais foi composto por três artistas pertencentes a povos tradicionais.

São eles: a pesquisadora e professora, Isabel Casimira, rainha conga dos Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário e rainha da Federação dos Congados de Minas Gerais; a doutora Barbara Matias Kariri, indígena do Povo Kariri, artista da cena, realizadora audiovisual, escritora e curadora; e o cineasta Alberto Alvares, mestre em Cinema, indígena da etnia Guarani Nhandewa.

Realizado na Cidade de Goiás (GO) pelo Governo do Estado e a Universidade Federal de Goiás (UFG), o evento ocorreu entre 11 e 16 de junho, com o tema Tecnologia, Inovação e Mudanças Climáticas.

Esta é a primeira edição da mostra de Cinemas Indígenas e Povos Tradicionais no FICA. Contando com curadoria da artista plástica Célia Tupinambá, a janela contou com a exibição de nove filmes, sendo sete competindo.

Caminhos Ciganos também já passou pelo Cineclube Maria Grampinho, no Espaço Sertão Negro, em Goiânia (GO) e teve lançamento nacional em outubro de 2023, no SESC São Paulo, na Mostra Calon.



Assessoria para Ciência e Comunicação da AEEC-MT 

Crédito das fotos: Lucas Diener/FICA

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Luzia e As Calins integra programação cultural do Intercom Centro Oeste

Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT participa da mesa de encerramento do evento, que ocorre entre 05 e 07 de junho na UFG, em Goiânia

A serie Luzia e As Calins do Cerrado, produzida pela AEEC-MT via edital Mulheres em Movimento 2023 do Fundo Elas +, terá sua estreia nacional na próxima sexta-feira (07.06) como programação cultural do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom) etapa região Centro-Oeste.

O episódio exibido no evento, que ocorre entre 05 e 07 de maio na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia (GO), é o estrelado pela Calin Zilma Rodrigues, do município de Rondonópolis (MT).

O Intercom inicia a partir de 08h, no Auditório Biblioteca Central - Campus Samambaia e a exibição do episódio é a primeira programação do dia, após informes sobre a greve das universidades federais.

No mesmo dia, o Diretor da serie Luzia e As Calins do Cerrado, Aluízio de Azevedo, que também é assessor de comunicação da AEEC-MT, participará da mesa de encerramento do evento, com o título “Jornalismo e Povos originários: experiências transfronteiras e o papel da comunicação popular”.

A Mesa será composta também por Maria de Fatima Pereira Tertuliano - Kalunga e Jornalista (Prefeitura de Cavalcante - GO); Dr. Edson Silva - Jornalista e Professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; Anapuaka Tupinambá - Rádio Yandê. A Mediação será feita pelo Dr. Nilton José - professor da UFG (Laboratório Magnífica Mundi / FIC / UFG)

Calins - Essa é a segunda temporada da minissérie produzida pela AEEC-MT abordando as mulheres do tronco étnico Calon. Denominada Diva e as Calins de MT, a primeira temporada contou com cinco episódios com ciganas de três municípios de MT: Tangará da Serra, Cuiabá e Rondonópolis.

A nova temporada tambem conta cinco episódios, todos estrelados por mulheres Calin que vivem em dois Estados do cerrado. Além de Zilma Rodrigues, temos também Audelena Dias Cabral (Rondonópolis), Sara Macedo (Goiânia – GO), Fernanda Caiado (Cuiabá) e Luzia Alves Porto (Sinop).

Os cinco episódios da nova temporada serão lançados no segundo semestre no Canal do YouTube da AEEC-MT.

Intercom - O Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação reúne, tradicionalmente, alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores e profissionais da área. No evento, são debatidos tópicos de jornalismo, relações públicas, publicidade, rádio, televisão, cinema, produção editorial e de conteúdo para mídias digitais e políticas públicas de Comunicação, entre outros. 

A partir de 2024, os Congressos Regionais da Intercom têm suas programações baseadas no tripé de sustentação do ensino superior – ou seja, pesquisa-ensino-extensão. Além disso, os encontros também visam trazer para a associação científica, cada vez mais, estudantes de graduação, mestrandos, doutorandos, professores e coordenadores de cursos de graduação, e profissionais do mercado.

Este ano, o Intercom Centro-Oeste será realizado na Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) de 5 a 7 de junho, no Campus Samambaia. O tema é "Outros saberes para a comunicação do amanhã: Culturas, Tempos e Tecnologias".

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Luzia e as Calins do Cerrado estreou em 25 de maio

Público mato-grossense conferiu a projeção de dois episódios da série que no total é composto por cinco. Na foto: Audelena (vermelho no centro) ao lado da prima Joeda, filha Carol (blusa branca) e mãe Elídia (fundo)

Estreou no dia 25 de maio (sábado), na praça Silva Freire, em Cuiabá, a minissérie "Luzia e As Calins do Cerrado". Cerca de 40 pessoas compareceu ao evento, que ocorreu em conjunto com o lançamento da Exposição Diquela, que retrata em lambes, a vida Calon a partir de fotografias e textos de pessoas pertencentes a esta etnia de Brasil e Portugal. 

Composta por cinco episódios, esta é a segunda temporada produzida pela AEEC-MT abordando mulheres ciganas Calins. A primeira temporada, Diva e As Calins de Mato Grosso, também em cinco episódios, está disponível no Canal do YouTube da AEEC-MT e no site da Exposição Multimídia Calin, no link www.galeriacalin.com

O termo "Calin" é uma autodenominação das mulheres do tronco étnico Calon, representando um forte senso identitário e valorização de conhecimentos, tradições, narrativas e memórias femininas, que enfrentam não apenas o racismo, mas também o machismo.

A nova temporada da minissérie ampliou sua perspectiva, incluindo Calins de Goiás e chegando a outros territórios Calon do cerrado, como Sinop. Na primeira temporada, estrelaram mulheres de Cuiabá, Rondonópolis e Tangará da Serra, em Mato Grosso. 

Sara Macedo, de Goiás, estrela um dos episódios da minissérie

Agora, o trabalho destaca a importância desse bioma na série e sua ligação com os costumes e estilo de vida dos grupos ciganos vivem em MT, em Rondonópolis e Cuiabá, além de Sinop e em Goiás, na Capital e arredores.

O financiamento desta segunda temporada é realizado por meio do edital Mulheres em Movimento 2023 – por Solidariedade, Justiça e Democracia, uma ação do Fundo Social Elas + - Doar para Transformar: https://fundosocialelas.org/

A produção tem a direção da Kaiardon Produções e apoio no lançamento da Assembleia Social, Casa Silva Freire, Casa das Pretas e Bar Mandioca Pub.

De acordo com a presidente da AEEC-MT e produtora executiva da minissérie, Rosana Matos Cruz, o projeto visa “promover o reconhecimento das mulheres ciganas, por meio da valorização e registro de suas manifestações culturais, práticas e conhecimentos, garantindo que eles continuem a existir, salvaguardados como parte do rol de conhecimentos que a sociedade mato-grossense e a sociedade brasileira possuem”.

Rosana Cristina, presidente da AEEC-MT e produtora executiva da minissérie

Já o diretor da série, Rodrigo Zaiden, pondera que o trabalho fortalece as lideranças ciganas, especialmente as anciãs e seus saberes tradicionais, figuras centrais para a continuidade das próprias comunidades romanis. Em suas palavras, a obra busca “impactar positivamente nas pessoas ciganas, especialmente as mulheres jovens, mais suscetíveis a perda dos costumes tradicionais, sensibilizando-as para a importância da manutenção de suas culturas, identidades e narrativas”.

Personagens - A matriarca Maria Luzia Alves, de Sinop (MT), será a figura simbólica desta temporada e que dá nome à série. Os outros episódios serão estrelados por Zilma Rodrigues (Rondonópolis), Sara Macedo (Goiânia), Audelena Dias (Rondonópolis) e Fernanda Caiado (Cuiabá).

Luzia e As Calins do Cerrado aborda aspectos históricos, a vida rural e nômade em barracas, a organização social nas cidades que dialogam ou contrastam com a sociedade mato-grossense atual, e a visão das mulheres Calins para preservar identidades e cultura no futuro.

Rompendo com paradigmas racistas e machistas, a produção busca um diálogo empoderado com as participantes, respeitando a forma como desejam ser representadas.

A serie será lançada no Canal do YouTube da AEEC-MT no segundo semestre deste ano. Na foto Tia Luzia Alves, de Sinop, que estrela o episódio 1.

Texto: Aluízio de Azevedo
Fotos: Karen Ferreira

Ficha Técnica

Realização: Núcleo de Audiovisual da AEEC-MT

Patrocínio: Edital Mulheres em Ação 2022 – Fundo Elas +

Direção Geral – Rodrigo Zaiden

Codireção – Aluízio de Azevedo e Karen Ferreira

Pesquisa e Roteiro – Aluízio de Azevedo

Produção Executiva – Rosana Cristina Alves de Matos Cruz e Fernanda Caiado

Direção de Fotografia – Karen Ferreira

Edição, Montagem e Finalização – Raquel Beatriz

Captação de Som Direto – Rodrigo Zaiden

Elaboração do projeto, Assessoria de Comunicação e Imprensa – Aluízio de Azevedo

Trilha Sonora Original e Designer de Som – Caju

Parceria Musical Kalo Chiriklo – Aline Miklos

Designer e Identidade Visual – Rodrigo Zaiden

Consultoria de Roteiro – Irandi Rodrigues Silva

Apoio – Assembleia Social, Casa Silva Freire, Casa das Pretas, Secel-MT

Mulheres Ciganas nos Episódios

Luzia Alves

Zilma Rodrigues

Audelena Dias Cabral

Sara Macedo

Fernanda Caiado