quarta-feira, 29 de novembro de 2023

AEEC é selecionada para o prêmio Ponto de Memória do IBRAM

 

Projeto Diva e as Calins de MT foi a ação museológica inscrita no concurso, cujo resultado foi divulgado na última terça (29.11).

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) foi uma das 60 iniciativas contempladas para receber o prêmio Pontos de Memória 2023, concedido pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). O resultado da premiação, que está em sua quarta edição, foi divulgado nesta terça-feira (28.11) e pode ser acessado aqui, onde as outras iniciativas contempladas também podem ser conhecidas.

A ação museológica inscrita pela AEEC-MT no prêmio foi o projeto Diva e as Calins de Mato Grosso: Ontem, Hoje e Amanhã, que reconheceu a raizeira e benzedeira cigana, Maria Divina Cabral, a Diva, como mestra da cultura mato-grossense, por seus relevantes serviços prestados na manutenção da medicina tradicional cigana e da cultura Calon.

Este é o segundo prêmio nacional recebido pelo projeto Diva e as Calins de MT, que em 2022 foi uma das cinco iniciativas na categoria pessoa jurídica selecionadas para o prêmio Rodrigo Mello Franco, concedido pelo IPHAN. O projeto realizou diversas atividades que reconhecem os saberes das mulheres da etnia Calon. Além da Mestra Diva, o projeto contemplou outras 35 outras mulheres ciganas, moradoras de três municípios de MT: Tangará da Serra, Rondonópolis e Cuiabá.

Diva e as Calins de MT integra o programa “Calon Lachon”, que se desdobra em vários projetos audiovisuais, culturais, científicos e comunicacionais, visando o registro, a valorização, o fortalecimento e a conservação das manifestações culturais, identitárias, cotidianos, narrativas, memórias, modos de vida e organização social, enfim, a filosofia e conhecimentos e práticas ciganas, invisibilizadas na história oficial, apesar de suas imensas contribuições para a sociedade brasileira.

Patrocinado pela SECEL-MT, via Lei Aldir Blanc, por meio do edital Conexão Mestres da Cultura, o projeto ocorreu entre 2021/2023 e se concretizou em três produtos transmidiáticos: o I Encontro de Mulheres Ciganas de Mato Grosso; a Exposição Multimídia CALIN; e a minissérie Diva e as Calins de Mato Grosso.

O I Encontro de Mulheres Ciganas de MT (foto abaixo), ocorreu no município de Rondonópolis, entre 22 e 25 de abril de 2021, reunindo 15 mulheres ciganas, servindo como disparador para os outros dois produtos. A ação contou com duas oficinas que giraram em torno dos saberes da Mestra Diva, que ensinou às outras mulheres participantes os princípios da medicina cigana, incluindo fazer uma garrafada a base de ervas do cerrado.

A Exposição Multimídia Calin teve pré-lançamento em maio de 2021, com live comemorativa ao Dia Nacional dos Ciganos e foi lançada em outubro de 2022, podendo ser conferida no endereço: www.galeriacalin.com.

Já a minisserie Diva e as Calins de Mato Grosso é composta por cinco episódios e cada um enfoca em uma mulher cigana, sendo o primeiro deles a Mestra Diva. Consideramos que além da Mestra Diva as outras quatro participantes, Terezinha Alves (episódio água), Nilva Rodrigues (Ar), Irandi Silva (Fogo) e Venerana Rodrigues (Terra), também são mestras da cultura calon, em diversos sentidos.

Os cinco episódios da minissérie foram lançados no último dia nacional dos ciganos (24  de maio) e podem ser acessados no Canal do YouTube da AEEC-MT: https://www.youtube.com/@aeecmt7993.


Diva e as Calins de MT

O projeto na r-existência das Calins, que mantém tradições, sem perder o “time” da história; lutando para ocupar espaços em todos os âmbitos da sociedade.

Rompendo com paradigmas racistas e machistas, nossa proposta é ancorada no diálogo com as participantes e os modos como queriam ser representadas.

Unindo as artes e a tecnologia, registramos e fortalecemos os conhecimentos tradicionais Calon, que são transmitidos oralmente e principalmente pelas mulheres.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Conheça Tio Toesse: mestre da Chibe e da cultura cigana

 

O Mestre Tio Toesse: uma voz território Calon

Estroécio Rodrigues Cunha, 68 anos, é hoje um dos poucos ciganos Calon, de MT e do Brasil, capazes de desenvolver uma conversa completa na Chibe. 

Tio Toesse, como é conhecido, não sabe assinar o nome, mas guarda inúmeros saberes, memórias e narrativas da filosofia Calon. 

Maria Madalena de Jesus e Anésio Rodrigues Cunha, pais de tio Toesse, ambos faleceram em Tangará da Serra, onde estão sepultados

Filho de Maria Madalena de Jesus e Anésio Rodrigues Cunha (Foto acima), nasceu na barraca em 1.955, em Serra da Saudade (MG), vivendo nômade até 1.980, quando migrou de Rio Verde (MS) para Tangará da Serra, onde reside atualmente, mas nunca definitivamente, pois a itinerância continua para negociar seus produtos.

Exímio dançarino e festeiro, é um contador de histórias nato. 

Casado na tradição cigana, com a prima Leida Alves Cunha (Foto abaixo), além de ser um profundo conhecedor dos costumes e tradições ciganas, tio Toesse, é um dos conselheiros da comunidade cigana mato-grossense e seu maior mestre da Chibe, patrimônio cultural do povo Calon. 

Desde criança se dedicou à lida na roça e à gambira, principais ofícios tradicionais Calon. 

Por volta dos 40 anos começou a perder a visão e não conseguiu mais trabalhar na agricultura, se dedicando apenas à gambira. Mesmo não conseguindo mais dirigir, continua mantendo a tradição de gambireiro, com o auxílio da esposa e do neto Ítalo.

Oitavo filho de treze irmãos, dos quais pelo menos seis deles vivem em Tangará da Serra e compõem o núcleo central da comunidade Calon no território: tia Coracy, tia Nelsa, tio Vone, tia Nerana, tio Anésio e tia Luziinha. O tio tem mais de 91 sobrinhos e sobrinhos-netos espalhados por MT, MG e Go.

Da esquerda para direita, os irmãos do sexo masculino: Ranulfo, Jovenil, Albano (os três in memorian), Araxide, Alvone, Estroécio, Lourival (in memorian) e Anésio

Tio Toesse será o mestre principal do projeto “Oficina de Chibe: reavivando a língua Calon”, previsto para ocorrer no município em maio de 2024, outra iniciativa da comunidade, aprovada no Edital Viver Cultura 2022 da Secel-MT. 

Ele também foi uma das personagens principais do filme curta-metragem "Caminhos Ciganos", lançado em 2023, onde destaca-se por sua fala em chibe.

Da direita para esquerda: tio Toesse, o cunhado e primo Eurípedes (in memorian) e os irmãos Araxides e Anésio, anciãos da comunidade cigana Tangaraense


sábado, 4 de novembro de 2023

Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários que Trabalham Temas de Interseccionalidade 2023

Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT recebeu menção honrosa no prêmio

Anúncio dos vencedores

Os Direitos Humanos das Nações Unidas (ACNUDH), o Freemuse e o Minority Rights Group International (MRG) têm o orgulho de anunciar os vencedores da Segunda Edição do Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários. 

A edição de 2023 convida a candidaturas de artistas minoritários que trabalham em  temas relacionados com a interseccionalidade e formas agravadas de discriminação .

Laureados com o Prêmio Internacional de Artista Minoritário 2023 :

Laureados do Prêmio Internacional de Artista Minoritário 2023: Categoria Jovem:

Menção honrosa:

Um catálogo completo do trabalho dos artistas está disponível aqui . 

O catálogo também fornece informações sobre artistas minoritários, defensores dos direitos humanos, artes e direitos humanos, interseccionalidade, bem como detalhes do Painel de Juízes de 2023.


Fundo

Por ocasião do  Dia da Discriminação Zero,  celebrado mundialmente em 1º de março de 2023, e para lançar o início do  Mês da Justiça Racial , o  Escritório de Direitos Humanos da ONU  (ACNUDH) uniu forças com as organizações não governamentais  Minority Rights Group International , Freemuse  and the City de Genebra para organizar a Segunda Edição do Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários. 

A edição de 2023 convida a candidaturas de artistas minoritários que trabalham em  temas relacionados com a interseccionalidade e formas agravadas de discriminação .

Parte da comemoração do 75º aniversário da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos liderada pela ONU Direitos Humanos, a segunda edição do Concurso Internacional de Arte visa celebrar artistas minoritários que expuseram, exploraram ou abordaram assuntos relacionados a formas interseccionais de discriminação através das suas obras de arte e a sensibilizar para os direitos humanos de indivíduos e grupos pertencentes a minorias e que enfrentam formas agravadas de discriminação.

Artistas minoritários foram convidados a enviar até cinco obras de arte relacionadas à interseccionalidade e formas interseccionais de discriminação. 

As candidaturas foram avaliadas por um painel de juízes  independente composto por especialistas de diferentes países, disciplinas e horizontes, que foram selecionados pela sua notável experiência e compromisso nas áreas das artes, direitos culturais e direitos das minorias. 

O Painel de Juízes de 2023 é:

  • Yvonne Apiyo Brändle-Amolo, artista, membro do Parlamento Suíço e ex-bolsista do ACNUDH;
  • Carine Ayélé Durand, Diretora do Museu de Etnografia de Genebra (MEG);
  • Abdullah, fotógrafo Rohingya radicado em Bangladesh e premiado no Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários 2022;
  • Zahra Hassan Marwan, autora, ilustradora e premiada do Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários 2022;
  • Alexandra Xanthaki, Relatora Especial das Nações Unidas na Área dos Direitos Culturais.

De um total de 80 inscrições de artistas minoritários de mais de 35 países ao redor do mundo, o Painel de Juízes selecionou quatro laureados com o Minority Artist Award, incluindo um laureado com o Youth Minority Artist, e concedeu quatro menções honrosas. 

Em 2 de novembro de 2023, num evento híbrido de gala em Genebra e online.

Mais informações, inclusive sobre o processo e critérios para a premiação, estão disponíveis em: 
Nota conceitual:  العربية  | 中文 | Inglês  | Français  | russo  | Espanhol

Planos para o desenvolvimento de Artistas Minoritários pelos Direitos Humanos: Ação Artística Global 2024-2028, incluindo como VOCÊ pode se envolver, estão disponíveis aqui .

 Disponível em: https://www.ohchr.org/en/minorities/minority-artists-voice-and-dissidence 

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Aluízio de Azevedo recebe menção honrosa no Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários da ONU

Lançado em maio de 2023 com o tema “interseccionalidades”, o concurso recebeu inúmeras inscrições enviadas por artistas do mundo todo

O Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT, Aluízio de Azevedo, foi um dos artistas selecionados para o Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários 2023.

O multiartista recebeu menção honrosa no concurso, que nesta edição reconheceu Artistas Minoritários que Trabalham em Temas de Interseccionalidade.

Organizado pelo scritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), o prêmio inclui uma exposição em Genebra, Suíça e também um catálogo com divulgação das obras dos artistas.

A cerimônia de premiação dos oito artistas que foram selecionados no concurso internacional, entre premiados e menções honrosas, ocorreu no Palais Anna et Jean-Gabriel Eynard em Genebra, Suíça.


Representando a AEEC-MT, além de Aluízio, também participaram da premiação, que ocorreu em formato híbrido, o diretor de Arte e Cultura da instituição, Rodrigo Zaiden e a sócia fundadora, Erlaine Rodrigues.

A equipe técnica do Concurso Internacional de Arte foi composta pelas seguintes pessoas: Anna Alboth (Minority Rights Group International), Laura Cahier (OHCHR), Claude Cahn (OHCHR), Sverre Pedersen (Freemuse)

De acordo com a equipe técnica, o concurso recebeu “inúmeras inscrições de artistas minoritários em todo o mundo”.

“Um Painel de Juízes formado por artistas Yvonne Apiyo Brändle-Amolo, Abdullah, Zahra Hassan Marwan, bem como Carine Ayélé Durand e a Relatora Especial da ONU na Área dos Direitos Culturais, Alexandra Xanthaki, analisou cuidadosamente essas candidaturas”, informou a equipe em carta a Aluízio.

Tela Bandeira Cigana Revisitada

Diz a carta da ONU que “O Painel de Juízes ficou emocionado com a qualidade do trabalho artístico, a relevância dos temas abordados para ampliar a conscientização e a compreensão da interseccionalidade e de temas relacionados às minorias, bem como pelo seu compromisso em trazer visibilidade aos desafios enfrentados por indivíduos e comunidades minoritárias”.

O concurso é coorganizado pelas organizações da sociedade civil Freemuse e Minority Rights Group. Internacional.

Outras informações sobre o prêmio que está em sua segunda edição na página: https://unric.org/en/international-art-contest-for-minority-artists/

Árvore taça do tarot é uma das telas de Aluízio que compõem a exposição e o catálogo

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