sábado, 8 de fevereiro de 2020

SUSTENTABILIDADE: Estado realiza oficina do REM para povos e comunidades tradicionais


AEEC-MT participou do evento representando as comunidades ciganas mato-grossenses

O governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (SEAF), realizou nos últimos dias 05 e 06 de fevereiro (terça e quarta) uma oficina do programa REDD+ For Early Movers (REM) para cerca de 150 representantes de povos e comunidades tradicionais de Mato Grosso. Entre eles, este que vos escreve, representando as comunidades ciganas que vivem e circulam no Estado, por meio da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT).

Financiado pelo Reino Unido e Alemanha, o REM tem como objetivo, por meio de financiamentos, incentivar práticas que reduzem o desmatamento e ajudam a manter as florestas em pé. E é realizado no Estado com as parcerias das ONGs Funbio (Fundo brasileiro para a biodiversidade) e IPAM (Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia).

Com o tema “Povos e Comunidades Tradicionais e o programa REM: Construindo Caminhos”, a oficina reuniu além de ciganos, povos de matriz africana (de terreiro, quilombolas), indígenas e outras comunidades como os retireiros do araguaia, morroquianos, pantaneiros, ribeirinhos, pescadores e seringueiros. Na ocasião, os organizadores da oficina apresentaram como funcionará a parte do programa que beneficia essas comunidades e suas cadeias produtivas, que incluem produtos da agricultura familiar e do extrativismo.

A oficina, que ocorreu no Mato Grosso Palace Hotel, teve como objetivos levantar e validar informações dos povos e comunidades tradicionais no Estado; compartilhar informações sobre o programa REM; e iniciar um canal de comunicação para a construção de uma governança inclusiva e participativa. O representante das comunidades ciganas no Comitê Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso, Marcos Gattas, do Instituto Cigano do Brasil (ICB), também participou do evento.

Durante a oficina, foram apresentados critérios para as organizações dos movimentos sociais acessarem os editais que o programa lançará no Estado. Também foram mapeadas possíveis entidades que poderiam acessar aos recursos do programa, que terá duas formas de chamadas: uma para execução direta e outra por meio de organizações aglutinadoras, que poderão beneficiar instituições que não possuem regularização cadastral.

A programação da oficina contou ainda com a participação de representantes do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CEPIR) e do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas. E com a presença de analistas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que falaram sobre questões voltadas aos povos e comunidades tradicionais, que constarão no censo 2020.

Uma das principais reclamações dos representantes dos povos e comunidades tradicionais presentes diz respeito ao diagnóstico inicial trazido pela organização do programa REM. Defasados, os dados apresentados não condizem com a realidade dos povos e comunidades tradicionais mato-grossenses. 

Por exemplo, no que diz respeito às comunidades ciganas, os números informavam apenas 28 famílias em 16 municípios.

Todavia, somente os participantes da AEEC-MT somam em torno de 100 famílias, inclusive concentradas em municípios como Tangará da Serra, que não estavam sequer listados no diagnóstico inicial apresentado. Além do que, há outros 15 acampamentos espalhados por nove municípios mato-grossenses (Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC, 2017).

A AEEC-MT ficou de realizar um diagnóstico mais apropriado sobre as comunidades ciganas no Estado, juntamente com possíveis demandas de cadeias produtivas agroextrativistas desenvolvidas por comunidades ciganas em MT.

Programa REM

O REM premia países e estados pioneiros no combate ao desmatamento na Amazônia. Por meio do programa, o Estado irá receber 22 milhões de libras e 17 milhões de euros, cerca de R$ 180 milhões na moeda atual, em um período de cinco anos. Os recursos são administrados pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a proposta de repartição dos benefícios foi definida pelo Comitê Estratégico de Gestão do Programa Global REDD Early Movers (Cegrem).

Do valor destinado ao Estado pelos governos da Alemanha e do Reino Unido, 40% será destinado ao fortalecimento institucional do governo de Mato Grosso. Os recursos serão investidos para complementar ações já realizadas pelo Estado para combater o desmatamento e valorizar a floresta em pé.  Já os outros 60% serão repartidos em quatro subprogramas, sendo, 17% para projetos de produção sustentável, 22% para povos indígenas, 41% para agricultura familiar e 20% para agricultura familiar e povos tradicionais em outros biomas.

Aluízio de Azevedo
Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT

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