O também cigano da etnia Calon e pesquisador do movimento internacional cigano, o doutor Marcos Toyansk, destaca que o I Congresso Internacional Romani foi um marco para a criação de um movimento internacional cigano.
“Um momento que foi possível reunir ciganos de várias partes da Europa, embora a Europa do leste não tenha participado integralmente, com poucas exceções, como a Iugoslávia, o evento foi acolhido pela Inglaterra depois que uma organização cigana foi proibida de ter atividades na França. Naquele momento, há relatos de que os franceses não queriam melindrar os alemães, pois estavam estreitando relações e o movimento tinha a intenção de reivindicar reparações e compensações pela perseguição e extermínio na Segunda Guerra, além do confisco de bens”, pondera Toyansk
Informa Marcos que foi em
1971 que o “movimento que lançou algumas bases comuns a todos os ciganos, desde
a importância do holocausto, como ponto central e máximo da perseguição aos
ciganos. A noção de que todos os ciganos são perseguidos e discriminados em
todos os lugares no mundo, mesmo que não seja em todos os lugares ao mesmo
tempo e com a mesma intensidade. Criou símbolos para esta unificação, termos,
bandeiras, coisas que já existiam antes, mas que colocou ali de uma forma compartilhada”
e complementa:
“Não foi, claro, a
primeira iniciativa com o objetivo de unir os ciganos na Europa e no mundo. Temos
movimentos políticos que aconteceram nos Balcãs nos anos 30, que já mantinham
movimentos associativos ciganos, mas foi o primeiro internacional que reuniu
também gente da Espanha, da Inglaterra e de outros lugares da Europa e com o
tempo foi agregando. No início da década de 80 tem a participação dos alemães, que também participam do Congresso e da pressão de muitos outros aliados para que o governo alemão reconheça o genocídio cigano durante a segunda guerra. E depois na década de 90 o ingresso de ciganos do Leste”.
Baixe aqui a tese de doutorado de Marcos Toyansk: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-22022013-124150/pt-br.php
Iugoslávia
Por fim, Toiansky lembra que uma particularidade interessante na realização do I Congresso Internacional Romani é a forte participação da Iugoslávia. “A história da Iugoslávia, porque fazia parte como membro fundadora do movimento dos países não alinhados, então nem Moscou e nem Washington e com relações boas, na medida do possível, com os dois e o primeiro presidente da União Romani Mundial, que veio depois do Congresso Romani Mundial foi o Slobodan Berbeski que era justamente Iugoslavo.
Saiba mais sobre Slobodan Berbeski aqui: https://www.romarchive.eu/en/collection/p/slobodan-berberski/
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