Duas jovens ciganas de
etnia Calon de Mato Grosso, Jéssika Lorrayne Alves Cabral Lima Leme, de
Rondonópolis e Rafaela Caiado Sacramento, de Cuiabá, participarão da 30ª edição
da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30),
que ocorrerá entre os dias 11 e 21, em Belém do Pará (PA).
Jéssika, que é
vice-presidente da AEEC-MT e Rafaela, que atua na coordenação de juventude da
instituição, fazem parte da nova geração de lideranças ciganas no Estado. As
duas representarão os povos ciganos mato-grossenses na maior conferência
mundial para debater as emergências climáticas e questões ambientais.
Elas viajam no dia 11 de
novembro e permanecem em Belém até o dia 17. Ambas já têm participação
confirmada em um painel do Círculo dos Povos na Zona Verde (Green Zone),
organizado pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR).
Jéssika e Rafaela vão
integrar o painel “Mobilidade, territorialidade e Justiça Climática para
os povos ciganos no Brasil”, que ocorre no dia 14 de novembro, entre 18h05 e 18h55.
O painel também contará com representante da Associação Ciganos
Itinerantes do Rio Grande do Sul (ACIRGS).
As duas representantes da
AEEC-MT na COP30 participam do evento por meio do patrocínio da chamada Mulheres
Liderando Ações Climáticas do Fundo Casa Socioambiental 2024.
A Chamada do Fundo Casa
patrocinou também a realização do III Encontro de Mulheres Ciganas de MT, que
ocorreu entre os dias 23 e 24 de maio deste ano, no município de Tangará da
Serra, reunindo em torno de 80 mulheres ciganas, das quais duas eram convidadas
de outros Estados.
Segundo a vice-presidente da AEEC-MT, Jéssika Leme, a participação no evento será muito importante para colocar os povos ciganos na discussão acerca de questões que atravessam as injustiças climáticas, a exemplo do racismo contra as pessoas Calon, Rom ou Sini.
“A minha participação na COP30, primeiramente é de aprendizado, contato
com outras lideranças, organizações sociais e representantes de governos, para
buscar dessas experiências conhecimento e melhorias e trazer para minha comunidade e nosso meio em Mato
Grosso. Queremos também levar nossas culturas, tradições, memórias e histórias,
marcando presença e demonstrando que existimos e resistimos.”, pondera.
Jéssika acredita que uma discussão importante a se fazer é a relação dos povos ciganos de Mato Grosso e o bioma do cerrado.
“As pessoas ciganas não são responsáveis pelo desmatamento,
pelas grandes poluições ambientais. Mas inversamente, somos os que mais
sofremos com os impactos causados por essa devastação. Os povos ciganos possuem
identidades intimamente ligadas com o meio ambiente, que vivem e sobrevivem
pela natureza, por exemplo, por meio dos artesanatos ou da medicina
tradicional, atividades que boa parte da matéria prima do cerrado, como as ervas
e raízes. Se o cerrado se acabar, acaba também nossa medicina tradicional”,
explica a vice-presidente da AEEC-MT.
Para Rafaela Sacramento, a participação no evento vai servir para demonstrar que os povos ciganos têm uma relação intrínseca com a natureza.
“As minhas expectativas em participar da
COP30, um evento desta proporção, é entender mais sobre as relações entre meio
ambiente, justiça climática e os direitos dos povos ciganos, entendendo como as
mudanças ambientais afetam diretamente nossas formas de vida, nossas
identidades e culturas. Também quero contribuir para ampliar a visibilidade
dessas comunidades, que historicamente a gente sempre sofreu com racismo
ambiental, exclusão social e a falta de acesso direitos básicos, como água,
moradia e educação.
Neste contexto, de desigualdades ambientais e sociais das pessoas ciganas no Brasil e no mundo de hoje, a coordenadora de juventude da AEEC-MT acredita que pode ser uma ocasião para expressar as demandas por direitos e políticas públicas específicas.
“Espero defender os nossos direitos ambientais, levando adiante a importância
de políticas públicas que garantem não só a preservação ambiental, mas também a
dignidade e reconhecimento dos saberes e tradições ciganas. Acredito que a
educação ambiental é um caminho para promover esse diálogo intercultural e
fortalecer a resistência romani e assim a gente construir um conhecimento mais
justo, emancipador e humano”, conclui.
Pavilhão do Círculo dos Povos
na COP30
Composto pelos
Ministérios dos Povos Indígenas (MPI), Ministério da Igualdade Racial,
Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Ministério
do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o Círculo dos
Povos contará com espaço exclusivo na Zona Verde, durante a 30ª edição da
Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30),
que ocorre em Belém-PA, de 10 a 21 de novembro.
Presidido pela ministra
dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o Círculo dos Povos visa ampliar a
capacidade de escuta de demandas e
contribuições de povos indígenas, povos e comunidades tradicionais,
afrodescendentes e agricultura familiar junto à Presidência da COP30.
O espaço é formado pela
Comissão Internacional Indígena, também sob a liderança da ministra Sonia
Guajajara, e pela Comissão Internacional de Comunidades Tradicionais,
Afrodescendentes e Agricultura Familiar, coordenada pela ministra da
Igualdade Racial, Anielle Franco.
A programação conta com
uma série de atividades para debater a vivência e experiências
como caminhos para a busca de soluções no combate à emergência
climática global.
Confira a programação no
seguinte link: https://www.gov.br/mma/pt-br/noticias/confira-a-programacao-do-pavilhao-do-circulo-dos-povos-na-cop30
TEXTO: ALUÍZIO DE
AZEVEDO, COM ASSESSORIA DO MIR


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