terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Origem dos povos ciganos é incerta


A história dos ciganos é incerta. Fala-se em uma possível origem na Índia(século III a.C.), região onde hoje se encontra o Paquistão. No século XII teriam se dividido pelo mundo por dois ramos: um asiático, os ciganos da palestina e outro europeu. Entretanto, este contato com os países da Europa, ocorrido provavelmente entre os séculos X e XV, não ocorreu pacificamente. Foi marcado por perseguições, preconceitos e conflitos, o que fez com que as autoridades agissem violentamente contra eles acusando-os de provocadores de desordem e subversivos ao sistema.

São conhecidos na Rússia desde 1.500, onde Catarina, a Grande, deu-lhes um estatuto próprio e os fez escravos da Coroa, mas não os perseguiu. Já na Ucrânia e no Litoral do Mar Negro, são conhecidos como ciganos camponeses. As datas prováveis de sua chegada na Inglaterra (Ilhas Britânicas, País de Gales, Irlanda e Escócia) foi entre 1430 e 1440. (SANT’ANNA, 1983, p. 30 e 31).

A Espanha e Portugal foram os países que melhor os acolheram. Por outro lado, mesmo em ambos praticaram preconceitos contra os ciganos. Como a Península Ibérica estava se lançando nas navegações, aproveitaram para deporta-los. Além do que, eles mesmos, no ímpeto de migração, teriam optado em vir para o novo mundo. O termo aparece registrado pela primeira vez em português na obra literária A farsa das ciganas de Gil Vicente (1521), onde são considerados como originários da Grécia.
           
Ciganos estão presente no Brasil desde 1574

            Se o primeiro documento histórico registra a entrada de um cigano no país no século XVI, foi somente no XVII (1686) que de fato começaram as deportações de Portugal para o Brasil, especialmente para a colônia do Maranhão. Muitos com a missão de povoar a colônia A capitania foi escolhida por estar longe dos portos do Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA), bem como das principais áreas econômicas da época (mineração e agricultura).

            Apesar disto, muitos ciganos devem ter permanecido em Pernambuco, bem como migrado escondido das autoridades para outras colônias. A partir desta época também entraram em Minas Gerais, migrando da Bahia. A presença comprovada de ciganos nestes Estados é registrada desde o início do Século XVIIIDaí para outras capitanias foi um pulo.

            Segundo Teixeira (2000, p. 25) no ano de 1.726 se tem “notícia de ciganos em São Paulo, quando foram solicitadas medidas contra ciganos que apareceram na cidade e que eram prejudiciais a este povo porque andavam com jogos e outras mais perturbações, pelo que tiveram que abandonar a cidade dentro de 24 horas, sob pena de serem presos”. No Rio de Janeiro chegaram desde o século XVIII.

            A saga da diversidade étnica cultural cigana por aqui tem início somente a partir do século XIX. Nos três primeiros séculos vieram degredados apenas ciganos da península Ibérica. Somente a partir da segunda metade do século XIX começaram a chegar grupos denominados como “ciganos” oriundos de países como Itália, Alemanha, Balcãs e Europa Central.

O primeiro cigano não-ibérico a chegar em MG foi Jan Nepomuscky Kubitschek, bisavô de Juscelino Kubistchek (JK). Não se sabe quantos grupos vieram para cá, pois não existem registros documentais seguros sobre tais especificidades, pois a polícia portuária proibiu o desembarque de ciganos em território brasileiro e, assim, sua entrada se deu na clandestinidade. (TEIXEIRA, 2000, p. 37 e 38). Porém, foram tratados da mesma forma estereotipada e etnocêntrica com que há cerca de dois séculos vinham fazendo com os ibéricos.

Aluízio de Azevedo

Assessoria de Comunicação AEEC-MT