quarta-feira, 13 de março de 2024

Lideranças Ciganas participam de seminário do Programa REM e CEPCT

 

Evento ocorre entre 13 e 15 de março no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá

Seis Lideranças ciganas mato-grossenses participam, em Cuiabá, do Seminário Preparatório do Processo de Consulta aos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso para o Programa REM/MT – Fase II e divulgação do processo de eleição do Conselho Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT).

Entre elas, a presidente a vice-presidente da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), respectivamente, Rosana Cristina Alves de Matos Cruz (Cuiabá) e Jésssika Lorrayne Cabral (Rondonópolis). 

Jéssika Lorrayne, Fernando Carlos, Terezinha Alves e Mestra Diva

A Mestra da Cultura Mato-grossense, raizeira e benzederia Cigana, Maria Divina Cabral, a Diva, de Rondonópolis, participa do evento representando o segmento das raizeiras e raizeiros. 

Também representando os povos ciganos mato-grossenses, participam do evento a coordenadora de Assistência Social da AEEC-MT, Terezinha Alves (Cuiabá) e os ativistas, Fernando Carlos Angola (Juína) e Marcos Gattas (Cuiabá). 

Fernando representou os povos ciganos na mesa de abertura do evento. Veja abaixo o vídeo com sua fala na abertura:

Organizado pelo governo do Estado, por meio das Secretarias de Estado de Meio Ambiente (SEMA) e Trabalho e Cidadania (SETASC), o evento começa hoje (13.03) e acontece até 15 de março de 2024, no Hotel Fazenda Mato Grosso.

O Seminário Preparatório faz parte de uma série de oficinas com o objetivo de proporcionar um espaço de diálogo, e consolidar a consulta quanto ao fortalecimento da participação dos PCTs na segunda fase do Programa REM, além de apoiar a divulgação do processo de eleição para a composição dos novos membros do CEPCT/MT.

Assessoria para Ciência e Comunicação da AEEC-MT

 

 

domingo, 3 de março de 2024

Programa Calon Lachon: registro, conservação e disseminação das culturas ciganas

Calon Lacho, que na língua Romanó-Caló quer dizer “Cigano Bom”, ou “Bom Cigano”, é um programa que tem como objetivo registrar (vídeos, áudio, fotos, documentos escritos), valorizar, conservar e divulgar as narrativas, saberes, práticas e memória oral de comunidades ciganas contadas por elas mesmas.

O Programa tem um site próprio que pode ser acessado no seguinte link: https://calonlachon.com.br/ 

A ideia é realizar registros fílmicos e a divulgação a partir de dentro, com olhares próprios e junto COM as pessoas ciganas e não SOBRE elas. Um dos diferenciais da metodologia é o retorno aos participantes, que auxiliam a si mesmos, com a possibilidade de autoanálise e de autocrítica, podendo complementar, detalhar ou refutar suas próprias considerações.

Propomos uma escuta aprofundada, que proporcione o diálogo sensível entre pessoas ciganas de diferentes famílias e grupos. Trata-se de um olhar dialógico, que valoriza os conhecimentos e saberes, costumes e tradições Romani, registrando suas vozes e olhares, potencializando lutas e demandas políticas e culturais.

Buscamos busca estabelecer pontes entre pessoas romani, registrando e divulgando suas ricas tradições e culturas, conhecimentos e saberes. Uma experiência cinematográfica que promove diálogos interculturais e interpolíticos entre diferentes grupos ciganos no Brasil em Portugal, para o fortalecimento de suas causas e lutas.

Calon Lachon é uma produção coletiva e sem fins lucrativos, coordenada pelos cineastas Aluízio de Azevedo e Rodrigo Zaiden  que contribuíram para o início dos trabalhos em 2017, durante seis meses no Brasil e durante seis meses em Portugal.

O registro etnográfico  é feito com a participação ativa das pessoas ciganas, que ajuda a definir desde o fechamento do roteiro e das temáticas abordadas, até as formas de linguagens, imagéticas e locais de participação.

Neste sentido, o trabalho conta principalmente com a direção e criação de pessoas ciganas, como os irmãos Stoesse e Araxides, em Tangará da Serra (MT), ou os irmãos Wanderley e Jefferson, no acampamento Nova Canaã, Sobradinho I (Brasília, DF).

Objetivo geral 

Construção de um acervo fílmico e fotográfico dos povos ciganos brasileiros e portugueses, silenciados e invisibilizados na história oficial, ainda que contribuíram imensamente para a economia, a cultura, a identidade e a sociedade brasileiras.

Objetivos Específicos

Desconstruir estigmas, estereótipos, racismos e preconceitos historicamente arraigados sobre as culturas e etnias Romani, seja nas mídias, na literatura, na ciência ou até mesmo nos dicionários,

Construir coletivamente com as próprias pessoas ciganas um novo e melhorado imaginário, tornando visíveis suas histórias de vida, tradições, modos de organização sociocultural, de ver, viver, sentir e estar

Histórico e Conceito

O programa nasceu em 2017, ano sabático em que o cineasta Cigano, Aluízio de Azevedo, realizou sua pesquisa de campo do doutorado. 

Na ocasião, pesquisou a comunicação e saúde, mediações e interculturalidades e produção social de sentidos identitários e emancipatórios, anticoloniais, por meio da metodologia fílmica e a construção de uma matriz própria, inspirada no método compartilhado de Jean Rouch e no cinema intertextual de Judith e David Mac Dougall.

O audiovisual foi um instrumento de diálogo, primeiro entre grupos ciganos de comunidades ciganas em diferentes unidades federativas brasileiras, Mato Grosso e Distrito Federal e depois entre ciganos portugueses e brasileiros, permitindo um reencontro e uma tradução intercultural e interpolítica.

Pessoas separadas por um oceano, de repente, puderam ver, conhecer e trocar mensagens e intercâmbios, utilizando o audiovisual. O conceito passa por produzir materiais que combatem estereótipos, preconceitos, construindo novos e melhores imaginários sobre os povos ciganos, que historicamente foram invisibilizados.

Percorremos quatro comunidades ciganas brasileiras: Nova Canaã (DF), Tangará da Serra, Cuiabá e Rondonópolis, em MT. Em Portugal: Águeda, Lisboa, Figueira da Foz, Ericeira, Moura, Beja, Porto, Elvas, Espinho, Algarve.

O princípio da confiança, do respeito e da ética, do improviso e da autorrepresentação foram alinhados ao tempo todo com a quebra de estereótipos e preconceitos. Neste sentido, a ideia de caminhos, de conexão, de confiança e de reencontro permeiam todo o projeto Calon Lachon e o filme Caminhos Ciganos. Claro que agora estamos produzindo arte pura e não mais arte no diálogo com a ciência.

Além do curta-metragem Caminhos Ciganos, o programa Calon Lachon se divide em outros projetos como a série Diva e as Calins de Mato Grosso, a Exposição Multimídia CALIN, o programa de entrevistas para web, Odova Romani e o longa-metragem Calon Lachon. O programa inclui também uma série com ciganos do Brasil, Portugal, Espanha e França.

Teaser: https://www.youtube.com/watch?v=Af3ANELEPT8&t=16s 

Rosto: https://www.facebook.com/CalonLachon 

Catarse: https://www.catarse.me/calonlachon