terça-feira, 29 de março de 2022

Mesa da Reunião de Antropologia Equatorial debate saúde cigana no Brasil

Evento ocorre de forma online e debate a produção em antropologia nos países equatorianos

“Ciganos e Política de Saúde Pública no Brasil”. Este é o tema de mesa redonda (MR20) que será realizada no dia próximo dia 25 de abril (segunda-feira) durante a VII Reunião Equatorial lde Antropologia (REA): Migrações, Deslocamentos e Diásporas: Violações de Direitos”, que ocorrerá de forma online entre os dias 25 e 29 de abril.

A Mesa redonda será coordenada pelos professores doutores Maria Patrícia Lopes Goldfarb (UFPB) e Felipe Berocan Veiga (UFF). Já o debate ficará por conta de Mércia Rejane Rangel Batista (UFCG).

Entre os convidados para participar da mesa estão: o Assessor para Ciência e Tecnologia da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), Aluízio de Azevedo.

Além disso, também participarão como convidados o doutor Suderlan Sabino (UNB); a mestre Luana Medeiros (UFPB); e a mestranda Cicera Mangueira.

Interessados em participar têm de se inscrever na VII REA, que tem políticas de incentivo a estudantes de graduação e pós-graduação de etnias indígenas, quilombolas e ciganas.

Para inscrição, basta acessar o site do evento: https://www.even3.com.br/7rea/

Veja abaixo o resumo da proposta:

Dentre as Ciências Humanas, a Antropologia tem se voltado para a realização de estudos etnográficos, históricos ou documentais sobre os grupos Rom/ Ciganos no Brasil. Observamos a produção de pesquisas etnográficas que nos informam sobre as situações sociais em que vivem tais grupos, destacando aquelas que versam sobre as questões identitárias, os processos diaspóricos e as complexas formas de interação com a população não-cigana (gadjé). 

Apesar da crescente quantidade e qualidade das produções, ainda são poucos os diálogos entre pesquisadores de diferentes áreas do saber, especialmente no campo da saúde, em um contexto nacional drasticamente afetado pela pandemia de covid-19. 

A proposta desta Mesa Redonda é discutir questões que envolvem a saúde da população cigana no Brasil, de modo que ativistas e pesquisadores de diferentes áreas encontrem nesta oportunidade um espaço de debate, visando discutir transversalmente questões que envolvem a identidade étnica cigana e o acesso problemático às políticas de saúde pública no Brasil, no contexto de relações de poder e de dominação historicamente construídas, que por um lado reproduzem modos de subjetivação e de sujeição na qual foram e são forjados, mas que por outro também ensejam novas formas de resistência e demandas por direitos, visibilidade e reconhecimento.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Movimento cigano brasileiro pede proteção a ciganos que vivem na Ucrânia: pessoas da etnia sofrem com o racismo e a guerra

Pessoas da etnia estão sofrendo ataques das Forças de Defesa Territoriais do país


Prezadas autoridades brasileiras e ucranianas no Brasil, especialmente o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, o Embaixador da Ucrânia no Brasil e presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal,

Circulou nos últimos dias imagens em redes sociais e veículos de imprensa do mundo todo, de pessoas ciganas que têm sido alvo de ataques xenófobos e extremamente violentos por parte de membros das Forças de Defesa Territoriais, um braço voluntário recém-criado das Forças Armadas ucranianas. Os sites noticiosos informam que várias pessoas da etnia Roma, incluindo adolescentes e famílias com mulheres e crianças, teriam sido amarradas a postes de luz com fita adesiva. Seus rostos foram borrifados com um corante antisséptico conhecido como ‘zelyonka’ nos antigos países soviéticos, que pode causar queimaduras e problemas de saúde.

A imprensa ucraniana justificou que as pessoas amarradas foram ‘punidas’ por supostamente tentarem roubar passageiros de um ônibus. No entanto, outros relatos afirmam que o grupo queria apenas conseguir comida, pois estavam morrendo de fome depois de escapar da cidade de Kiev. Além disso, chega-nos denúncias, via veículos de comunicação, que as pessoas romani estariam encontrando dificuldades para conseguir fugir do país e ajuda qualificada junto aos órgãos oficiais do estado ucraniano, justamente pela condição racial da população cigana no país.

As constantes violações aos direitos humanos aos ciganos na Ucrânia, são uma condição secular no país, inclusive durante a II Guerra Mundial.  Historicamente vítimas de ataques extremistasno território ucraniano, incluindo de pogroms e um imaginário social racista, estereotipadoe preconceituoso, que coloca atualmente as pessoas romani em condições de desigualdade e exclusão social. Porém, os ataques contra ciganos na Ucrânia aumentaram nos últimos anos. A violência é promovida por neonazistas e ultranacionistas, que dizem estar “limpando” as cidades do país.

Com a guerra, a situação dessas comunidades, que somam em torno de 400 mil pessoas no país, piorou muito. De uma forma em geral, os refugiados já se encontram em situações bastante precárias, como corredores lotados e escadarias na esperança de embarcar em trens que os levem a um lugar seguro. Contudo, relatos de perseguição contra estrangeiros e minorias étnicas, sobretudo ciganos, negros e indianos, acontecem desde o início da guerra.

Como todos os outros, os romani fugiram apenas com o que conseguiram carregar, um amontoado de sacolas e mochilas. Entretanto, para eles as dificuldades são imensas, incluindo para garantir segurança alimentar e sofrendo discriminação. Segundo a União Romani deEspanha, estariam sendo agredidas “fisicamente nos postos fronteiriços" e durante "os processos para conseguirem refúgio". Informadores de organizações ligadas aos povos ciganos falam de segregação nos autocarros, esperas mais longas em filas sob as inclemências do tempo, uma maior vigilância das mães ciganas ou discriminação por parte dos guardas de fronteira, inclusive de outros países vizinhos à Ucrânia, que também tem um histórico de anticiganismo e ciganofobia generalizada.

Diante desta complexa realidade de dupla intersecção que implode os preconceitos raciais durante a guerra, nós lideranças ciganas e povos ciganos brasileiros, solicitamos encarecidamente a mobilização destes órgãos públicos de representatividade internacional, que intercedam junto à Organização das Nações Unidas, ao governo da Ucrânia e outras instituições de direitos humanos do país e da União Europeia, em favor das pessoas ciganas que vivem em Ucrânia, garantindo sua segurança e bem estar.

Pedimos também que façam esta mobilização específica junto aos países fronteiriços com o território ucraniano, reforçando a importância de garantir a integridade física e psicológica das pessoas ciganas em território ucraniano ou que migram de lá para outras fronteiras europeias, como refugiados de guerra.

Na certeza de contar com o vosso apoio, agradecemos e estimamos votos de paz.

Vidas Ciganas importam! Brasil, 23 de março de 2022.

1.     Associação Nacional das Etnias Ciganas – ANEC – Sobradinho/Brasília/DF

Presidente: Wanderley da Rocha

2.     Associação Comunitária Otávio Maia – Sousa/PB

Presidente: Cícero Romão batista

3.     Associação Pedro Benício Maia – Sousa/PB

Presidente: Francisco Lacerda Figueiredo

4.     Associação Raimundo de Doca Gadelha – Sousa/PB

Presidente: Francisco Vidal (Nestor Cigano)

5.     Associação Nacional das mulheres ciganas – Porto Seguro/BA

Presidente: Edvalda Bispo dos Santos Viana (Dinha)

6.     Associação Nacional e Cultura Universo Romale de Taubaté – Taubaté/SP

Presidente: Carlos Benjamim

7.     Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso – AEEC –   Cuiabá/MT

Presidente: Fernanda Alves Caiado - Aluízio de Azevedo

8.     Associação do Centro de Referência Cigana de Santa Catarina – Major Vieira/SC

Presidente: Rogério Silva

9.     Comunidade Cigana de Trindade/GO

Presidente: Júlio Cesar Rodrigues e Divino Ferreira (Secretário)

10.  Associação cedro Centro de Estudos e Discussões Romani - CEDRO/SP

Presidente: Maura Ney Piemonte

11.  Associação Ciganos Itinerantes do Rio Grande do Sul – São Leopoldo/RS

Presidente: Rose Winter

12.  Associação dos ciganos do estado do Ceará – Tianguá/CE

Presidente: Paloma Maia

13.  Associação dos Ciganos de Pernambuco - ACIPE – Recife/PE

Presidente: Enildo Soares dos Santos Filho

14.  Associação Nacional da Ciganas Calins – ANCC - Itapevi/SP

Presidente: Sonia Amaral

15.  Associação Estadual dos Ciganos do Espirito Santo – AECES – Serra/ES

Presidente: Lucilene de Oliveira Souza

16.  Associação Estadual e Cultural de Direitos do Povo Cigano de Minas Gerais – MG

Presidente: Itamar Pena Soares

17.  Associação de Estudos e Defesa da Cultura Cigana Caravana da Paz - Peruíbe/SP                                                                                           Presidente: Maurício Tadeu Pereira                                                                                                              Estela Julietti do Nascimento Pereira

18.  Associação municipal cultural de direitos e defesa dos povos ciganos de Matozinhos e Pedro Leopoldo /MG

Presidente: Leone Soares

19.  Associação municipal cultural de direitos e defesa do povo cigano de Conselheiro Lafaiete/MG

Presidente: Celso e Rafaela

20.  Centro Calon de Desenvolvimento Integral – CCDI – Sousa/PB

Presidente: Francisco Lacerda Figueiredo

21.  Centro de Pesquisa da Cultura Roma (CEPRECO) – Volta Redonda/RJ

Presidente: Alessandra Tubbs

22.  Centro de Cultura e Tradições Ciganas Rom do Rio Grande Norte – ACIGAROM (Segmento Rom Mathuano) - Natal/RN

Presidente: Omar Ivanovichi

23.  Circo Coliseu de Roma (Circense) - Vargina/MG

Presidente: Rodrigo Mikalovic

24.  Comunidade Cigana Circense Família Sbano – SP/SP

Presidente: Adriana Sbano

25.  Coletivo Roda Cigana do Estado de São Paulo - Rede Humanitária

Coordenadora: Lourdes Corrêa (Lu Ynaiah)

26.  Comunidade Centro de Tradição Romani – São Paulo/SP

Presidente: Barô Jorge Nicole

27.  Comunidade Família Cigana Calon Claudomiro Cigano (Marcos Antônio 

Pantaleão - Zona da Mate Mineira) – Conselheiro Lafaiete/MG (Filiada a Roda   Cigana/SP)

28.  Comunidade Itinerante, Preservação e Direitos Romani do Paraná

Responsáveis: Nardi Casanova (Conselheira do Comper e Conselheira Municipal da Saúde), Marisa Galvão, Weverton Passos e Fabio Soares  

29.  Confederação Brasileira Cigana – CBC – Brasília/DF

Presidente: Rogério Nicolau

30.  Federação Cigana de Minas Gerais – FEMICI – Belo Horizonte/MG

Presidente: Leonardo Costa Kwiek

31.  Federação Cigana de Alagoas – Penedo/AL

Presidente: José Willamis Alves Da Silva

32.  Federação Cigana de Santa Catarina – SC

Presidente: João Rafael Amoedo

33.  Federação Cigana do Distrito Federal – Brasília/DF

Presidente: Divino Jorge Luís

34.  Federação Cigana do Rio Grande do Sul – Passo Fundo/RS

Presidente: Roberto Nicolau

35.  Federação Cigana do Estado de Goiás/GO - FECIG

Presidente: Ademir Gomes da Silva

36.  Federação Cigana de São Paulo – São José do Rio Preto/SP

Presidente: Carlos Traico Tosco

37.  Federação Romani do Estado do Rio de Janeiro – FROMERJ/RJ

Presidente: Saulo Yanovich

38.  Instituto Cigano do Brasil-ICB – Caucaia/CE

Fórum das Comunidades e Povos Tradicionais do estado do Ceará.

Presidente: Rogério Ribeiro

39.  Instituto de Apoio e Desenvolvimento a Comunidade Cigana – IADESCC - Brasil

Presidente: Jucelio Fernandes

40.  Associação Municipal Cultural de Direitos e Defesa dos Povos Ciganos de Andradas

Presidente: João Batista Nogueira

41.  Associação Cultural de Direitos e Defesa dos Povos Ciganos de Uberlândia/MG

Presidente: Pedro Costite Júnior e André Nicoliche

42.  Coletivo de Ciganos – Grupo Ciganagens – Salvador/BA                                         Representante: Roy Rogeres Fernandes Filho

43.  Comitê dos Povos Tradicionais do Estado do Mato Grosso – Aluizio Azevedo

44.  Comissão Romani do Rio de Janeiro -RJ

45.  Diran Alves, presidente do Conselho dos Povos Ciganos da Bahia

46.  Jucelho Dantas Cigano da etnia Calon

Professor Titular da Universidade Estadual de Feira de Santana.

47.  Lhuba Stanescon Batuli

Cigana Kalderash

            Comissão de Direitos Humanos OAB Nacional

48.  Mirian Stanescon

Cigana Kalderash

            Comissão de Direitos Humanos OAB Nacional

49.  União Cigana do Brasil – UCB

Presidente: Marcelo Vacite

50.  Valdeir Bueno, liderança Cigana Calon, comunidade cigana Itaberaí-GO

51.  Antonio Pereira – Vice-presidente do Instituto PluriBrasil – Conselheiro Cigano titular no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPPIR) e conselheiro suplente no Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CONSEPIR) do Estado do Paraná (PR).

52.  Terezinha Alves Caiado – Conselheira titular do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPPIR), membra titular do Comitê Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT) e diretora de mobilização da AEEC-MT

53.  Uanderson Pereira dos Santos – membro do Comitê Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT) e vice-presidente da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT).

Aderino Dourado da Mota- Presidente da Associação Comunitária dos Ciganos de Jacobina- BA- ACCJ.

quarta-feira, 16 de março de 2022

Podcast Cultural foca nas vozes de mulheres ciganas de tradição circense

  

Sarrara Fernandes é a entrevistadadora do podcast

Quem deseja saber mais sobre a vida cigana circense têm agora a oportunidade de conhecer e ouvir as vozes de sete mulheres ciganas em podcast cultural que acaba de ser lançado no último dia 10 de março. Trata-se da série “As sete ciganas e o Circo”, que pode ser ouvido na plataforma Spotify, por meio do link: https://open.spotify.com/show/7tx7WmEC5q7MnvYZH089qj.

O produto cultural traz uma conversa as “Irmãs Fernandes”: Iracilda, Cacilda, Cleibia, Àgda, Irismar, Dorinha e Mércia Fernandes, que acessam suas memórias para narrar as tradições, desafios e obstáculos enfrentados durante seus itinerários por diversos circos. A família Fernandes está na quinta geração de ciganos-circenses, é considerada uma das únicas com a cultura cigana e circense juntas, dividida em diversos circos espalhados pelo Nordeste brasileiro.

O projeto idealizado pela também cigana de tradição circense Sarrara Fernandes, sobrinha das ciganas protagonistas, visa contribuir com a preservação da memória de mulheres ciganas de tradição circense, visibilizar essas narrativas e fortalecer as lutas das mulheres ciganas, no sentido de combater preconceitos e estereótipos.

No Podcast, Sarrara realiza entrevistas com as sete ciganas, que revelam as dores, emoções, alegrias, e aspectos singulares das culturas ciganas e circense através das suas histórias. O enfrentamento ao preconceito por suas origens está na pauta dos diálogos repletos de emoção, informação e valorização das culturas ciganas e circenses.

O projeto contribui com a oferta de conhecimentos e conteúdo feito por ciganas e acerca das mesmas para a sociedade baiana, além de alcançar o máximo de pessoas pela via da comunicação digital. Almeja também combater a ciganofobia e ao anticiganismo (racismo contra ciganos/as), para a melhoria e condições de vida das mulheres ciganas, especialmente as de tradições circenses, valorizar suas culturas, memórias e tradições.

Para a realizadora do projeto, “oportunizar lugares de fala para mulheres ciganas e circenses – historicamente vítimas de opressão, silenciamentos, violências e preconceitos, e impulsionar a participação e a representatividade das ciganas nos espaços de formação cultural e cidadania no Estado da Bahia” são a principal motivação da iniciativa.

O Podcast Cultural “As Sete Ciganas & o Circo” tem o apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura (Prêmio Cultura na Palma da Mão/PABB) via Lei Aldir Blanc, redirecionado pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Texto e foto: Assessoria de Comunicação

sábado, 5 de março de 2022

AEEC-MT enviará duas delegadas à conferência nacional de Igualdade Racial

Abigail Martins (esquerda) e Terezinha Alves (direita) protocolizam Carta dos Povos Ciganos de MT com as principais demandas para o segmento étnico-racial. Marcos Gattas (centro) também foi eleito delegado para a Conferência Nacional

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), por meio de suas duas integrantes, Abigail Martins e Terezinha Alves, protocolizaram junto à V Conferência Estadual de Promoção de Igualdade Racial de Mato Grosso (CEPIR-MT), a “Carta dos Povos Ciganos de Mato Grosso”, documento contendo as principais demandas estaduais e nacionais dos povos ciganos. 

O evento ocorreu no Hotel Fazenda Mato Grosso nos dias 03 e 04 de março e entre outras funções é responsável por pensar políticas afirmativas e reparatórias para os povos racializados que vivem em MT e também elege delegados para a V Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que tem previsão para ocorrer entre maio de 2022 e maio de 2023, em Brasília.

Durante a conferência estadual Abigail Martins, juntamente com o militante e professor de dança, Marcos Gattas, foram eleitos delegados mato-grossenses representando os povos ciganos e participarão da V Conferência Nacional.

Já Terezinha Alves, que também participou da conferência estadual, é conselheira do Conselho Nacional de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (CNPIR), órgão responsável, em conjunto com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) de organizar a V Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial.

Na carta entregue à secretaria da CEPIR-MT, os parti elencaram sete demandas a que consideram como principais a serem realizadas no âmbito das políticas públicas em favor dos povos ciganos.

“Durante quase 500 anos, nós fomos perseguidos e violentados pelo estado brasileiro e o resultado é que a maioria das pessoas ciganas hoje vivem em situação de desigualdade ou exclusão social. O governo tem a obrigação de promover políticas reparatórias e afirmativas em todos os setores, bem como promover campanhas antiracismo e preconceito contra os povos ciganos”, ponderou Abigail Martins.

De acordo com Terezinha, entre os tópicos elencados na carta, o primeiro foi a “Urgente inclusão dos povos ciganos nas políticas de habitação e distribuição de terras”. “Historicamente fomos excluídos destas possibilidades, ainda mais pela tradição nômade. Entretanto, nos dias de hoje a maioria dos ciganos fixaram residência e tem origem rural, daí a importância da criação de cotas nos programas estaduais, municipais e federal de habitação e distribuição de terras para povos ciganos”, explicou a assistente social.

Também estão entre as demandas: a criação de uma política pública específica de educação para o atendimento aos povos ciganos nômades e que fixaram; e a construção de espaços nos municípios com água e luz para acolhimentos dos grupos que continuam nômades; garantia de Atendimento diferenciado nos serviços do SUS, respeitando particularidades étnicas; inclusão no censo populacional a contagem dos povos ciganos; a criação de cursos de formação e geração de renda; e a realização de campanhas antirracismo e de reconhecimento da comunidade cigana.

Confira aqui acarta na íntegra.




Texto: Aluízio de Azevedo

Assessoria para Ciência e Comunicação da AEEC-MT

Conferência de Igualdade Racial: Carta dos Povos Ciganos de Mato Grosso

 CARTA DOS POVOS CIGANOS DE MATO GROSSO

V CONFERÊNCIA ESTADUAL DE IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL DE MATO GROSSO

             Prezadas e prezados delegadas, delegados e autoridades que acompanham a V Conferência Estadual de Igualdade Racial de Mato Grosso, a Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), em nome dos povos ciganos de todas as etnias que habitam o Estado, Calon, Rom e Sinti, relaciona abaixo aquelas que considera como as principais e mais urgentes políticas públicas em favor dos povos ciganos:

1 – Urgente inclusão dos povos ciganos nas políticas de habitação e distribuição de terras, pois historicamente fomos excluídos destas possibilidades, ainda mais pela tradição nômade. Entretanto, nos dias de hoje a maioria dos ciganos fixaram residência e tem origem rural, daí a importância da criação de cotas nos programas estaduais, municipais e federal de habitação para povos ciganos.

2 – A criação de uma política pública específica de educação para o atendimento aos povos ciganos nômades e que fixaram, que inclua desde o ensino básico, especialmente visando ao atendimento intercultural de jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de estudar, mas também e até a criação de programas de inclusão no ensino superior e de pós-graduação. Só no Estado a AEEC-MT já contabiliza mais de 50 membros ciganos com ensino médio que poderiam aceder ao ensino superior e 30 membros com graduação, que poderiam aceder à pós-graduação.

3 – Construção de espaços nos municípios com água e luz para acolhimentos dos grupos que continuam nômades, com oferecimento de serviços básicos de assistência social, saúde e educação destas populações especificamente;

4 – Garantia de Atendimento diferenciado nos serviços do SUS, respeitando particularidades étnicas da preferência das pessoas ciganas em serem atendidos por profissionais do mesmo sexo e também estabelecendo uma política específica para a relação entre profissionais de saúde e pessoas ciganas no caso de internamentos.

5 – Inclusão no censo populacional a contagem dos povos ciganos, uma questão estruturante para o desenvolvimento de políticas públicas em todos os setores.

6 – Criação de cursos de formação e geração de renda, principalmente, aquelas voltadas para o fortalecimento e a manutenção da cultura cigana, como curso de moda, corte e costura dos trajes tradicionais ciganos masculinos e femininos; oficinas de instrumentos musicais, especialmente viola, violão, violino e outros instrumentos de corda e percussão; oficinas de artesanato e produção de projetos culturais e sociais; etc.

7 – Realização de campanhas antirracismo e de reconhecimento da comunidade cigana como contribuinte para as identidades e culturas de Rondonópolis e MT, estabelecendo e incluindo o dia nacional dos ciganos (24 de maio), no calendário oficial de comemorações do município e das escolas municipais.

 

Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso - AEEC-MT



sexta-feira, 4 de março de 2022

Conselheira Nacional do CNPPIR, Terezinha Alves, participa da V Conferência Estadual de Igualdade Racial em MT

Terezinha Alves representa os povos ciganos no Conselho que é vinculado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

A calin Terezinha Alves, representante dos povos ciganos no Conselho Nacional de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (CNPIR), participou nesta quinta (03) e sexta (04.03) da V Conferência Estadual de Igualdade Racial de Mato Grosso.

O evento ocorre no Hotel Fazenda Mato Grosso e reúne delegados de 141 municípios mato-grossenses, oriundos de vários segmentos, como indígenas, quilombolas, povos de terreiro, pantaneiros, pescadores, movimento negro e outros povos e comunidades tradicionais racializados.

Durante sua fala no evento, Terezinha, que também é diretora de Assistência Social da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), falou sobre a concentração de comunidades ciganas nos municípios de Rondonópolis, Tangará da Serra e Cuiabá.

Ela também solicitou apoio de todos os presentes para incluir os povos ciganos nas políticas públicas de todos os setores, especialmente educação e saúde.

“Pedimos apoio para incluir as comunidades ciganas nas políticas de saúde e educação, temos um grande número de pessoas ciganas ainda analfabetas”, destacou ela no vídeo.

Por ser Conselheira Nacional, Terezinha é membra nata da Conferência Nacional, que deve ocorrer entre maio deste ano e maio do ano que vem.

Texto: Aluízio de Azevedo

Foto e vídeo: Marcos Gattas

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quarta-feira, 2 de março de 2022

Entrevista exclusiva: Roy Rogeres fala sobre seu filme de estreia “Debaixo das Lonas, Tudo é mais bonito!”

O cigano de tradição circense, Roy Rogeres, lança obra fílmica nesta sexta-feira (04 de março), às 20h, no Canal do You Tube da produtora Mulher de Bigodes Filmes. Veja a matéria completa aqui.

Para saber mais sobre o filme, fomos ouvir o cineasta, que também é jornalista e teatrólogo, sobre sua estreia no cinema. Ele contou tudinho sobre o que podemos esperar na obra e nos próximos trabalhos.

Roy é comunicólogo – jornalista –, militante, multi-artista e pesquisador dos povos ciganos circenses, cursando mestrado em Estudos Interdisciplinares Sobre a Universidade Federal da Bahia (PPGEISU-IHAC/UFBA), onde é representante estudantil. Ele pertence à quarta geração da tradicional família Fernandes; composta por ciganos da etnia Calon e de tradição circense e acaba de finalizar seu primeiro filme média-metragem, “Debaixo das Lonas, Tudo é mais bonito!”, que conta a vida de sua irmã mais velha, Irisma Fernandes, também conhecida artisticamente como “Tati, a Cigana”

Durante toda infância e adolescência o cineasta acompanhou vários circos pelo Brasil, passando por várias escolas, até que por volta de 15 anos, a família fixou acampamento na cidade de Feira de Santana-Bahia. Também cursou Artes Cênicas – Interpretação Teatral, na UFBA e desenvolveu amplo trabalho no campo das artes cênicas, participando de vários espetáculos e festivais de teatro por todo o Estado.

Roy possui também experiência na gestão de RH e Negócios e em assessorias de comunicação de organizações privadas e públicas. Atuou como repórter nos jornais impressos Folha do Estado da Bahia e A Tarde. Atualmente é assessor de comunicação da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador e produtor cultural independente.

Roy Rogeres e Tati, a Cigana: irmãos circenses herdaram veia artística da família Calon

Confira abaixo entrevista exclusiva com o multi-artista cigano e cirsense:

Aluízio: Como teve a ideia para transformar a vida de Tati, a Cigana em filme? O que ela tem de especial que pode servir para outras pessoas?

Roy: A ideia de transformar a vida da Tati em filme é muito antiga. Nutro uma admiração, um orgulho e um amor por ela muito grande. E isso vem do reconhecimento desde muito cedo da magnitude dela enquanto artista, enquanto pessoa. As responsabilidades que ela assumiu muito jovem, uma vez que meu pai faleceu eu tinha dois anos e ela era a irmã primogênita. Através dela nós tínhamos contratos no circo. Ela foi e continua sendo uma super artista e desde muito pequeno minha admiração existe. A ideia de fazer um filme, veio na última visita, quando estive lá no rancho dela e nós conversando da vida, desses caminhos e descaminhos, dessa itinerância, dela ter parado exatamente no lugar onde se arranchou e toda essa história, então; eu pensei naquele momento, em novembro do ano passado, que na primeira oportunidade iria transformar essa ideia, essa história da vida dela, que por si só já tem bastante conteúdo e coisas interessantes e admiráveis, em um projeto cultural. Acabou dando certo, nós fomos aprovados nesse projeto, com a maior pontuação da região de SISAL, na Bahia, que compreende o município de Tucano,  distritos de povoado Crenguenhem e comunidade umburaninha, onde ela reside. Nós fomos aprovados muito por conta do objetivo que é visibilizar sobretudo as mulheres ciganas de tradição circense.

Aluízio: O que você objetiva com a obra?

Roy: a gente objetiva visibilizar as pautas das mulheres ciganas de tradição circense. Contribuir, colaborar no combate ao racismo, no nosso caso anticiganismo, ciganofobia; desqualificar narrativas negativas relacionadas aos ciganos e povo circense. Mostrar também como é a vida de fato debaixo dessas lonas de circos e não só essa parte glamourizada e romantizada. O projeto parte da ideia de mostrar a realidade, as dificuldades, desafios, a falta de incentivo para os circos de menores porte. Visibilizar as narrativas de ciganos, feita por ciganos. Uma mulher que assume o seu lugar de fala, cigana circense, que narra sua vida, trajetória, itinerância,  os desafios que passou, que superou e que supera e continua a superar todos os dias, afinal de contas o preconceito existe muito grande e no caso dos povos ciganos e povos circenses é um duplo preconceito.


"é uma cultura ainda marginalizada, a gente costuma dizer que o

circo é o primo pobre da cultura e a gente precisa mudar este 

cenário".


Aluízio: É um filme de cigan@s com cigan@s, este é um diferencial?

Roy: Com certeza vai ser um filme de ciganos, com ciganos, por ciganos, sobre ciganos, acerca dos ciganos e tendo alguém com esta visão de dentro, ,de baixo, é um diferencial enorme, importante e com certeza dá um quê de especial para a relevância que o filme tem, afinal de contas, é raro, uma das poucas pessoas que eu vejo fazendo filmes estando dentro, fazendo parte da comunidade cigana e também artística, como um cineasta, é você Aluízio. Não posso deixar de ressaltar a grande inspiração e incentivo que vejo a partir de você, do seu trabalho, como comunicólogo jornalista, que também envereda aí pela área do cinema. Faço cinema muito com essa inspiração e com esse intento de fazermos nós as nossas histórias, de contarmos nós as nossas visões de mundo, nossas vidas, nossos desafios, alegrias, dores e tristezas. Tudo isso ser dito por nós tem um sabor muito especial e com certeza isso reflete no conjunto do filme.


Família Fernandes e equipe do filme: tradição circense que passa de geração em geração

Aluízio: Como é a relação entre as pessoas ciganas e o circo, ela é antiga?

Roy: A relação dos povos ciganos como circo posso dizer que é milenar. No caso da minha família, o circo sempre foi um meio de sobrevivência, uma tradição que a gente já nasceu. As últimas gerações já nasceram assim, estamos na quinta geração, a Tati é da terceira geração. Nós nascemos nessa tradição e esta é uma relação antiga, uma tradição milenar. Os povos ciganos, de uma maneira em geral, estão sempre muito ligados com a arte como um todo, quer seja a música, a dança, também a performance, o teatro e as artes circenses, a que considero como uma das artes mais completas, envolve a dança, a música, a magia, a comunicação e tantas coisas. É uma relação antiga, que vem sendo nutrida há duras penas, porque como disse o preconceito com os povos ciganos e povos circenses é duplo. Já tem o preconceito quando se é de circo. Quando se é um forasteiro chegando na cidade, as pessoas muitas vezes tem um olhar negativo, uma recepção negativa e este é um grande desafio, na medida que, tem também pessoas com outro olhar, com admiração, que vão para o circo porque gostam. Em muitas cidades o acesso a cultura, as opções de cultura e entretenimento são muito escassas, então, ter um circo é sempre motivo de alegria. E o filme explicita muito disso, o quanto as pessoas do circo provocam as pessoas na cidade, em vários lugares, quer seja no fascínio, na repulsa, na amizade, no receio, no medo, um misto de sentimentos que fica claro no filme e a gente aborda. Os desafios de se chegar nos terrenos, nas praças como a gente chama, muitas vezes a noite, sem acesso a água a energia, enfim, toda uma dificuldade. Há as pessoas que negam e o apoio do município, às vezes não tem. Noutras, o terreno que o município dá para o circo ficar é lá no final da cidade, perto do lixão... Então, é uma cultura ainda marginalizada, a gente costuma dizer que o circo é o primo pobre da cultura e a gente precisa mudar este cenário.


"Debaixo das lonas tudo é mais bonito, na minha visão de cigano

 circense e acredito que as lonas das marquises, das tendas, das 

barracas, do circo, nos convidam a olhar este mundo, este 

universo e a vida de uma outra forma, com mais beleza". 


Aluízio: Como se sente em dirigir e representar a sua própria cultura?

Roy: estou estreando como diretor de filme. Sai do circo tinha pouco mais de 15 anos e desde então já enveredei no teatro e nas artes cênicas, o que foi uma forma de continuar na arte circense, inserido na arte. Durante a minha vida toda, fiz teatro em grupos, participei de muitos festivais, espetáculos infantis, adultos, juvenis, percorri a Bahia inteira com vários espetáculos de teatro e é uma experiência que colaborou para hoje me inserir no cinema, nesta arte que sempre gostei muito, admirei. Foi através do cinema e desejando fazer cinema, que comecei a prospectar opções de pesquisa. Acabei cursando uma disciplina especial no mestrado sobre cinema documentário e aprendi muito nessa disciplina. Essa sementinha estava plantada aqui dentro e uni o útil ao agradável: a experiência que já tinha do circo, do teatro, na produção de espetáculos e de filmes, que também participei como assessor de comunicação. A gente acaba sendo multirreferencial, múltiplos, me considero um multi-artista hoje e estrear é uma sensação de muita alegria. Não posso negar, que estou orgulhoso com o resultado, feliz, por poder, através de uma plataforma exibir um trabalho feito com pouco recurso e investimento, mas o suficiente para afetar as pessoas. O filme traz uma beleza, o lado genuíno das pessoas e mostra algumas das características muito marcantes do nosso povo, como é o caso da oralidade, servindo para romper estereótipos e barreiras. As pessoas esperam que nós sejamos de um jeito e aí a Irismar, que é a Tati, personagem principal do documentário, mostra ser uma pessoa diferente daquilo que se espera, assim como nós mostramos ser diferentes daquilo que se espera. Quis mostrar essa realidade que é dura e sofrida do povo cigano, circense sobretudo, mas uma realidade de superação, de belezas, alegrias, de muitas coisas positivas. Claro a gente não pode romantizar as situações de marginalidade, o fato de vivermos historicamente as margens da sociedade, discriminados, silenciados e oprimidos. Tudo isso serve como um conjunto de indignação que faz com que a gente queira levar, nós ciganos, o outro lado, o nosso olhar para nossa história.

Aluízio: Porque as pessoas devem ver Debaixo da lona, tudo é mais bonito? E, de onde vem esse nome?

Roy: porque é capaz de tocar, transporta os espectadores para muitas emoções, para uma narrativa forte e contundente. Uma narrativa de muitas das que se tem notícias. Um filme feito por ciganos, de ciganos, acerca dos ciganos, de tradição circense. A gente sabe que a literatura, as próprias artes, muitas vezes invisibilizam esses povos, ou quando são retratados, aparecem de maneiras incoerentes. A gente mostra com as limitações que um projeto não tão grande, mas como cinema independente, com as dificuldades inerentes em se fazer cinema, com pouco investimento, mas a gente mostra nesse filme o porquê estar debaixo das lonas é tão bonito! Porque debaixo das lonas tudo é mais bonito, na minha visão de cigano circense e acredito que as lonas das marquises, das tendas, das barracas, do circo, nos convidam a olhar este mundo, este universo e a vida de uma outra forma, com mais beleza. E fica o convite, para todos assistirem. É um filme feito com muita garra, muita vontade, com muita gente que acredita na proposta, na relevância do filme, em contribuir com um futuro do universo cigano circense, com menos dores e mais oportunidades. Um futuro com maior valorização das culturas ciganas e circenses, maior apoio. Que se abram os caminhos para essas culturas, porque elas também andam juntas.

Roy quando criança em suas andaças e artes pelo circo

Aluízio: No Brasil temos muitas famílias ciganas e circenses?

Roy: No Brasil temos não só a minha família, temos outras... mas a minha acredito ser uma das maiores, se não a maior, com mais de sete circos pelo Brasil. A Irismar traz na sua trajetória este fator de ser um artista que vivenciou neste Brasil inteiro com mais de 20 circos e merece ter sua história contada, reconhecida, por toda sua contribuição do ponto de vista cultural para as culturas ciganas e circenses. Ela vem disseminando ambas as culturas, repassando esses conhecimentos ancestrais e é isso que o filme nos coloca: diante das culturas ciganas e cirenses, não só aquilo que nos alegra, lindo, romântico e mágico; como também aquilo que nos torna humanos, vulneráveis. Aí consiste o esplendor deste filme: retratar de maneira fidedigna, verdadeira, a partir de suas próprias narrativas, as histórias e memórias de uma cigana de tradição circense, que tem muito orgulho disso, da família. Este filme é uma declaração de amor e orgulho ao povo cigano de tradição circense.

Texto: Aluízio de Azevedo

Fotos: Roy Rogeres