sexta-feira, 25 de março de 2022

Movimento cigano brasileiro pede proteção a ciganos que vivem na Ucrânia: pessoas da etnia sofrem com o racismo e a guerra

Pessoas da etnia estão sofrendo ataques das Forças de Defesa Territoriais do país


Prezadas autoridades brasileiras e ucranianas no Brasil, especialmente o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, o Embaixador da Ucrânia no Brasil e presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal,

Circulou nos últimos dias imagens em redes sociais e veículos de imprensa do mundo todo, de pessoas ciganas que têm sido alvo de ataques xenófobos e extremamente violentos por parte de membros das Forças de Defesa Territoriais, um braço voluntário recém-criado das Forças Armadas ucranianas. Os sites noticiosos informam que várias pessoas da etnia Roma, incluindo adolescentes e famílias com mulheres e crianças, teriam sido amarradas a postes de luz com fita adesiva. Seus rostos foram borrifados com um corante antisséptico conhecido como ‘zelyonka’ nos antigos países soviéticos, que pode causar queimaduras e problemas de saúde.

A imprensa ucraniana justificou que as pessoas amarradas foram ‘punidas’ por supostamente tentarem roubar passageiros de um ônibus. No entanto, outros relatos afirmam que o grupo queria apenas conseguir comida, pois estavam morrendo de fome depois de escapar da cidade de Kiev. Além disso, chega-nos denúncias, via veículos de comunicação, que as pessoas romani estariam encontrando dificuldades para conseguir fugir do país e ajuda qualificada junto aos órgãos oficiais do estado ucraniano, justamente pela condição racial da população cigana no país.

As constantes violações aos direitos humanos aos ciganos na Ucrânia, são uma condição secular no país, inclusive durante a II Guerra Mundial.  Historicamente vítimas de ataques extremistasno território ucraniano, incluindo de pogroms e um imaginário social racista, estereotipadoe preconceituoso, que coloca atualmente as pessoas romani em condições de desigualdade e exclusão social. Porém, os ataques contra ciganos na Ucrânia aumentaram nos últimos anos. A violência é promovida por neonazistas e ultranacionistas, que dizem estar “limpando” as cidades do país.

Com a guerra, a situação dessas comunidades, que somam em torno de 400 mil pessoas no país, piorou muito. De uma forma em geral, os refugiados já se encontram em situações bastante precárias, como corredores lotados e escadarias na esperança de embarcar em trens que os levem a um lugar seguro. Contudo, relatos de perseguição contra estrangeiros e minorias étnicas, sobretudo ciganos, negros e indianos, acontecem desde o início da guerra.

Como todos os outros, os romani fugiram apenas com o que conseguiram carregar, um amontoado de sacolas e mochilas. Entretanto, para eles as dificuldades são imensas, incluindo para garantir segurança alimentar e sofrendo discriminação. Segundo a União Romani deEspanha, estariam sendo agredidas “fisicamente nos postos fronteiriços" e durante "os processos para conseguirem refúgio". Informadores de organizações ligadas aos povos ciganos falam de segregação nos autocarros, esperas mais longas em filas sob as inclemências do tempo, uma maior vigilância das mães ciganas ou discriminação por parte dos guardas de fronteira, inclusive de outros países vizinhos à Ucrânia, que também tem um histórico de anticiganismo e ciganofobia generalizada.

Diante desta complexa realidade de dupla intersecção que implode os preconceitos raciais durante a guerra, nós lideranças ciganas e povos ciganos brasileiros, solicitamos encarecidamente a mobilização destes órgãos públicos de representatividade internacional, que intercedam junto à Organização das Nações Unidas, ao governo da Ucrânia e outras instituições de direitos humanos do país e da União Europeia, em favor das pessoas ciganas que vivem em Ucrânia, garantindo sua segurança e bem estar.

Pedimos também que façam esta mobilização específica junto aos países fronteiriços com o território ucraniano, reforçando a importância de garantir a integridade física e psicológica das pessoas ciganas em território ucraniano ou que migram de lá para outras fronteiras europeias, como refugiados de guerra.

Na certeza de contar com o vosso apoio, agradecemos e estimamos votos de paz.

Vidas Ciganas importam! Brasil, 23 de março de 2022.

1.     Associação Nacional das Etnias Ciganas – ANEC – Sobradinho/Brasília/DF

Presidente: Wanderley da Rocha

2.     Associação Comunitária Otávio Maia – Sousa/PB

Presidente: Cícero Romão batista

3.     Associação Pedro Benício Maia – Sousa/PB

Presidente: Francisco Lacerda Figueiredo

4.     Associação Raimundo de Doca Gadelha – Sousa/PB

Presidente: Francisco Vidal (Nestor Cigano)

5.     Associação Nacional das mulheres ciganas – Porto Seguro/BA

Presidente: Edvalda Bispo dos Santos Viana (Dinha)

6.     Associação Nacional e Cultura Universo Romale de Taubaté – Taubaté/SP

Presidente: Carlos Benjamim

7.     Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso – AEEC –   Cuiabá/MT

Presidente: Fernanda Alves Caiado - Aluízio de Azevedo

8.     Associação do Centro de Referência Cigana de Santa Catarina – Major Vieira/SC

Presidente: Rogério Silva

9.     Comunidade Cigana de Trindade/GO

Presidente: Júlio Cesar Rodrigues e Divino Ferreira (Secretário)

10.  Associação cedro Centro de Estudos e Discussões Romani - CEDRO/SP

Presidente: Maura Ney Piemonte

11.  Associação Ciganos Itinerantes do Rio Grande do Sul – São Leopoldo/RS

Presidente: Rose Winter

12.  Associação dos ciganos do estado do Ceará – Tianguá/CE

Presidente: Paloma Maia

13.  Associação dos Ciganos de Pernambuco - ACIPE – Recife/PE

Presidente: Enildo Soares dos Santos Filho

14.  Associação Nacional da Ciganas Calins – ANCC - Itapevi/SP

Presidente: Sonia Amaral

15.  Associação Estadual dos Ciganos do Espirito Santo – AECES – Serra/ES

Presidente: Lucilene de Oliveira Souza

16.  Associação Estadual e Cultural de Direitos do Povo Cigano de Minas Gerais – MG

Presidente: Itamar Pena Soares

17.  Associação de Estudos e Defesa da Cultura Cigana Caravana da Paz - Peruíbe/SP                                                                                           Presidente: Maurício Tadeu Pereira                                                                                                              Estela Julietti do Nascimento Pereira

18.  Associação municipal cultural de direitos e defesa dos povos ciganos de Matozinhos e Pedro Leopoldo /MG

Presidente: Leone Soares

19.  Associação municipal cultural de direitos e defesa do povo cigano de Conselheiro Lafaiete/MG

Presidente: Celso e Rafaela

20.  Centro Calon de Desenvolvimento Integral – CCDI – Sousa/PB

Presidente: Francisco Lacerda Figueiredo

21.  Centro de Pesquisa da Cultura Roma (CEPRECO) – Volta Redonda/RJ

Presidente: Alessandra Tubbs

22.  Centro de Cultura e Tradições Ciganas Rom do Rio Grande Norte – ACIGAROM (Segmento Rom Mathuano) - Natal/RN

Presidente: Omar Ivanovichi

23.  Circo Coliseu de Roma (Circense) - Vargina/MG

Presidente: Rodrigo Mikalovic

24.  Comunidade Cigana Circense Família Sbano – SP/SP

Presidente: Adriana Sbano

25.  Coletivo Roda Cigana do Estado de São Paulo - Rede Humanitária

Coordenadora: Lourdes Corrêa (Lu Ynaiah)

26.  Comunidade Centro de Tradição Romani – São Paulo/SP

Presidente: Barô Jorge Nicole

27.  Comunidade Família Cigana Calon Claudomiro Cigano (Marcos Antônio 

Pantaleão - Zona da Mate Mineira) – Conselheiro Lafaiete/MG (Filiada a Roda   Cigana/SP)

28.  Comunidade Itinerante, Preservação e Direitos Romani do Paraná

Responsáveis: Nardi Casanova (Conselheira do Comper e Conselheira Municipal da Saúde), Marisa Galvão, Weverton Passos e Fabio Soares  

29.  Confederação Brasileira Cigana – CBC – Brasília/DF

Presidente: Rogério Nicolau

30.  Federação Cigana de Minas Gerais – FEMICI – Belo Horizonte/MG

Presidente: Leonardo Costa Kwiek

31.  Federação Cigana de Alagoas – Penedo/AL

Presidente: José Willamis Alves Da Silva

32.  Federação Cigana de Santa Catarina – SC

Presidente: João Rafael Amoedo

33.  Federação Cigana do Distrito Federal – Brasília/DF

Presidente: Divino Jorge Luís

34.  Federação Cigana do Rio Grande do Sul – Passo Fundo/RS

Presidente: Roberto Nicolau

35.  Federação Cigana do Estado de Goiás/GO - FECIG

Presidente: Ademir Gomes da Silva

36.  Federação Cigana de São Paulo – São José do Rio Preto/SP

Presidente: Carlos Traico Tosco

37.  Federação Romani do Estado do Rio de Janeiro – FROMERJ/RJ

Presidente: Saulo Yanovich

38.  Instituto Cigano do Brasil-ICB – Caucaia/CE

Fórum das Comunidades e Povos Tradicionais do estado do Ceará.

Presidente: Rogério Ribeiro

39.  Instituto de Apoio e Desenvolvimento a Comunidade Cigana – IADESCC - Brasil

Presidente: Jucelio Fernandes

40.  Associação Municipal Cultural de Direitos e Defesa dos Povos Ciganos de Andradas

Presidente: João Batista Nogueira

41.  Associação Cultural de Direitos e Defesa dos Povos Ciganos de Uberlândia/MG

Presidente: Pedro Costite Júnior e André Nicoliche

42.  Coletivo de Ciganos – Grupo Ciganagens – Salvador/BA                                         Representante: Roy Rogeres Fernandes Filho

43.  Comitê dos Povos Tradicionais do Estado do Mato Grosso – Aluizio Azevedo

44.  Comissão Romani do Rio de Janeiro -RJ

45.  Diran Alves, presidente do Conselho dos Povos Ciganos da Bahia

46.  Jucelho Dantas Cigano da etnia Calon

Professor Titular da Universidade Estadual de Feira de Santana.

47.  Lhuba Stanescon Batuli

Cigana Kalderash

            Comissão de Direitos Humanos OAB Nacional

48.  Mirian Stanescon

Cigana Kalderash

            Comissão de Direitos Humanos OAB Nacional

49.  União Cigana do Brasil – UCB

Presidente: Marcelo Vacite

50.  Valdeir Bueno, liderança Cigana Calon, comunidade cigana Itaberaí-GO

51.  Antonio Pereira – Vice-presidente do Instituto PluriBrasil – Conselheiro Cigano titular no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPPIR) e conselheiro suplente no Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CONSEPIR) do Estado do Paraná (PR).

52.  Terezinha Alves Caiado – Conselheira titular do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPPIR), membra titular do Comitê Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT) e diretora de mobilização da AEEC-MT

53.  Uanderson Pereira dos Santos – membro do Comitê Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT) e vice-presidente da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT).

Aderino Dourado da Mota- Presidente da Associação Comunitária dos Ciganos de Jacobina- BA- ACCJ.

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