Prezadas autoridades
brasileiras e ucranianas no Brasil, especialmente o Ministro das Relações
Exteriores do Brasil, o Embaixador da Ucrânia no Brasil e presidente da
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal,
Circulou nos últimos dias
imagens em redes sociais e veículos de imprensa do mundo todo, de pessoas
ciganas que têm sido alvo de ataques xenófobos e extremamente violentos por
parte de membros das Forças de Defesa Territoriais, um braço voluntário
recém-criado das Forças Armadas ucranianas. Os sites noticiosos informam que várias
pessoas da etnia Roma, incluindo adolescentes e famílias com mulheres e
crianças, teriam sido amarradas a postes de luz com fita adesiva. Seus rostos
foram borrifados com um corante antisséptico conhecido como ‘zelyonka’ nos
antigos países soviéticos, que pode causar queimaduras e problemas de saúde.
A imprensa ucraniana
justificou que as pessoas amarradas foram ‘punidas’ por supostamente tentarem
roubar passageiros de um ônibus. No entanto, outros relatos afirmam que o grupo
queria apenas conseguir comida, pois estavam morrendo de fome depois de escapar
da cidade de Kiev. Além disso, chega-nos denúncias, via veículos de
comunicação, que as pessoas romani estariam encontrando dificuldades para conseguir
fugir do país e ajuda qualificada junto aos órgãos oficiais do estado ucraniano,
justamente pela condição racial da população cigana no país.
As constantes violações
aos direitos humanos aos ciganos na Ucrânia, são uma condição secular no país,
inclusive durante a II Guerra Mundial. Historicamente vítimas de ataques extremistasno território ucraniano, incluindo de pogroms e um imaginário social racista, estereotipadoe preconceituoso, que coloca atualmente as pessoas romani em condições de
desigualdade e exclusão social. Porém, os ataques contra ciganos na Ucrânia
aumentaram nos últimos anos. A violência é promovida por neonazistas e
ultranacionistas, que dizem estar “limpando” as cidades do país.
Com a guerra, a situação
dessas comunidades, que somam em torno de 400 mil pessoas no país, piorou
muito. De uma forma em geral, os refugiados já se encontram em situações
bastante precárias, como corredores lotados e escadarias na esperança de
embarcar em trens que os levem a um lugar seguro. Contudo, relatos de
perseguição contra estrangeiros e minorias étnicas, sobretudo ciganos, negros e
indianos, acontecem desde o início da guerra.
Como todos os outros, os
romani fugiram apenas com o que conseguiram carregar, um amontoado de sacolas e
mochilas. Entretanto, para eles as dificuldades são imensas, incluindo para
garantir segurança alimentar e sofrendo discriminação. Segundo a União Romani deEspanha, estariam sendo agredidas “fisicamente nos postos fronteiriços" e durante
"os processos para conseguirem refúgio". Informadores de organizações
ligadas aos povos ciganos falam de segregação nos autocarros, esperas mais
longas em filas sob as inclemências do tempo, uma maior vigilância das mães
ciganas ou discriminação por parte dos guardas de fronteira, inclusive de
outros países vizinhos à Ucrânia, que também tem um histórico de anticiganismo
e ciganofobia generalizada.
Diante desta complexa
realidade de dupla intersecção que implode os preconceitos raciais durante a
guerra, nós lideranças ciganas e povos ciganos brasileiros, solicitamos
encarecidamente a mobilização destes órgãos públicos de representatividade
internacional, que intercedam junto à Organização das Nações Unidas, ao governo
da Ucrânia e outras instituições de direitos humanos do país e da União
Europeia, em favor das pessoas ciganas que vivem em Ucrânia, garantindo sua
segurança e bem estar.
Pedimos também que façam
esta mobilização específica junto aos países fronteiriços com o território
ucraniano, reforçando a importância de garantir a integridade física e
psicológica das pessoas ciganas em território ucraniano ou que migram de lá
para outras fronteiras europeias, como refugiados de guerra.
Na certeza de contar com
o vosso apoio, agradecemos e estimamos votos de paz.
Vidas Ciganas importam!
Brasil, 23 de março de 2022.
1.
Associação Nacional das Etnias Ciganas –
ANEC – Sobradinho/Brasília/DF
Presidente:
Wanderley da Rocha
2.
Associação Comunitária Otávio Maia –
Sousa/PB
Presidente:
Cícero Romão batista
3.
Associação Pedro Benício Maia – Sousa/PB
Presidente:
Francisco Lacerda Figueiredo
4.
Associação Raimundo de Doca Gadelha – Sousa/PB
Presidente:
Francisco Vidal (Nestor Cigano)
5.
Associação Nacional das mulheres ciganas –
Porto Seguro/BA
Presidente:
Edvalda Bispo dos Santos Viana (Dinha)
6.
Associação Nacional e Cultura Universo
Romale de Taubaté – Taubaté/SP
Presidente:
Carlos Benjamim
7.
Associação Estadual das Etnias Ciganas de
Mato Grosso – AEEC – Cuiabá/MT
Presidente:
Fernanda Alves Caiado - Aluízio de Azevedo
8.
Associação do Centro de Referência Cigana de Santa
Catarina – Major Vieira/SC
Presidente:
Rogério Silva
9.
Comunidade Cigana de Trindade/GO
Presidente:
Júlio Cesar Rodrigues e Divino Ferreira (Secretário)
10. Associação
cedro Centro de Estudos e Discussões Romani - CEDRO/SP
Presidente:
Maura Ney Piemonte
11. Associação
Ciganos Itinerantes do Rio Grande do Sul – São Leopoldo/RS
Presidente:
Rose Winter
12. Associação
dos ciganos do estado do Ceará – Tianguá/CE
Presidente:
Paloma Maia
13. Associação
dos Ciganos de Pernambuco - ACIPE – Recife/PE
Presidente:
Enildo Soares dos Santos Filho
14. Associação
Nacional da Ciganas Calins – ANCC - Itapevi/SP
Presidente:
Sonia Amaral
15. Associação
Estadual dos Ciganos do Espirito Santo – AECES – Serra/ES
Presidente:
Lucilene de Oliveira Souza
16. Associação
Estadual e Cultural de Direitos do Povo Cigano de Minas Gerais – MG
Presidente:
Itamar Pena
Soares
17. Associação
de Estudos e Defesa da Cultura Cigana Caravana da Paz - Peruíbe/SP
Presidente: Maurício Tadeu
Pereira
Estela Julietti do Nascimento Pereira
18. Associação
municipal cultural de direitos e defesa dos povos ciganos de Matozinhos e Pedro
Leopoldo /MG
Presidente:
Leone Soares
19. Associação
municipal cultural de direitos e defesa do povo cigano de Conselheiro
Lafaiete/MG
Presidente:
Celso e Rafaela
20. Centro
Calon de Desenvolvimento Integral – CCDI – Sousa/PB
Presidente:
Francisco Lacerda Figueiredo
21. Centro de
Pesquisa da Cultura Roma (CEPRECO) – Volta Redonda/RJ
Presidente:
Alessandra Tubbs
22. Centro de Cultura e
Tradições Ciganas Rom do Rio
Grande Norte – ACIGAROM
(Segmento Rom Mathuano) - Natal/RN
Presidente:
Omar
Ivanovichi
23. Circo
Coliseu de Roma (Circense) - Vargina/MG
Presidente:
Rodrigo Mikalovic
24. Comunidade
Cigana Circense Família Sbano – SP/SP
Presidente:
Adriana Sbano
25. Coletivo
Roda Cigana do Estado de São Paulo - Rede Humanitária
Coordenadora:
Lourdes Corrêa (Lu Ynaiah)
26. Comunidade
Centro de Tradição Romani – São Paulo/SP
Presidente:
Barô Jorge Nicole
27. Comunidade
Família Cigana Calon Claudomiro Cigano (Marcos Antônio
Pantaleão
- Zona da Mate Mineira) – Conselheiro Lafaiete/MG (Filiada a Roda Cigana/SP)
28. Comunidade
Itinerante, Preservação e Direitos Romani do Paraná
Responsáveis:
Nardi Casanova (Conselheira do Comper e Conselheira Municipal da Saúde), Marisa
Galvão, Weverton Passos e Fabio Soares
29. Confederação
Brasileira Cigana – CBC – Brasília/DF
Presidente:
Rogério Nicolau
30. Federação
Cigana de Minas Gerais – FEMICI – Belo Horizonte/MG
Presidente:
Leonardo Costa Kwiek
31. Federação
Cigana de Alagoas – Penedo/AL
Presidente:
José Willamis Alves Da Silva
32. Federação
Cigana de Santa Catarina – SC
Presidente:
João Rafael Amoedo
33. Federação
Cigana do Distrito Federal – Brasília/DF
Presidente:
Divino Jorge Luís
34. Federação
Cigana do Rio Grande do Sul – Passo Fundo/RS
Presidente:
Roberto Nicolau
35. Federação
Cigana do Estado de Goiás/GO - FECIG
Presidente:
Ademir Gomes da Silva
36. Federação
Cigana de São Paulo – São José do Rio Preto/SP
Presidente:
Carlos Traico Tosco
37. Federação
Romani do Estado do Rio de Janeiro – FROMERJ/RJ
Presidente:
Saulo Yanovich
38. Instituto
Cigano do Brasil-ICB – Caucaia/CE
Fórum das
Comunidades e Povos Tradicionais do estado do Ceará.
Presidente:
Rogério Ribeiro
39. Instituto
de Apoio e Desenvolvimento a Comunidade Cigana – IADESCC - Brasil
Presidente:
Jucelio Fernandes
40. Associação
Municipal Cultural de Direitos e Defesa dos Povos Ciganos de Andradas
Presidente:
João Batista Nogueira
41. Associação
Cultural de Direitos e Defesa dos Povos Ciganos de Uberlândia/MG
Presidente:
Pedro Costite Júnior e André Nicoliche
42. Coletivo
de Ciganos – Grupo Ciganagens – Salvador/BA
Representante: Roy Rogeres Fernandes Filho
43. Comitê
dos Povos Tradicionais do Estado do Mato Grosso – Aluizio Azevedo
44. Comissão
Romani do Rio de Janeiro -RJ
45. Diran
Alves, presidente do Conselho dos Povos Ciganos da Bahia
46. Jucelho
Dantas Cigano da etnia Calon
Professor
Titular da Universidade Estadual de Feira de Santana.
47. Lhuba
Stanescon Batuli
Cigana
Kalderash
Comissão de Direitos Humanos OAB
Nacional
48. Mirian
Stanescon
Cigana
Kalderash
Comissão de Direitos Humanos OAB
Nacional
49. União
Cigana do Brasil – UCB
Presidente:
Marcelo Vacite
50. Valdeir
Bueno, liderança Cigana Calon, comunidade cigana Itaberaí-GO
51. Antonio
Pereira – Vice-presidente do Instituto PluriBrasil – Conselheiro Cigano titular
no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPPIR) e conselheiro
suplente no Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CONSEPIR) do
Estado do Paraná (PR).
52. Terezinha
Alves Caiado – Conselheira titular do Conselho Nacional de Promoção da
Igualdade Racial (CNPPIR), membra titular do Comitê Estadual dos Povos e
Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT) e diretora de mobilização da
AEEC-MT
53. Uanderson
Pereira dos Santos – membro do Comitê Estadual dos Povos e Comunidades
Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT) e vice-presidente da Associação Estadual
das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT).
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