sábado, 27 de abril de 2024

Povos Ciganos se manifestam contra pesquisadores colonizadores

Eles e elas, pesquisadores, principalmente antropólogos e historiadores sabem bem: os Povos Ciganos estão no Brasil desde a colonização. Sabem que fomos escravizados em muitas "civilizações", e que enquanto povos racializados, de etnias e cosmologias, tradições outras, divergentes dessas consideradas ocidentais e COLONIZADORAS.

Estamos a resistir e a lutar pela simples subsistência da vida, não de hoje. Por muito tempo, nossos territórios têm sido explorados, ao passo em que, muitas vezes sem termos tempo para nos darmos conta, somos tratados enquanto OBJETOS de pesquisadores. Essa prática etnocentrista tem sido aplicada enquanto metodologia rentável, capaz de proporcionar títulos, cargos, poder e riquezas para quem até aqui, só nos enxerga por meio desse ângulo de visão: colonizador, colonialista, colonial...

É muito recente nosso acesso a alguns espaços e lugares desses conhecimentos outros da hegemonia e isso tem incomodado e muito!

É mais que legítimo reforçar que tais pessoas batem em nossas portas e comunidades em busca de conhecimento para suas pesquisas, passam a conviver e aprender, e a partir dessas pesquisas, passam em concursos, assumem cargos, viram referências e até mesmo nossos representantes. Não legitimamos mais que falem em nossos nomes. Somos postos como incapazes de nos representar e falar por nós pelos próprios, que um dia beberam em nossas fontes e fizeram da nossa cultura e conhecimento sua escada de sucesso.

Depois de explorar e se apropriar, querem seguir nos usurpando e sendo muito bem pagos para isso.  Desde sempre suspeitamos e hoje estamos convictos de que precisamos dar um basta! Em um último acontecimento, um suspeito mapeamento de pesquisa, financiado com dinheiro público, tem sido o estopim e a certeza do que outrora suspeitamos: estão nos usando. Dando migalhas, enquanto seguem nos tratando enquanto "objetos" declarados.

Aqui no coletivo, tivemos um recente acontecimento, em que uma Universidade federal, em sua área da educação, em que mais uma vez, no ano de 2024, chamaram ao debate sobre nossas vidas, onde nenhuma pessoa cigana estava presente na mesa. E fomos acusados de raivosos quando ousamos reclamar desse lugar de objeto.

Nossos "analfabetos" valem R$ 700,00, enquanto doutores que nos usurpam, valem mais R$ 3.000,00!

Seguem querendo nos rebaixar e empurrar para as margens... Enquanto seus artigos científicos são regados de teorias decoloniais.

Não aceitaremos mais! #nãoaospesquisadorescolonizadores; #nãoaospesquisadorescolonialistas; #nãoaospesquisadorescoloniais

Nossos saberes, nossos anciões e lideranças não tem preço! Nossos baús de ouro são de valor inestimável! Nosso povo merece respeito, dignidade e reconhecimento.

Os limites dos pesquisadores e suas pesquisas que de nada até aqui serviram, extrapolou os limites do aceitável!

#NadaDeNósSemNós

#NadaSobreNósSemNós

#PovosCiganosContraPesquisadoresColoniais

#Chega

Coletivo Ciganagens



terça-feira, 23 de abril de 2024

Caminhos Ciganos é selecionado para o FICA 2024

O curta-metragem concorrerá na Mostra de Cinema Indígena e de Povos Tradicionais do 25 Festival Internacional de Cinema Ambiental

Caminhos Ciganos (24’, 2023) foi um dos curta-metragens selecionados para participar no 25º Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA), com o tema “Tecnologia, Inovação e Mudanças Climáticas”.

O filme será exibido na Mostra de Cinema Indígena e de Povos Tradicionais. Novidade neste ano, a mostra é dedicada a exibição de filmes de cineastas indígenas e de comunidades tradicionais, com premiação para longas e curtas-metragens.

53 produções audiovisuais se inscreveram para a Mostra Indígena e de Povos Tradicionais. Do Brasil, de estados como Roraima, Amazonas, Bahia, São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais e apenas seis foram selecionados.

Dirigido por Aluízio de Azevedo e codirigido por Rodrigo Zaiden e Karen Ferreira, Caminhos Ciganos aborda e tece relações, por meio do audiovisual entre diferentes comunidades ciganas brasileiras do tronco étnico Calon e entre distintas comunidades de Brasil e Portugal.

Para saber mais, acesse o site do filme Caminhos Ciganos.

A produção é realizada por meio de seleção no edital Cine Motion 2021 da Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), com o apoio da AEEC-MT, GIZ, Ministério Público Federal (MPF), Assembleia Social, Prefeitura Municipal de Tangará da Serra.

Para conhecer todos os filmes selecionados para as mostras competitivas, basta acessar ao link: https://fica.go.gov.br/filmes-em-competicao/

Panorama da produção cinematográfica ambiental

Neste ano, 1.078 produções foram inscritas para participação no Festival, que será realizado de 11 a 16 de junho, na cidade de Goiás (GO e vai destinar premiações que variam de R$ 5 mil a R$ 35 mil, além de troféus e menções honrosas.

As comissões responsáveis pela avaliação do material audiovisual são formadas por profissionais com notória experiência e conhecimentos na área e, em sua maioria, estão compostas por membros escolhidos a partir de chamada pública, contando também com indicações da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Goiás.

De acordo com o site do festival, a temática foi escolhida para fazer coro com as metas da COP30, que ocorrerá em 2025, em Belém do Pará, no Brasil.

“o objetivo é trazer para os holofotes o debate sobre o papel da tecnologia na transição em direção a uma economia de baixo carbono e alinhar o festival com os debates que ocorrem rumo à COP-30, em 2025, na cidade de Belém”, diz trecho no site.

O FICA - 25 Anos de História

O primeiro festival de cinema a abordar a temática ambiental do Brasil e um dos pioneiros no mundo, completa bodas de prata no ano de 2024. Consolidado como um dos eventos mais expressivos no gênero, o festival é referência tanto no cenário nacional quanto internacional.

A cada ano, nas telas do histórico Cine Teatro São Joaquim, na cidade de Goiás, é exibido um recorte do que há de mais novo, relevante e inquietante em termos de filmes que tratam da relação entre ser humano e natureza.

O Fica é um fórum de debates ambientais de alto nível, reunindo sempre grandes pensadores e líderes internacionais para discutir o presente e o futuro do planeta e da humanidade.

Por suas sessões de cinema e debates ambientais já passaram os mais importantes nomes do cinema e do meio ambiente no Brasil e no mundo, como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues, Eduardo Escorel, Nelson Pereira dos Santos, João Batista de Andrade, Marina Silva, Miriam Leitão, Washington Novaes, entre outros.

Imagem do filme em Saintes-Maries-De-La-Mer, França, na Festa de Santa Sara kali

O Fica é inseparável da cidade de Goiás. Foi parte importante do processo que levou ao reconhecimento da cidade como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco e segue contribuindo com a economia e a cultura da antiga capital do estado, parceira de sua realização.

Realizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), o festival conta com a correalização da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Fundação de Rádio e Televisão Educativa e Cultural (Fundação RTVE).

Assessoria de Comunicação do filme Caminhos Ciganos, com informações do Site do FICA

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Comunidade Cigana de Rondonópolis participa de oficina do CEPCT e programa REM-MT

Grupo de Danças Tradição Cigana fez uma participação especial no evento

Um total de 10 pessoas ciganas oriundas de Rondonópolis, Cuiabá e Tangará da Serra, participam, desde o último 17 (quarta-feira) até hoje (19/04), de oficina regional do Processo de Consulta aos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso para o Programa REM/MT – Fase II e divulgação do processo de eleição do Conselho Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT).

O evento ocorre no hotel Horto, em Rondonópolis e reúne 12 segmentos de Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) mato-grossenses, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pantaneiros, morroquianos, extrativistas, seringueiros, retireiros do Araguaia, rezadeiros, benzedeiros, etc.

Capitaneadas pela vice-presidente da AEEC-MT, Jéssika Lorrayne Cabral Lima Leme, a mestra da cultura mato-grossense Maria Divina Cabral, a Mestra Diva e a coordenadora de mulheres da instituição, Nilva Rodrigues Cunha, que residem em Rondonópolis, participam sete pessoas do município no encontro.

Entre elas, Hérica Esteves Cunha, Edione Martins Cunha, Leidiane Alves Pereira, Normeci Pinheiro, AmandaPinheiro e Audelena Dias Cabral. Além disso, participam do encontro Leida Alves Cunha, de Tangará da Serra e Marcos Gattas e Adriana Achla, de Cuiabá.

Na manhã desta sexta-feira, o grupo de danças Tradição Cigana realizou uma apresentação no evento, que é organizado pelo governo do Estado, por meio das Secretarias de Estado de Meio Ambiente (SEMA) e Trabalho e Cidadania (SETASC) e financiado via programa REM.

O encontro preparatório regional de Rondonópolis faz parte de uma série de oficinas com o objetivo de proporcionar um espaço de diálogo, e consolidar a consulta quanto ao fortalecimento da participação dos PCTs na segunda fase do Programa REM, além de apoiar a divulgação do processo de eleição para a composição dos novos membros do CEPCT/MT.

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Assessoria para Ciência e Comunicação da AEEC-MT

Livro publicado pelo Ministério da Saúde aborda em ensaio humanização na saúde cigana

 

Publicação pode ser baixada no site da BVS

Acaba de sair publicado pela Editora do Ministério da Saúde o livro "Encontros de cultura e saúde : como a antropologia pode ajudar a pensar o SUS hoje”.

Realizada em parceria com a Unirio, a obra conta com ensaio escrito pelo Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT, Aluízio de Azevedo.

O ensaio é intitulado “Para além da diversidade cultural, a perspectiva êmica e ética nos caminhos para humanização e pesquisa na saúde cigana”.

A obra já está disponível online na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e pode ser baixada no seguinte link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/encontros_cultura_saude_antropologia_sus.pdf

O livro integra uma coletânea, cuja Curadoria foi realizada por Ildenê Guimarães Loula, Rosamelia Queiroz da Cunha, Tania Cristina de Oliveira Valente e Thiago Petra da Silva.

O primeiro volume deste trabalho consiste em 11 ensaios que abordam diversas questões relacionadas à cultura, experiência da doença e práticas terapêuticas alternativas. O foco principal é analisar esses temas sob a perspectiva da antropologia da saúde.

Os Encontros de Cultura e Saúde, organizados por um coletivo multidisciplinar, visam fortalecer e defender o Sistema Único de Saúde (SUS) através da produção e disseminação de informações relevantes. Além disso, buscam criar conteúdos colaborativos em saúde, cultura e arte para apoiar o ensino em saúde.

A coletânea explora as interseções entre saúde, história, memória, cultura e arte, destacando a dimensão estética da vida.

Os ensaios discutem crenças, valores, espiritualidade e fé em relação à saúde, bem como os danos causados pela exploração utilitária dos recursos naturais e as ameaças representadas pela crise ambiental, incluindo reflexões sobre a era do Antropoceno.

Essa obra também apresenta análises sobre ações urgentes e possíveis soluções para enfrentar essa realidade preocupante.

A imagem da capa, que ilustra esse post, foi produzida com as mãos dos pacientes do Centro de Convivência Antônio Diogo, no Ceará. Mãos com as marcas da hanseníase.

O livro contou ainda com a colaboração de Edson Mendes de Oliveira, Raquel da Silva Teixeira e Pâmela Pinto.

Veja abaixo o resumo do ensaio Para além da diversidade cultural, a perspectiva êmica e ética nos caminhos para humanização e pesquisa na saúde cigana”.

Resumo

Quais desafios e oportunidades a relação entre os campos da saúde pública e da antropologia podem proporcionar no âmbito da saúde cigana? Que camadas de diálogos interculturais se estabelecem entre pesquisadores(as) e pessoas ciganas, ou entre usuários(as) ciganos(as) e profissionais de saúde? Quais perspectivas os contextos culturais apresentam na visão das determinações sociais da saúde? Essas e outras questões são abordadas de forma ensaística neste texto, que busca reforçar a importância do foco na perspectiva êmica do campo antropológico para o campo da saúde pública (estudos e práticas) e das políticas afirmativas de saúde para os povos ciganos. Palavras-Chave: Povos ciganos. Êmica. Ética. Antropologia. Saúde pública.

Obra Disponível para baixar no site da BVSMS:

 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/encontros_cultura_saude_antropologia_sus.pdf

Assessoria para Ciência e Comunicação da AEEC-MT

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Coletivo Ciganagens lança campanha para impressão de Guia da Saúde da Mulher Cigana

O Ciganagens lançou campanha virtual no site Benfeitoria para a impressão do Guia da Saúde da Mulher Cigana e outros materiais institucionais do Coletivo.

Voltado para a saúde sexual e reprodutiva das mulheres ciganas, o guia  será distribuído em três comunidades.

A outra parte do recurso será utilizada para materiais gráficos intitucionais de identificação para uso em atos e encontros de cunho político e ativista, como bandeiras, blusas e bolsas. Nenhum material será comercializado.

No texto divulgado na postagem de lançamento da campanha em sua página no Insta, o coletivo reforça que este “é um projeto muito trabalhado por três primas do coletivo no ano passado e que espera conseguir fundos para que no próximo dia 24 de maio, o material possa rodar em 3 comunidades no Brasil, para estimular a autonomia das nossas primas nos territórios tradicionais. Infelizmente, nossos povos não estão incluídos em nenhuma política pública de saúde sexual e reprodutiva do governo, um fato que gera diversas comorbidades e nos afasta da sociedade enquanto povos que a compõem”.

Além desse modelo confeccionado para mulheres ciganas, o Coletivo também elaborou um guia destinado aos gestores e profissionais da saúde, que pode ser também baixado de forma online no site do grupo.

Os dois guias da saúde da mulher foram produzidos como atividade final do curso de Extensão Juventude Cigana: da Invisibilidade à Comunicação Popular em Saúde, realizado em parceria entre a Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), o Coletivo Ciganagens, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e o Coletivo Orgulho Romani, com financiamento de chamada pública da Fiocruz-Brasília, OPAS e governo do Canadá.

Responsáveis pela campanha: Sara Macêdo kali (Responsável pelo guia de saúde da mulher cigana); Desirée Mattos Almeida (Responsável pelo guia de saúde da mulher cigana); Hayanne Iovanovitchi (Responsável pelo guia de saúde da mulher cigana); e Danillo Kalón (Responsável pelo material gráfico do coletivo).

Outras Informações pelo email
coletivociganagens@gmail.com.

Ciganagens

O Coletivo nasce em 2020, em um momento de pandemia, em que as relações orgânicas presenciais estavam prejudicadas, com o objetivo de formar uma rede apoio mútuo, com informação, arte, direito e educação atuando em prol dos direitos dos Povos Ciganos no Brasil, por meio da promoção de ações e de narrativas de pessoas ciganas pautadas pelo ativismo anticolonial, antirracista e antissexista, bem como pela via da integração LGBTQIAPN+.

O coletivo é formado por ciganes de diversas áreas profissionais, como jornalismo, artes, direito e pedagogia. Atualmente tem 7 integrantes, oriundos da Bahia, Goiás, Paraíba, Mato Grosso, Paraná e Rio de Janeiro.