segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Ciganos serão incluídos em políticas afirmativas de cotas na Unilab do Ceará

Após portaria da Instituição, Grupo de Trabalho é criado para elaborar ações inclusivas e determinar grupos identitários contemplados e quantidade de vagas a serem disponibilizadas

A comunidade cigana foi incluída nas políticas de cotas da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). O Grupo de Trabalho (GT) para elaboração do projeto de políticas afirmativas estudantis da Unilab no Ceará foi criado após a portaria de número 438 ser assinada pelo reitor Roque do Nascimento Albuquerque, na última segunda-feira (19). Tendo como objetivo elaborar ações inclusivas na Instituição, a proposta é pioneira no Estado por incluir os ciganos dentro dos grupos contemplados.

Segundo a portaria, o GT é responsável pela “elaboração das diretrizes, critérios de seleção, vagas e permanência das populações contempladas no Programa de Ações Afirmativas da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira”.

Na perspectiva do presidente do Instituto Cigano Brasil (ICB), cigano Calon, Rogério Ribeiro, essa ação é de “extrema importância” para reduzir desigualdades históricas, inspirar a proposta em outras Instituições de ensino superior e incentivar a entrada e permanência desse grupo em espaços do ensino superior.

Conforme aponta, somente da etnia Calon são contabilizados cerca de 20 mil ciganos no Ceará, distribuídos em pelo menos 60 municípios. Porém, há somente duas estudantes autointituladas ciganas na Instituição.

“Cerca de 70% dos ciganos são analfabetos. Então isso é um incentivo e grandeza de uma instituição como a Unilab atender também o povo cigano”, compartilha.

Inclusão

A cigana do subgrupo Rom, Kalderash, Flor Fontenele, vê essa inclusão como “uma conquista tremenda, enorme”. Sendo uma das duas estudantes autointituladas ciganas que está na Unilab Ceará, cursando o 4º semestre de Bacharelado em Humanidades, compreende que há uma dificuldade de conseguir ocupar o ensino superior e permanecer.

Para além de estudante, ela também está compondo o GT e busca ajudar a identificar o número de ciganos com ensino médio concluído, pois “serão os futuros estudantes que poderão acessar essas cotas”. Além disso, deseja acompanhar as reuniões durante o processo para traçar as diretrizes de seleção. “A nossa defesa nesse momento é que seja um edital específico, ou seja, que ciganos concorram com outros ciganos por essas vagas”, finaliza.

De acordo com o reitor da Unilab, Roque Albuquerque, cigano da etnia Calon, o foco da ação é poder dar assistência a grupos em situação de vulnerabilidade e historicamente excluídos do ensino superior. 

Os ciganos, por sua história, também foram contemplados para o programa de cotas e essa inclusão, para ele, é “de suma importância”.

“Eu sou um cigano e me tornei o primeiro reitor cigano em uma universidade pública no Brasil. Incluir os ciganos é uma correção histórica, é importante que saibam que estamos aqui e que existimos. Somos capazes. Se eu cheguei, outros podem chegar. É marco”, declara.

Grupo de Trabalho

Segundo o pró-reitor de Políticas Afirmativas e Estudantis da Instituição, James Moura, durante a fase inicial de planejamento, serão definidos os critérios de seleção dos grupos específicos. Além dos ciganos, devem ser contemplados outros grupos identitários, como indígenas e quilombolas.

“As ações afirmativas têm um papel de um processo de reparação histórica das desigualdades de acesso de ensino. Apesar das políticas de cotas existirem, precisa avançar e contemplar outros grupos que também foram historicamente marginalizados no sentido de acesso ao ensino superior”, declara.

O GT possui um prazo de 60 dias para apresentar um documento a fim de direcionar, de modo mais prático, as políticas afirmativas. Após a finalização do GT em janeiro, as propostas ainda passarão por trâmites internos e jurídicos dentro da Unilab, não havendo, portanto, um prazo efetivo para o início de adoção das cotas.

Disponível em: agenciabr.com.br/ciganos-serao-incluidos-em-politicas-afirmativas-de-cotas-na-unilab-do-ceara/ 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

AEEC-MT participa de consulta da ONU para agenda 2021 da Seção de Povos Indígenas e Minorias


 Encontro reuniu mais de 20 ativistas ciganos de países como Brasil, Argentina, Colômbia e Estados Unidos

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) participou, nesta quinta-feira (15/10), de uma reunião da Seção de Povos Indígenas e minorías do Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas (IPMS) para debater sobre o planejamento da agenda 2021 da instituição para os povos Romani que vivem nas Américas, especialmente, na América Latina.

A abertura da consulta, que ocorreu na plataforma zoom entre 09h e 13h (horário de Cuiabá), foi realizada pelo chefe da Seção de Povos Indígenas e Minorías do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (OACNUDH), Paulo David, com a coordenação da Oficial de derechos humanos especialista em minorias da OACNUDH, Belen Rodriguez de Alba.

Com o intuito de examinar a melhor maneira de utilizar o tempo e os recursos humanos para apoiar aos defensores dos direitos humanos e a sociedade civil cigana nas Américas em 2021, o encontro reuniu mais de 20 ativistas de países como Brasil, Argentina, Colômbia e Estados Unidos.

Entre eles, o Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT e membro do coletivo internacional #OrgulhoRomani, o Kalon Aluízio de Azevedo, que mediou a mesa 2 “Reconhecimento, Participação, proteção e marco jurídico"; e a integrante do coletivo #OrgulhoRomani e da Associação Zor, de Argentina, a Romi brasileira Aline Miklos, que mediou a mesa 1 “Preocupações e questões de direitos humanos que afetam as populações romani nas Américas”.

Além dessas duas mesas, o encontro contou com outras três: “Aspectos de gênero e interseccionalidade", mediada pela ativista Romi brasileira, Veruska Vanconcelhos; “Conhecimento e uso do sistema das Nações Unidas”, cuja mediação foi feita pela Romi colombiana, Ana Dalila Gomez Baos; e “Até à frente: opções para configurar a agenda 2021", mediada pelo Rom argentino Jorge Bernal.

Aline Miklos apresentou a questão dos direitos humanos, da discriminação e do racismo que enfrentam as comunidades ciganas nas Américas. Ela destacou a importância em se construir planos nacionais de integração para os povos romani em todos os países americanos. 

Já Aluízio apresentou um debate sobre a situação atual do reconhecimento, da inclusão e da proteção dos povos ciganos, refletindo sobre as leis e as políticas afirmativas, apresentando um panorama atual em curto e médio prazo, especialmente, acerca dos impactos das crises pandémicas, que aflorou o racismo estrutural e problemas sociais históricamente enfrentados pelas pessoas romani.

O representante da AEEC-MT ponderou ainda que setores governamentais, organizações nacionais e internacionais da sociedade civil organizada e o próprio movimento social cigano como aspectos positivos para mudar essa realidade de exclusão que foi agravada pela pandemia do Covid-19 em todos os países latinoamerianos. Por fim, Aluízio também lembrou a importância de políticas públicas transversais e interseccionais, que favoreçam questões de gênero voltadas para mulheres e LBGTQI+ ciganos.

Várias propostas surgiram durante a reunião, entre elas, a de que cada país crie um grupo de trabalho para levantar as principais demandas e especificidades. O grupo também sugeriu a criação de um documento sintético que será assinado por todos os participantes da consulta para ser entregue ao Fórum de Minorías e ao Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU.

O professor e ativista kalon brasileiro da Bahia, Jucelho Dantas, além de integrantes da Associação Internacional Sarah Mailê Kali, também participaram da reunião representando o movimento cigano brasileiro.

Assessoria de Comunicação da AEEC-MT

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Comunidade Cigana prorroga mantado da diretoria da AEEC-MT

A diretoria continuará no mandato por mais um ano, quando terão novas eleições

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) decidiu por unanimidade, no último dia 27 de setembro (domingo) prorrogar o mandato da sua nova diretoria para o próximo ano, no período entre 01 de outubro de 2020 a 30 setembro de 2021. A Assembleia Geral ocorreu entre 09h e 09h40, de maneira virtual pela plataforma zoom.

Conheça mais sobre o histórico da AEEC-MT e da comunidade cigana kalon em Mato Grosso aqui: https://aeecmt.blogspot.com/p/historico-e-objetivos.html

Texto: Aluízio de Azevedo, Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT

Fotos: Arquivo de família Alves Pereira