quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Retrospectiva 2023 AEEC-MT

 

III Encontro de Cultura Cigana de MT que ocorreu em Rondonópolis no período de 04 a 06 de setembro e reuniu mais de 120 pessoas de comunidades ciganas de 6 cidades

O ano de 2023 foi bastante especial para a Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) e, consequentemente, de vitórias e conquistas para as comunidades ciganas que vivem no Estado.

Encerramos, por exemplo, o ano com a boa notícia de que fomos reconhecidos como Ponto de Memória pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e recebemos o prêmio Ponto de Memória do órgão, pela execução do projeto Diva e as Calins de MT: Ontem, Hoje e Amanhã. Este é o segundo prêmio que a AEEC-MT recebe pelo projeto, que em 2022, recebeu o prêmio Rodrigo Mello Franco, concedido pelo IPHAN.

Além do reconhecimento nacional do IBRAM, conseguimos firmar com a Secel-MT, por meio de aprovação no Edital Viver Cultura 2022, termos de compromisso para a realização de dois projetos, que serão executados no primeiro semestre de 2024: o II Encontro de Mulheres Ciganas de Mato Grosso, em Cuiabá; e a I Oficina de Chibe: Reavivando a Língua Calon, em Tangará da Serra.

Também garantimos em 2023 a continuidade da série com as mulheres Calins, aprovada em edital do Fundo Elas +; a implementação do Núcleo de Artes Cênicas Tradição Cigana em Rondonópolis, por meio de aprovação do Edital Move MT 2, ofertado pela Secel-MT, Oi Futuro e Instituto Eklloos. E fomos aprovados no edital da Fundação André Lúcia Maggi (FALM) para fortalecimento do nosso núcleo de audiovisual.

Quer saber mais sobre a atuação da AEEC-MT, acompanhe nossas redes sociais e canais no Instagram, Facebook e YouTube


No âmbito político e representativo, participamos das atividades do CEPCT-MT, que incluíram oficinas para a construção do plano de comunicação, do programa REM-MT e também participação do Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT, Aluízio de Azevedo, na COP28, que ocorreu em Dubai, em dezembro.

Em maio de 2023 concluímos nosso mandato iniciado em maio de 2021 no Conselho Nacional de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (CNPPIR), órgão vinculado ao Ministério da Igualdade Racial (MIR). Encerramos o nosso mandato em reunião realizada com a Ministra do MIR, Anielle Franco, em que apresentamos as demandas dos povos ciganos.

Além disso, executamos quatro grandes projetos culturais e eventos políticos: O projeto Juventude Cigana: da Invisibilidade à Comunicação Popular em Saúde; o III Encontro de Cultura Cigana de Mato Grosso; três oficinas do projeto de Mapeamento do CEPCT-Unemat; e a Oficina da Plataforma de Territórios Tradicionais do MPF.

Confira abaixo a nossa retrospectiva 2023 e as principais ações executadas ao longo do ano.

Janeiro, Fevereiro e Março

Juventude Cigana: da invisibilidade à comunicação popular em saúde



Começamos 2023 com o pé direito, executando o projeto “Juventude Cigana: da invisibilidade à comunicação popular em Saúde”, por meio de uma parceria com o D
epartamento de História da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

O projeto formou 21 jovens ciganos, ciganas e ciganes de 10 estados brasileiros para a produção de conteúdos digitais nas áreas de saúde considerando o combate à fake news e a consolidação de modelos de comunicação que se preocupem com as realidades das comunidades romaníes no Brasil.

O curso foi organizado partir de chamada pública da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)  com financiamento do governo do Canadá, que selecionou projetos de comunicação popular em saúde de todo o país.

Foram oito sessões online, com especialistas e profissionais, sobre temas relativos à comunicação e saúde das comunidades ciganas, partindo do olhar crítico às mídias e a desinformação em saúde.

Os encontros aconteceram entre 28/02 e 23/03 com uma hora e meia de duração cada. Participantes receberam ajuda de custo como incentivo à participação. Após o encerramento do curso e foi elaborado um guia online de reaplicabilidade do curso.

Abril

 

Cerimônia do Prêmio Rodrigo Mello Franco

 

O projeto Diva e as Calins de Mato Grosso: Ontem, Hoje e Amanhã, foi uma das 10 iniciativas vencedoras da 35ª edição do Prêmio Rodrigo Mello Franco 2022, concedido pelo IPHAN. Para saber mais: https://aeecmt.blogspot.com/2023/04/calins-de-mt-participam-da-cerimonia-do.html

A cerimônia oficial de entrega do prêmio ocorreu nesta terça-feira (18.04), de forma online, com a participação do presidente do órgão, Leandro Grass. Também na ocasião, representantes de todas as iniciativas vencedoras tiveram direito a fala. Entre elas, duas integrantes do projeto Diva e as Calins de Mato Grosso: a mestra da cultura mato-grossense, raizeira e benzedeira, Maria Divina Cabral e a professora aposentada, Irandi Rodrigues Silva.

A cerimônia pode ser vista na íntegra no seguinte link: https://youtu.be/iT2GrD0s9JI

Campanha Juventude Cigana

Peça da Campanha Ciganos no IBGE desenvolvida pelos estudantes do curso Juventude Cigana e lançada em maio de 2023 nas redes sociais

Vinte e um jovens ciganos concluintes do curso de extensão “Juventude Cigana: da Invisibilidade à Comunicação Popular em Saúde” apresentaram nesse mês de abril, cinco campanhas de comunicação voltadas para as redes sociais.

Os produtos fazem parte do trabalho final da formação e trazem temáticas que visam a cidadania e a inclusão social dos povos ciganos, por meio do combate ao racismo, discurso de ódio contra pessoas ciganas, desinformação e fake news em saúde. Para saber mais e conhecer as campanhas: https://aeecmt.blogspot.com/2023/04/jovens-romani-criam-campanhas-de.html

Maio

Lançamento da Minissérie Diva e As Calins de MT

No mês de maio, quando comemoramos o Dia Nacional dos Ciganos (24 de maio), concluímos com maestria o projeto “Diva e as Calins de Mato Grosso: Ontem, Hoje e Amanhã”, com o lançamento da minissérie Diva e as Calins de MT. A minissérie que pode ser acessada no link do projeto, www.galeriacalin.com e também no canal do YouTube da Associação.

CNPPIR 2021/2023

Em maio de 2023, encerramos o nosso mandato no Conselho Nacional de Promoção de Políticas de Igualdade Racial, órgão vinculado ao atual Ministério da Igualdade Racial (MIR), com reunião com a ministra do MIR, Anielle Franco, onde apresentamos demandas dos povos ciganos. O cargo de titular foi ocupado por Terezinha Alves e o de suplente por Aluízio de Azevedo. Para ver mais: https://aeecmt.blogspot.com/2023/03/cnpir-realiza-reuniao-com-presenca-de.html

Guia de Reaplicabilidade do Curso Juventude Cigana

 

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) lançou em 30 de maio, o “Guia Prático para replicação para Povos Ciganos e Povos Tradicionais” do Curso de extensão “Juventude Cigana: da Invisibilidade à Comunicação Popular em Saúde”. A ação encerra as atividades do curso, que foi ofertado em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e teve como objetivo o combate às fake news e desinformação no campo da saúde pública. O documento está disponível para baixar no seguinte link.

Junho

Aprovação no Move MT 2

Grupo de Danças Tradição Cigana representa a AEEC-MT no Move MT

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) foi uma das 20 instituições/projetos aprovadas na 2ª edição do Projeto de Aceleração de Negócios Criativos, de Inovação e/ou Impacto Sociocultural de Mato Grosso – MOVE_MT 2. 

Desenvolvido pela Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), em parceria com a Oi Futuro, nesta segunda edição o Programa ofertará mentoria para a AEEC-MT com o objetivo de implementação do Núcleo de Artes Cênicas Tradição Cigana, em Rondonópolis. 

 O resultado pode ser conferido no site da Move_MT: https://oifuturo.org.br/editais/move_mt  

 Agosto

 Aprovação no Edital Elas +

 A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) tem uma super novidade para 2024: vem aí a segunda temporada da minissérie Diva e as Calins. Desta vez, serão produzidos cinco novos episódios com mulheres ciganas de três Estados do cerrado: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

O financiamento para garantir a continuidade da temporada 2 da série veio por meio da seleção da AEEC-MT no edital Mulheres em Movimento 2023 – por Solidariedade, Justiça e Democracia, uma ação do Fundo Social Elas + - Doar para Transformar: https://fundosocialelas.org/. 

Para conferir a lista de organizações contempladas Clique aqui. 

Além dos cinco episódios, com o recurso que receberá do Fundo Elas +, a AEEC-MT terá a oportunidade de construir um site institucional. O projeto deverá ser desenvolvido em 10 meses.

Setembro Cigano

III Encontro de Cultura Cigana de MT: Assembleia Geral e Eleições AEEC-MT

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) completou em 17 de outubro seis anos de fundação. Para comemorar a data, a diretoria da organização realizou uma série de eventos em Rondonópolis, cidade com maior concentração de pessoas ciganas no Estado, cerca de 200.

Realizamos o III Encontro de Cultura Cigana de Mato Grosso, evento que reuniu mais de 120 pessoas e contou com programação que contemplou questões políticas e culturais dos povos ciganos mato-grossenses.

Como por exemplo, a nossa Assembleia Geral Ordinária, no acampamento cigano no Bairro Colina Verde, em Rondonópolis em 06 de setembro, com a presença de mais de 50 associados, onde foi eleita a nova diretoria da instituição, que continua em sua maioria composta por mulheres, incluindo a presidência, vice-presidência, secretaria e tesouraria.

Conheça a nova diretoria da AEEC-MT aqui.

Plataforma de Territórios Vivos - MPF

Outro evento que integrou a programação do III Encontro foi a Oficina da Plataforma de Territórios Tradicionais do Ministério Público Federal (MPF). O evento ocorreu em Rondonópolis, no dia 05 de setembro, ocasião em que participaram 18 pessoas ciganas, de várias cidades mato-grossenses, com a presença do procurador da república da 6ª Câmara do MPF, Ricardo Pael e a superintendente da Secel-MT, Keiko Okamura.

plataforma é um projeto do Ministério Público Federal (MPF) executado em parceria com o Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), a Rede de PCTs e a empresa de cooperação alemã GIZ Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit.

Veja mais em Procuradoria da República em Mato Grosso: em: https://www.mpf.mp.br/mt/sala-de-imprensa/noticias-mt/mpf-recebe-reivindicacoes-de-povos-ciganos-durante-oficina-realizada-em-rondonopolis-mt

Circuito de Lançamento do  Filme Caminhos Ciganos

A programação do III Encontro, contou ainda com a exibição do Filme Caminhos Ciganos em 05 de setembro em Rondoonópolis, que por sua vez, integrou o Circuito de Lançamento do Filme Caminhos Ciganos, que a AEEC-MT apoio e ocorreu ainda em Tangará da Serra (30 de outubro) e Cuiabá (09 de setembro). Saiba mais em: https://aeecmt.blogspot.com/2023/09/filme-caminhos-ciganos-estreia-em.html

Dirigido pelo cineasta cigano, Aluízio de Azevedo e patrocinado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), a obra transita por comunidades ciganas de Brasil, Portugal e França, incluindo lideranças romani de Tangará da Serra, Cuiabá e Rondonópolis.

Programa Avisa Lá que Eu Vou

Além disso, a comunidade participou de forma muito especial no dia 06 de setembro do programa Avisa Lá que Eu Vou, com o apresentador Paulo Vieira, que será exibido no canal GNT, com janela para o programa Fantástico da Rede Globo. O programa deve ir ao ar em maio de 2024. Saiba mais: https://aeecmt.blogspot.com/2023/09/oficina-do-mpf-lancamento-do-curta-e.html


Outubro

Aprovação no Edital da FALM: núcleo de audiovisual

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) foi uma das 40 organizações, movimentos sociais ou coletivos selecionados no Edital de Fortalecimento das Capacidades Institucionais da Fundação André Maggi (FALM).

A proposta da AEEC-MT no edital é o fortalecimento de seu núcleo de audiovisual, uma vez que esta é uma das principais áreas de atuação da associação, especialmente, no trabalho de registro, reconhecimento, salvaguarda e divulgação das tradições, saberes, costumes e manifestações culturais ciganas. Saiba Mais: https://aeecmt.blogspot.com/2023/10/aeec-aprovada-no-edital-da-fundacao.html

Novembro

Prêmio Ponto de Memória

AEEC é selecionada para o prêmio Ponto de Memória do IBRAM A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) foi uma das 60 iniciativas contempladas para receber o prêmio Pontos de Memória 2023, concedido pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). O resultado da premiação, que está em sua quarta edição, foi divulgado nesta terça-feira (28.11) e pode ser acessado aqui, onde as outras iniciativas contempladas também podem ser conhecidas.

A ação museológica inscrita pela AEEC-MT no prêmio foi o projeto Diva e as Calins de Mato Grosso: Ontem, Hoje e Amanhã, que reconheceu a raizeira e benzedeira cigana, Maria Divina Cabral, a Diva, como mestra da cultura mato-grossense, por seus relevantes serviços prestados na manutenção da medicina tradicional cigana e da cultura Calon.

Dezembro

AEEC-MT envia representante para COP28

Três representantes do Comitê Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Trabalho, Ação Social e Cidadania de Mato Grosso (SETASC-MT), participaram da 28ª Conferência das Partes (COP28) das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O evento aconteceu nos Emirados Árabes, em Dubai, entre 30 de novembro e 12 de dezembro de 2023.

Laura Ferreira, da comunidade Ribeirão da Mutuca, território quilombola de Mata Cavalo; Lidiane Taverny Sales, Retireira do Araguaia da comunidade de Mato Verdinho; e Aluízio de Azevedo, Calon da comunidade cigana de Cuiabá, foram a COP28 para debater as questões ambientais e climáticas que afetam suas comunidades. A participação dos PCTs mato-grossenses foi financiada por duas ações do governo do estado: o programa REM e o projeto Janela B, ambos executados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA-MT).

O representante dos povos ciganos de MT na COP28, apontou para a necessidade que os Estados e governos têm em conhecer e reconhecer a contribuição dos povos e comunidades tradicionais brasileiros, especialmente, os pertencentes aos três troncos étnicos Romani, os Calon, os Rom e os Sinti, tanto para o desenvolvimento econômico, histórico, cultural e social do país, quanto para a conservação da natureza.

Saiba mais em: https://aeecmt.blogspot.com/2023/12/representantes-de-povos-e-comunidades.html

Assessoria para Ciência e Comunicação da AEEC-MT

domingo, 24 de dezembro de 2023

Nota de pesar pelo falecimento de Dalva Alves Pereira

Com profundo pesar, a Associação Estadual das Etnias Ciganas (AEEC-MT) comunica o falecimento de sua associada, Dalva Alves Pereira, neste sábado (23.12), devido a complicações de um câncer.

Filha de Odilon Marcelino e Jovina Alves Pereira, Dalva nasceu em Campinas Verdes (MG) e faleceu aos 59 anos, em Rondonópolis, onde residia há mais de 30 anos.

As nossas condolências e sentimentos aos seus dois filhos: Viviane Alves Garcia e Weverson Alves Garcia e a toda comunidade Calon de Rondonópolis, que segue enlutada.


Cuiabá-MT, 24 de dezembro de 2023. 

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Representantes de Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso participam da COP28

Três representantes do Comitê Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Trabalho, Ação Social e Cidadania de Mato Grosso (SETASC-MT), participarão da 28ª Conferência das Partes (COP28) das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O evento acontece nos Emirados Árabes, em Dubai, entre 30 de novembro e 12 de dezembro de 2023.

Laura Ferreira, da comunidade Ribeirão da Mutuca, território quilombola de Mata Cavalo; Lidiane Taverny Sales, Retireira do Araguaia da comunidade de Mato Verdinho; e Aluízio de Azevedo, Calon da comunidade cigana de Cuiabá, vão a COP28 para debater as questões ambientais e climáticas que afetam suas comunidades. A participação dos PCTs mato-grossenses é financiada por duas ações do governo do estado: o programa REM e o projeto Janela B, ambos executados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA-MT).

O evento ocorre anualmente desde 1992, quando países presentes na Eco92 assinaram o acordo climático da ONU, no Rio de Janeiro. A programação da COP28 inclui a Cúpula Mundial de Ação Climática, que reunirá líderes mundiais, entre eles, o presidente Luís Inácio Lula da Silva. Eles apresentarão ações, políticas e propostas para mitigação das crises e injustiças climáticas, cujos eventos extremos, como ondas de calor e inundações severas, ampliaram-se consideravelmente nos últimos anos.

De acordo com a presidente do CEPCT-MT, Vânia Montalvão, as catástrofes causadas pelas alterações climáticas afetam, sobretudo, comunidades e povos tradicionais e populações em situação de vulnerabilidade, pois são as que menos consomem, porém, são as mais impactadas pelas mudanças climáticas, sofrendo racismo ambiental.

“Temos atuado para fortalecer esse colegiado, que é um espaço de discussão e de construção de políticas públicas. A COP28 é um espaço de acordos e de estabelecer compromissos. Discutir políticas que envolvam as populações tradicionais, que estão dentro dos territórios, sem a participação dessas pessoas, não é discutir política pública. Por isso, a direção do CEPCT se empenhou para solicitar que o governo do Estado pudesse incluir participação de representantes de PCTS no evento”, ressalta Vânia.

Quilombolas - Na COP28 os representantes debaterão as mudanças climáticas e questões ambientais afetam seus territórios tradicionais e os problemas enfrentados para conservá-los. Laura Ferreira, do quilombo Ribeirão da Mutuca, Território de Mata Cavalo, por exemplo, afirma que será um momento importante para mostrar ao mundo que os povos e comunidades tradicionais “têm inúmeros saberes, ciências e costumes que precisam ser disseminados”.

“A nossa relação é de preservar o que temos dentro dos nossos territórios. A comunidade sempre interagiu com natureza, respeitando, cuidando e preservando. A natureza tem vida, tanto é que quando vamos tirar alguma árvore, sempre pedimos licença. A gente constrói nossas roças em forma de rodízio, para não devastar as matas. A natureza oferta o ar que a gente respira, o alimento, o fruto, então, a gente tem que cuidar. A natureza cuida da gente e a gente cuida dela”, destaca.

Na avaliação da ativista quilombola, será um momento para levar as demandas, tornando-as visíveis. “Uma das grandes demandas que a gente pretende levar é a questão das violências e do racismo perante às comunidades quilombolas, que muitos defensoras e defensores dos direitos humanos e da Terra estão recebendo por defender aquilo que é o bem mais precioso, não somente para nós quilombolas, mas para o Brasil e o mundo, que é ter nossa natureza saudável”, pondera Laura, ao frisar que também será um momento para mostrar que há povos tradicionais vivendo nos principais biomas mato-grossenses:

“Vamos interagir com outros atores e países e mostrar que no cerrado e no pantanal não temos só fauna e flora. Temos seres humanos que habitam esses espaços, de onde advém toda a sua cultura e tradicionalidade. A sociedade precisa saber quem somos nós, onde estamos e o que necessitamos. Nas queimadas do pantanal, muitas vezes, a gente dá muita ênfase aos animais, mas é preciso dar ênfase às pessoas que ali habitam, homens mulheres e crianças, que fazem parte da construção do Brasil”.

Retireiras/os do Araguaia – Por sua vez, a Retireira do Araguaia, Lidiane Taverny Sales, do território Mato Verdinho, no município de Luciara, salienta que “ainda que seja uma pauta complexa e que reunirá diversas pessoas de todos os continentes, com línguas e costumes diferentes”; a participação dos PCTs no evento será “de extrema importância”, pois “esses espaços de discussões e decisões sempre nos foram negados”. Segundo ela, tais “discussões são de extrema relevância para aqueles que diretamente combatem as alterações climáticas com seus modos de vidas e tecnologias socioambientais”.



Para Lidiane, participar da COP28, é tornar visível modos de viver e de ser das pessoas Retireiras do Araguaia, compostos por práticas sustentáveis, que respeitam e conservam o meio ambiente. Também para mostrar as problemáticas enfrentadas e as necessidades em termos climáticos e ambientais. “Marcar nossa participação com a presença, é marcar o ponto da visibilidade, mostrar para o mundo que existimos e somos detentores dos saberes e tecnologias capazes de frear essa dura realidade da alteração climática, que afetam diretamente as classes menos favorecidas economicamente”, analisa Lidiane.

Na avaliação da ativista, Mato Grosso é diretamente afetado pelas mudanças climáticas. “Não há como negar a realidade que hoje vivemos. Pessoas estão morrendo pelo extremo calor, presenciando a maior seca da história do rio Amazonas. O fato de MT ser o maior exportador de grãos contribuí bastante para o desmatamento e invasão dos territórios tradicionais. As alterações climáticas estão diretamente relacionadas ao desmatamento. O impacto não é somente nas áreas desmatadas. Todos os PCTs e territórios tradicionais sofrem com essa alteração. Presenciamos queimadas descontroladas, calor extremo, seca de lagos e rios, perda da produção sustentável familiar nos territórios”, conclui.

Povos Ciganos – Já o representante dos povos ciganos de MT na COP28, o Calon Aluízio de Azevedo, aponta para a necessidade que os Estados e governos têm em conhecer e reconhecer a contribuição dos povos e comunidades tradicionais brasileiros, especialmente, os pertencentes aos três troncos étnicos Romani, os Calon, os Rom e os Sinti, tanto para o desenvolvimento econômico, histórico, cultural e social do país, quanto para a conservação da natureza.

“Apesar do estado brasileiro nunca ter demarcado um território físico para os povos ciganos e mesmo não tendo uma religião própria, juntos, os três troncos étnicos ciganos, os Calon, os Rom e os Sinti, configuram uma das maiores nações multiculturais e sem pátria do planeta. Estamos em praticamente todos os países. Só no Brasil somos mais de 500 mil pessoas vivendo em todas as unidades da federação. Mas não somos responsáveis pela devastação planetária e não é justo que fiquemos com os principais prejuízos causados por elas”, salienta Aluízio.


O ativista cigano explica que na cultura, filosofia e mitologia Calon, os elementos ambientais são sagrados. “Não devastamos as florestas, não destruímos os rios, os lagos e os mares. Não envenenamos o ar, a terra e os ar para fazer grandes plantações. Nunca iniciamos uma guerra. Sabemos o quanto a mãe terra é importante para todos nós vivermos, tanto porque nos dá o alimento, quanto nos dá as curas para as doenças. A respeitamos e consideramos como sagrada, assim como a água, o ar e a floresta. Somos parte da natureza e se não pararmos urgentemente de depreda-la, o resultado será terrível e irreversível para toda a humanidade”, enfatiza Aluízio.

CEPCT-MT

O Comitê Estadual de Povos e Comunidades Tradicional de MT é um colegiado representativo que atua pela valorização, proteção e defesa dos direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais do Estado. O órgão coordena a melhoria das políticas públicas que beneficiam os PCTs e respondem aos seus anseios e necessidades. Seu compromisso é com o reconhecimento e o respeito às diversidades, à identidade cultural e à sustentabilidade destes povos e comunidades, favorecendo toda a sociedade mato-grossense. Em sua composição, integrantes de diversos segmentos de PCTs e do Poder Público têm participação igualitária.

Para a presidente do CEPCT-MT, é imprescindível que os compromissos estabelecidos e firmados na COP sejam discutidos com essas populações, que também são as que mais protegem a natureza.

“O comitê tem se esforçado para tornar visível esse olhar duplo de que os mais afetados pelas crises ambientais que estão aí no planeta são as populações tradicionais, que estão no território. Mas são elas também as que garantem que a preservação ambiental realmente ocorra e que este impacto possa ser reduzido. A mitigação das crises ambientais, para que as mudanças climáticas possam ser reduzidas, são as populações tradicionais que fazem isso”, encerra Vânia.

Texto: Assessoria de Comunicação do CEPCT-MT 

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

AEEC é selecionada para o prêmio Ponto de Memória do IBRAM

 

Projeto Diva e as Calins de MT foi a ação museológica inscrita no concurso, cujo resultado foi divulgado na última terça (29.11).

A Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) foi uma das 60 iniciativas contempladas para receber o prêmio Pontos de Memória 2023, concedido pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). O resultado da premiação, que está em sua quarta edição, foi divulgado nesta terça-feira (28.11) e pode ser acessado aqui, onde as outras iniciativas contempladas também podem ser conhecidas.

A ação museológica inscrita pela AEEC-MT no prêmio foi o projeto Diva e as Calins de Mato Grosso: Ontem, Hoje e Amanhã, que reconheceu a raizeira e benzedeira cigana, Maria Divina Cabral, a Diva, como mestra da cultura mato-grossense, por seus relevantes serviços prestados na manutenção da medicina tradicional cigana e da cultura Calon.

Este é o segundo prêmio nacional recebido pelo projeto Diva e as Calins de MT, que em 2022 foi uma das cinco iniciativas na categoria pessoa jurídica selecionadas para o prêmio Rodrigo Mello Franco, concedido pelo IPHAN. O projeto realizou diversas atividades que reconhecem os saberes das mulheres da etnia Calon. Além da Mestra Diva, o projeto contemplou outras 35 outras mulheres ciganas, moradoras de três municípios de MT: Tangará da Serra, Rondonópolis e Cuiabá.

Diva e as Calins de MT integra o programa “Calon Lachon”, que se desdobra em vários projetos audiovisuais, culturais, científicos e comunicacionais, visando o registro, a valorização, o fortalecimento e a conservação das manifestações culturais, identitárias, cotidianos, narrativas, memórias, modos de vida e organização social, enfim, a filosofia e conhecimentos e práticas ciganas, invisibilizadas na história oficial, apesar de suas imensas contribuições para a sociedade brasileira.

Patrocinado pela SECEL-MT, via Lei Aldir Blanc, por meio do edital Conexão Mestres da Cultura, o projeto ocorreu entre 2021/2023 e se concretizou em três produtos transmidiáticos: o I Encontro de Mulheres Ciganas de Mato Grosso; a Exposição Multimídia CALIN; e a minissérie Diva e as Calins de Mato Grosso.

O I Encontro de Mulheres Ciganas de MT (foto abaixo), ocorreu no município de Rondonópolis, entre 22 e 25 de abril de 2021, reunindo 15 mulheres ciganas, servindo como disparador para os outros dois produtos. A ação contou com duas oficinas que giraram em torno dos saberes da Mestra Diva, que ensinou às outras mulheres participantes os princípios da medicina cigana, incluindo fazer uma garrafada a base de ervas do cerrado.

A Exposição Multimídia Calin teve pré-lançamento em maio de 2021, com live comemorativa ao Dia Nacional dos Ciganos e foi lançada em outubro de 2022, podendo ser conferida no endereço: www.galeriacalin.com.

Já a minisserie Diva e as Calins de Mato Grosso é composta por cinco episódios e cada um enfoca em uma mulher cigana, sendo o primeiro deles a Mestra Diva. Consideramos que além da Mestra Diva as outras quatro participantes, Terezinha Alves (episódio água), Nilva Rodrigues (Ar), Irandi Silva (Fogo) e Venerana Rodrigues (Terra), também são mestras da cultura calon, em diversos sentidos.

Os cinco episódios da minissérie foram lançados no último dia nacional dos ciganos (24  de maio) e podem ser acessados no Canal do YouTube da AEEC-MT: https://www.youtube.com/@aeecmt7993.


Diva e as Calins de MT

O projeto na r-existência das Calins, que mantém tradições, sem perder o “time” da história; lutando para ocupar espaços em todos os âmbitos da sociedade.

Rompendo com paradigmas racistas e machistas, nossa proposta é ancorada no diálogo com as participantes e os modos como queriam ser representadas.

Unindo as artes e a tecnologia, registramos e fortalecemos os conhecimentos tradicionais Calon, que são transmitidos oralmente e principalmente pelas mulheres.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Conheça Tio Toesse: mestre da Chibe e da cultura cigana

 

O Mestre Tio Toesse: uma voz território Calon

Estroécio Rodrigues Cunha, 68 anos, é hoje um dos poucos ciganos Calon, de MT e do Brasil, capazes de desenvolver uma conversa completa na Chibe. 

Tio Toesse, como é conhecido, não sabe assinar o nome, mas guarda inúmeros saberes, memórias e narrativas da filosofia Calon. 

Maria Madalena de Jesus e Anésio Rodrigues Cunha, pais de tio Toesse, ambos faleceram em Tangará da Serra, onde estão sepultados

Filho de Maria Madalena de Jesus e Anésio Rodrigues Cunha (Foto acima), nasceu na barraca em 1.955, em Serra da Saudade (MG), vivendo nômade até 1.980, quando migrou de Rio Verde (MS) para Tangará da Serra, onde reside atualmente, mas nunca definitivamente, pois a itinerância continua para negociar seus produtos.

Exímio dançarino e festeiro, é um contador de histórias nato. 

Casado na tradição cigana, com a prima Leida Alves Cunha (Foto abaixo), além de ser um profundo conhecedor dos costumes e tradições ciganas, tio Toesse, é um dos conselheiros da comunidade cigana mato-grossense e seu maior mestre da Chibe, patrimônio cultural do povo Calon. 

Desde criança se dedicou à lida na roça e à gambira, principais ofícios tradicionais Calon. 

Por volta dos 40 anos começou a perder a visão e não conseguiu mais trabalhar na agricultura, se dedicando apenas à gambira. Mesmo não conseguindo mais dirigir, continua mantendo a tradição de gambireiro, com o auxílio da esposa e do neto Ítalo.

Oitavo filho de treze irmãos, dos quais pelo menos seis deles vivem em Tangará da Serra e compõem o núcleo central da comunidade Calon no território: tia Coracy, tia Nelsa, tio Vone, tia Nerana, tio Anésio e tia Luziinha. O tio tem mais de 91 sobrinhos e sobrinhos-netos espalhados por MT, MG e Go.

Da esquerda para direita, os irmãos do sexo masculino: Ranulfo, Jovenil, Albano (os três in memorian), Araxide, Alvone, Estroécio, Lourival (in memorian) e Anésio

Tio Toesse será o mestre principal do projeto “Oficina de Chibe: reavivando a língua Calon”, previsto para ocorrer no município em maio de 2024, outra iniciativa da comunidade, aprovada no Edital Viver Cultura 2022 da Secel-MT. 

Ele também foi uma das personagens principais do filme curta-metragem "Caminhos Ciganos", lançado em 2023, onde destaca-se por sua fala em chibe.

Da direita para esquerda: tio Toesse, o cunhado e primo Eurípedes (in memorian) e os irmãos Araxides e Anésio, anciãos da comunidade cigana Tangaraense


sábado, 4 de novembro de 2023

Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários que Trabalham Temas de Interseccionalidade 2023

Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT recebeu menção honrosa no prêmio

Anúncio dos vencedores

Os Direitos Humanos das Nações Unidas (ACNUDH), o Freemuse e o Minority Rights Group International (MRG) têm o orgulho de anunciar os vencedores da Segunda Edição do Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários. 

A edição de 2023 convida a candidaturas de artistas minoritários que trabalham em  temas relacionados com a interseccionalidade e formas agravadas de discriminação .

Laureados com o Prêmio Internacional de Artista Minoritário 2023 :

Laureados do Prêmio Internacional de Artista Minoritário 2023: Categoria Jovem:

Menção honrosa:

Um catálogo completo do trabalho dos artistas está disponível aqui . 

O catálogo também fornece informações sobre artistas minoritários, defensores dos direitos humanos, artes e direitos humanos, interseccionalidade, bem como detalhes do Painel de Juízes de 2023.


Fundo

Por ocasião do  Dia da Discriminação Zero,  celebrado mundialmente em 1º de março de 2023, e para lançar o início do  Mês da Justiça Racial , o  Escritório de Direitos Humanos da ONU  (ACNUDH) uniu forças com as organizações não governamentais  Minority Rights Group International , Freemuse  and the City de Genebra para organizar a Segunda Edição do Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários. 

A edição de 2023 convida a candidaturas de artistas minoritários que trabalham em  temas relacionados com a interseccionalidade e formas agravadas de discriminação .

Parte da comemoração do 75º aniversário da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos liderada pela ONU Direitos Humanos, a segunda edição do Concurso Internacional de Arte visa celebrar artistas minoritários que expuseram, exploraram ou abordaram assuntos relacionados a formas interseccionais de discriminação através das suas obras de arte e a sensibilizar para os direitos humanos de indivíduos e grupos pertencentes a minorias e que enfrentam formas agravadas de discriminação.

Artistas minoritários foram convidados a enviar até cinco obras de arte relacionadas à interseccionalidade e formas interseccionais de discriminação. 

As candidaturas foram avaliadas por um painel de juízes  independente composto por especialistas de diferentes países, disciplinas e horizontes, que foram selecionados pela sua notável experiência e compromisso nas áreas das artes, direitos culturais e direitos das minorias. 

O Painel de Juízes de 2023 é:

  • Yvonne Apiyo Brändle-Amolo, artista, membro do Parlamento Suíço e ex-bolsista do ACNUDH;
  • Carine Ayélé Durand, Diretora do Museu de Etnografia de Genebra (MEG);
  • Abdullah, fotógrafo Rohingya radicado em Bangladesh e premiado no Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários 2022;
  • Zahra Hassan Marwan, autora, ilustradora e premiada do Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários 2022;
  • Alexandra Xanthaki, Relatora Especial das Nações Unidas na Área dos Direitos Culturais.

De um total de 80 inscrições de artistas minoritários de mais de 35 países ao redor do mundo, o Painel de Juízes selecionou quatro laureados com o Minority Artist Award, incluindo um laureado com o Youth Minority Artist, e concedeu quatro menções honrosas. 

Em 2 de novembro de 2023, num evento híbrido de gala em Genebra e online.

Mais informações, inclusive sobre o processo e critérios para a premiação, estão disponíveis em: 
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Planos para o desenvolvimento de Artistas Minoritários pelos Direitos Humanos: Ação Artística Global 2024-2028, incluindo como VOCÊ pode se envolver, estão disponíveis aqui .

 Disponível em: https://www.ohchr.org/en/minorities/minority-artists-voice-and-dissidence