Em 8 de abril, o mundo celebra (ou ao menos deveria celebrar!) os ritmos ancestrais e o sangue que pulsam em nossas veias: celebramos o Dia Internacional dos Povos Ciganos.
A data foi criada no Primeiro Congresso Mundial Romani, em Londres, ocorrido no ano de 1971, ocasião em que se reuniram representantes ciganas e ciganos de vários países europeus e definiram também a bandeira e o hino Romani.
A data ganhou projeção no Brasil nos últimos 10 anos, após uma organização maior do próprio movimento social brasileiro, que em 2006 alcançou a criação de um Dia Nacional dos Povos Ciganos, celebrado em 24 de maio.
Sabemos que as datas comemorativas por si só não resolvem os problemas e as exclusões. Contudo, são momentos importantes, que marcam não apenas o reconhecimento às contribuições das culturas e povos ciganos ao mundo e ao Brasil, no caso do Dia Nacional; como também são uma oportunidade para reforçar as lutas!
O Dia Internacional dos Povos Ciganos pode se tornar uma celebração da
resiliência e re-existência dos nossos antigos e antigas, que esculpiram
nossas histórias e culturas vibrantes, colorindo as jornadas diaspóricas e nos
impulsionando a desbravar horizontes, sempre caminhando e seguindo em frente,
mesmo diante das maiores adversidades e opressões, sem deixar nos perder
enquanto povos.
Saudamos as Calin e os
Calon, com as músicas ao estilo moda de viola e flamenca, que brotam da alma, e contorna as danças desafiando as leis da gravidade. Aclamamos nossas mulheres e homens,
jovens e crianças, velhos e velhas.
Em cada giro, uma memória e em cada acorde um valor ancestral, que modelam
nossas vidas base das lutas que travamos em prol dos
nossos direitos e cidadania.
Reverenciamos os Rom, com
a força silenciosa que molda o metal em poesia, transformando a matéria bruta
em obras que transcendem o tempo. Suas mãos, ferramenta de criação, constroem
um legado de beleza e utilidade, mas também de alegria e sensibilidade, nos
circos e espetáculos teatrais e no ativismo nacional e internacional.
Honramos os Sinti, que guardam ensinamentos e sabedorias milenares, ecoando através dos séculos e sussurradas ao vento em histórias que encantam e ensinam. Seus costumes florescem como uma mandala viva de cores e formas, revelando a estética cigana que reside em cada detalhe da vida.
Neste dia, celebramos a diversidade que nos enriquece e nos une, lembrando a importância em reconhecer, respeitar e valorizar as culturas ciganas em sua totalidade.
Que os espíritos itinerantes dos nossos ancestrais continuem a nos inspirar e impulsionar, como um chamado para a luta e o orgulho em sermos ciganas e ciganos, conservando nossas tradições, costumes e manifestações culturais próprias.
Que neste 08 dia Abril possamos gritar contra os estereótipos e desfiramos um golpe certeiro contra o preconceito e o racismo.
Que este dia seja um convite para construir um mundo novo de paz e em que a liberdade não seja
um privilégio, mas um direito inalienável de todos os seres vivos.
Parabéns a todas as ciganas e ciganos do Brasil e do mundo!
Opré Chavalé!
Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT)
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