quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Comunidade Cigana e Estado debatem políticas específicas

Associação atua em três focos principais: científico, político e cultural

Membros da diretoria da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) participaram nesta terça-feira (28/01) de reunião com a secretária adjunta de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Trabalho, Ação Social e Cidadania de Mato Grosso (SETASC-MT), Salete Morockoski. O encontro teve como objetivo discutir políticas públicas voltadas para as comunidades ciganas que vivem no Estado.

Representando a associação, estiveram presentes na reunião o secretário geral, Aluízio de Azevedo Silva, a diretora de mobilização, Terezinha Alves, a Conselheira Irandi Rodrigues Silva e o Diretor Artístico-Cultural da AEEC-MT, Rodrigo Zaiden. Os participantes conversaram sobre a possibilidade de criação de ações específicas para as comunidades ciganas mato-grossenses, que são em sua maioria do tronco étnico kalon - os outros dois troncos étnicos são o Rom e o Sinti.

“Buscamos debater sobre atividades de valorização das culturas e identidades romani, bem como o fortalecimento de nossos saberes, costumes e tradições, a exemplo da língua, a chibe, que vem se perdendo, principalmente, entre os mais jovens” explica a conselheira da AEEC-MT, Irandi Rodrigues Silva.

Além disso, a associação levou algumas demandas à secretária adjunta da pasta. Entre elas, a disponibilidade para o diálogo institucional junto à SETASC, ao Comitê Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais (CEPCT) e aos conselhos estaduais da Promoção da Igualdade Racial (CEPIR) e de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH); bem como o apoio para a concretização de dois projetos.

São eles: um evento no Dia Nacional dos Ciganos, que ocorre em 24 de maio e contará com seminário científico, audiência pública e programação cultural; e a conclusão de um filme longa-metragem, que aborda comunidades ciganas portuguesas, brasileiras, entre elas a mato-grossense; e a Peregrinação de Santa Sara Kali, que ocorre todo ano em 24 de maio na cidade francesa de Saintes-Maries-De-La-Mer.

A Secretária Adjunta de Direitos Humanos da SETASC-MT, Salete morockoski, avaliou a reunião como “muito positiva” e afirmou que a Secretaria é parceira da AEEC-MT na sua luta pelas demandas de cidadania e direitos humanos da comunidade cigana mato-grossense. “Nos colocamos à disposição para que possamos juntos caminhar nessa temática e construir uma política pública efetiva no Estado, para que os ciganos mato-grossenses tenham os seus direitos reconhecidos e possam sentir orgulho das suas raízes. Bater no peito e dizer eu sou cigano e tenho uma política pública da qual eu participo”.

Diálogo

Na ocasião, a diretora de mobilização da AEEC-MT, Terezinha Alves, fez uma breve apresentação sobre as condições das comunidades ciganas no Estado, que reúne aproximadamente 300 pessoas espalhadas por vários municípios, mas concentrados em Tangará da Serra, Cuiabá e Rondonópolis. Ela também destacou a importância do diálogo institucional com o setor público para diminuir a invisibilidade e o preconceito contra as comunidades romani.

“Nossa Associação tem três focos principais: a mobilização política, o diálogo acadêmico-científico e o ramo artístico-cultural, que objetivam a valorização das culturas e identidades ciganas; a realização de ações em prol de direitos humanos; e o combate ao racismo histórico, preconceitos, estereótipos e discriminação”, enfatiza Terezinha.
Diretoria da AEEC-MT e equipe da Secretaria Adjunta de Direitos Humanos da SETASC

Também pela SETASC, o encontro contou com as presenças dos coordenadores Cristian Anderson Caso Fernandes (Promoção dos Direitos Humanos) e Rodrigues Amorim Souza (Proteção à Pessoa e Defesa dos Direitos Humanos). Ambos destacaram a importância da efetivação dos direitos humanos dos povos romani, por meio de uma política pública transversal. “Para nós é muito positivo tê-los recebido, principalmente, a nossa coordenadoria de promoção de direitos humanos, tem justamente o dever de promover e garantir os direitos de todas as populações e políticas” pontuou Anderson.

Já Rodrigues, afirmou que “é de extrema importância que o Estado possa ouvir de fato os seus cidadãos setorizados”. Segundo ele, “os ciganos são populações pouco vistas e escutadas e quando conversamos sobre suas necessidades para a cultura, a saúde, a segurança e a educação, cumprimos o papel do Estado de ouvir as demandas sociais e transformá-las em políticas públicas, para que a população no geral possa ter um entendimento sobre a cultura cigana, suas tradições e literatura, que são bastante ricas”.

Outras informações sobre a Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso podem ser acessadas no site: https://aeecmt.blogspot.com/

Texto: Aluízio de Azevedo, Ascom AEEC-MT
Fotos: Rodrigo Zaiden

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