No
próximo dia 25 de maio (sábado), 30 mulheres Calins participarão do II Encontro
de Mulheres Ciganas de Mato Grosso. Uma realização da Associação Estadual das
Etnias Ciganas (AEEC-MT), o vento é financiado por meio de seleção no edital
público Viver Cultura 2022 da Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer
de Mato Grosso (Secel-MT) e coordenado pela presidente da AEEC-MT, Rosana
Cristina Alves de Matos.
O
II encontro de Mulheres Ciganas de MT integra a programação do IV Encontro de
Cultura Cigana de MT e é uma continuidade do movimento que a AEEC-MT iniciou em
2021, com a edição do I Encontro, que ocorreu em Rondonópolis entre 21 e 23 de
abril. Os encontros visam promover o reconhecimento dos saberes e práticas
ancestrais das mulheres ciganas do tronco étnico Calon como relevantes
manifestações do patrimônio cultural cigano, mato-grossense e brasileiro.
Valorizando
o aspecto cultural da itinerância, historicamente vinculado às etnias ciganas,
o II Encontro ocorre em Cuiabá, segunda maior cidade com população cigana do
Estado, reunindo mais de 100 pessoas. O evento ocorre na Chácara Almeida,
localizada no bairro Dr. Fábio.
A
programação conta com oficina de medicina tradicional Calon, especialidade de
muitas mulheres ciganas, especialmente as anciãs, como a Mestra Diva e suas
primas Dora, Olga, Cida, Isa, Terezinha, Biga e Irandi. O evento contará ainda
com uma pequena mostra da culinária Calon.
A
mesa de abertura terá a participação da Coordenadora Geral de Acesso e Equidade
da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Lilian
Gonçalves e da técnica ponto focal para a pauta da saúde cigana no órgão,
Rafaela Barros. Também conta com a participação da secretária adjunta de
Cultura do Estado, Keiko Okamura e da presidente da AEEC-MT, Rosana Matos.
Aliás,
Keiko também participará de roda de diálogo, ao lado de Antonieta costa, da
Casa das Pretas, mediada pela ex-presidente da AEEC-MT, Fernanda Caiado, com o
tema “Mulheres, ativismo social e empreendedorismo cultural”.
A programação contará ainda com a Roda de Diálogo “Medicina tradicional cigana: produzindo uma garrafada para saúde da mulher” e vivência com a artista cigana, Jaque Roque. E palestra sobre saúde da mulher, com a participação da médica da família e comunidade, Ana Carolina Copriva, membro da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares.
Objetivos
- Segundo a
presidente da AEEC-MT e proponente do encontro, o objetivo é fortalecer as
expressões culturais calon, partindo das mulheres. “Queremos fortalecer a nossa
autoestima, a partir da revalorização das tradições das Calins e suas
manifestações e modos próprios de autorrepresentação. Propomos um movimento de
inclusão que gira em torno do reconhecimento dos saberes femininos. Valorizar
as mulheres, é fortalecer a cultura Calon”,
pondera Rosana.
A produtora executiva do
projeto, Fernanda Caiado, revela que a ideia central é a conservação de tradições,
narrativas, memórias, histórias e costumes ciganos. Para ela, o fundamental, é
trazer as demandas e necessidades das mulheres ciganas, especialmente, na área
da saúde, foco da programação desta segunda edição. Para a Calin, garantir a
continuidade da cultura Calon, significa enriquecer culturalmente a sociedade
mato-grossense.
“Historicamente as etnias
ciganas foram excluídas e perseguidas. Foram implementadas políticas
persecutórias, nos proibindo de falar a língua, praticar nossos costumes, viver
em comunidade. Mas nós resistimos, mantendo conhecimentos e práticas próprias,
sem sermos assimilados. O que nós queremos é garantir que esse modo de vida
próprio seja mantido e que nossos jovens e crianças tenham a possibilidade de
um futuro de inclusão social plena”, avalia Fernanda.
Outro objetivo do projeto é
desconstruir imaginários preconceituosos e discriminatórios contra as pessoas
ciganas. Os preconceitos e o racismo histórico afetam sobretudo as mulheres
Calins, impactadas duplamente: pelas exclusões socioeconômicas e étnico-racial
e pelo viés machista, tanto da sociedade em geral, quanto internamente, uma vez
que o machismo se manifesta, ainda que de forma diferente, entre algumas
famílias ciganas.
“Houve uma tentativa de
apagamento das identidades culturais ciganas, que são expressas ainda hoje por
um imaginário recheado de estereótipos negativos, que precisam ser quebrados”,
comenta o diretor de arte e cultura da AEEC-MT, Rodrigo Zaiden, diretor de
produção e arte do II Encontro, lembrando que a proposta rompe com essas opressões e é construído com
as participantes, suas narrativas e saberes.
I
Encontro em Rondonópolis
Durante
três dias de abril de 2021 (23 a 25 de abril) ocorreu, de forma inédita em
Rondonópolis, o I Encontro de Mulheres Ciganas de MT. O evento foi um dos
produtos transmidiáticos do projeto “Diva e as Calins de MT: Ontem, Hoje e
Amanhã”, aprovado no edital Conexão Mestres da Cultura (Aldir Blanc, SECEL-MT).
A
vivência reuniu 15 mulheres ciganas que trocaram experiências e aprofundaram
conhecimentos em torno dos saberes da Mestra da cultura mato-grossense, Maria
Divina Cabral, a Diva, condecorada no projeto pelos relevantes serviços
prestados para a comunidade cigana e não-cigana como raizeira, benzedeira e
conservação das tradições Romanis.
Outras
informações: aeecmt@gmail.com
Aluízio
de Azevedo, Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT
Importante momento do trabalho necessário de apoio incondicional, necessário e fundamental para garantir a sobrevivência da culutra cigada, onde estiver. Luiz Augusto Passos.
ResponderExcluir