Cerca de 130 pessoas, das quais em torno de 80 mulheres ciganas, do tronco étnico Calon que vivem em diversas cidades do Estado, como
Rondonópolis, Cuiabá e Várzea Grande, participaram nos dias 23 e 24 de maio, em Tangará da Serra (a 240 km de Cuiabá) do “III Encontro de
Mulheres Ciganas de Mato Grosso: medicina Calon, cerrado e (in)justiças
climáticas”.
Realizado pela Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), o evento ocorre marcando o Dia Nacional dos Ciganos, comemorado desde 2006 a todo 24 de maio. A ação integra as programações paralelas realizadas pela associação durante todo o mês, denominada “ V Encontro de Cultura Cigana de Mato Grosso - Maio Cigano”, que também integra outras ações, como a Mostra de Audiovisual Calon Lachon, a Assembleia Geral da AEEC-MT 2025, que ocorrem na mesma data e mais o dia 25 de maio.
Neste ano, o Encontro de Mulheres tem financiamento do
Fundo Casa Socioambiental, por meio de seleção na Chamada de projetos
“Resiliência Climática e Equidade de Gênero: Fortalecendo Comunidades para
Promoção da Inclusão e Diversidade” e apoio da Secretaria de Estado de Saúde de
Mato Grosso (SES/MT).
Além de contar com a participação de mulheres ciganas
vindas de vários municípios mato-grossenses, a novidade é que o Encontro também
terá a presença de algumas convidadas especiais do movimento cigano nacional.
Participaram do Encontro em Tangará: a Conselheira Nacional de Igualdade Racial representando os povos ciganos, Edvalda Bispo dos Santos; a integrante do Coletivo Ciganagens e advogada, Sara Macedo e a coordenadora da Roda Cigana Rede Humanitária, Lourdes Corrêa, que também é representante dos povos Rom no Comitê Nacional de Acompanhamento do Plano Nacional de Políticas Públicas para Povos Ciganos do Ministério da Igualdade Racial (MIR).
O encontro contou a presença de uma comitiva da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), composta por três técnicos: dois do Grupo Técnico de Equidade da pasta, Milton Fleury e Dr. Foguinho e a representante da Escola de Saúde Pública (ESP) da SES/MT, Rita Meurer. Também contou com a participação do presidente do Conselho Estadual de Igualdade Racial de MT (CEPIR/MT), Manoel Silva.
“Também buscamos com o encontro fortalecer a formação política pela inclusão das mulheres ciganas e suas lutas e demandas, que incluem a promoção da justiça climática e ambiental. Ao final do evento queremos elaborar uma carta das mulheres ciganas em defesa do Cerrado e da manutenção das tradições ciganas”, explica Rosana.
Programação –
O Encontro de Mulheres Ciganas de MT trará nesta edição duas temáticas
principais: a primeira delas será as questões climáticas e ambientais, que
estão diretamente ligadas à segunda, a medicina tradicional Calon e à saúde das
mulheres ciganas.
Um dos pontos altos do evento, foi a oficina promovida pela Mestra da Cultura Mato-grossense, a raizeira e benzedeira,
Maria Divina Cabral, a Mestra Diva, “preparando
uma garrafada para a saúde da mulher".
Além disso, o evento teve uma intensa programação cultural, composta pela vivência de dança "Saia Cigana", ministrada pela Calin Sara Macedo e exclusiva para mulheres; bem como a oficina de circo e teatro para as 20 crianças que participaram do evento.
O encontro contou ainda com o lançamento de produções
audiovisuais inéditas, sendo uma delas, a minissérie “Luzia e As Calins do
Cerrado”, cujo foco são as mulheres ciganas que vivem no Cerrado,
especialmente, nos Estados de Mato Grosso e Goiás.
Participação - Uma das produtoras locais do III Encontro de Mulheres Ciganas de MT, Aldi Rodrigues Angola, comentou que "foi bem emocionante ver a minha família chegar de outros municípios de MT, contemplar, ficar junto, comemorar a vida, duas tias estavam fazendo aniversário".
"É bom reencontrar as pessoas que compartilham da mesma etnia que você, é muito importante, porque o preconceito é bastante, então, quando a gente vê as pessoas da nossa família, é um aconchego, me senti muito feliz. Nós teremos algumas pessoas importantes que irá nos visitar e ver o movimento dos ciganos. É também um encontro político, para buscar melhoria para nossas comunidades", destacou Aldi.
Segundo Lourdes Corrêa, uma das coisas que mais impressionou foi o respeito as pessoas mais velhas. "Achei bem interessante
a reunião da família, a questão do respeito, principalmente, no que se refere a
questões de religiões diversas convivendo harmonicamente, de estar se resgatando
a questão cultural, como as vestimentas, as danças ciganas, a Chibe e outras
manifestações. Achei muito importante também a participação dos mais velhos, das
matriarcas ciganas e o respeito as histórias de vidas e conhecimentos daqueles
que mais viveram e mais têm a compartilhar".
Já a estudante de enfermagem, Simone Carla Rodrigues de Oliveira, também foi uma oportunidade para trazer visibilidade aos povos ciganos.
"Para mim foi muito bom, até porque já tinha muito tempo que eu não via alguns de meus parentes, nem me lembrava de alguns deles e nem é tão longe, porque Rondonópolis é bem ali, só cinco horas de viagem. Só que a rotina, o dia a dia da gente nunca permite que nós consigamos visitá-los ou vice-versa. E também para dar um pouco mais de visibilidade para os ciganos, porque nós somos povos esquecidos", enfatizou simone.
Assessoria para Ciência e Comunicação da AEEC-MT
Fotos: Maria Clara Aquino
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