Hoje, dia 08 de abril, se comemora o dia Internacional dos povos ciganos. A data foi oficializada como o dia internacional dos povos ciganos em 1990, durante o IV Congresso Internacional Romani, realizado na cidade de Serock, Polônia. E referendada pela Organização das Nações Unidas (ONU), sendo desde então, comemorada pelos movimentos ciganos de vários países, incluindo o Brasil.
A data foi escolhida em
homenagem ao início da realização do I Congresso Internacional Romani, que
ocorreu entre 08 e 12 de abril de 1971, nos arredores de Londres, completando agora
em 2021, 50 anos de sua realização.
O I Congresso Mundial
Romani foi organizado pela União Romani Internacional (URI) e contou com a participação
de ativistas do movimento cigano de 14 países europeus. Neste evento, foi
adotada a bandeira e o hino cigano, Gelem-Gelem, como
símbolos da unificação da nação internacional romani.
Pensando na realidade
atual pandêmica e pensando nos últimos 50 anos, desde a realização do primeiro
congresso internacional romani, será que temos de fato o que comemorar?
Diante desta questão,
fomos ouvir algumas pessoas ciganas para tentar compreender o que esta data
significa para nós que pertencemos a um dos três troncos étnicos romani (Calon,
Rom e Sinti).
“A gente tem muito para comemorar.
O nosso povo tem uma história linda”, pondera Fernanda Caiado
Para a presidente da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), Fernanda Alves Caiado, a data é muito importante, por se tratar de um reconhecimento internacional ao povo cigano.
“Essa data significa pra gente que os ciganos não são reconhecidos só na nossa região, né, são reconhecidos internacionalmente. É muito bom ser lembrado, ter essa data que lembra a luta de um povo e não só de um grupo pequeno, mas de toda uma história de um grupo de pessoas que resolveu sair, que lutou, que luta e que acredita. É muito bom saber que nós somos mundialmente reconhecidos. Isso é muito importante!” pondera Fernanda. Leia mais: https://aeecmt.blogspot.com/2021/04/a-gente-tem-muito-para-comemorar-o.html
“O que mais temos a comemorar é a capacidade que a gente sempre teve de transformação, de adaptação e de renascer das cinzas”, diz Aline Miklos
A cantora, compositora, ativista e pesquisa Rommi brasileira, Aline Miklos, por exemplo, ressalta que acha importante a data, “porque é o dia da institucionalização da nossa luta”.
“Além da luta do dia a dia, do cotidiano, a gente precisa de uma institucionalização para que essa luta seja reconhecida pelo Estado e pela sociedade. A gente tem que utilizar essa data para reivindicar os nossos direitos para o Estado, para mim isso é fundamental e importante”, pondera Aline.
Leia Mais: https://aeecmt.blogspot.com/2021/04/o-que-mais-temos-comemorar-e-capacidade.html
O meu sonho é que esta data vá para os calendários das escolas e das pessoas em suas casas, almeja Daiane da Rocha
Por sua vez, a Secretária Geral da Associação Nacional das Etnias Ciganas (ANEC), de Brasília (DF), Daiane da Rocha Bian, considera que as datas comemorativas, como o dia Internacional dos Ciganos, ou o Dia Nacional dos Ciganos, que no Brasil ocorre em 24 de maio, “é importante para reafirmar as lutas constantes de um povo existente, que faz parte da história humana”.
“O meu sonho é que esta data vá parar os calendários, que as pessoas tenham acesso ao calendário oficial, marcando o dia do cigano. Isso é muito importante para que a sociedade e o governo parem para pensar, que as pessoas ciganas sejam lembradas, respeitadas. Significa o reconhecimento de uma cultura, de uma luta, do povo cigano no mundo, de sua trajetória e de toda a sua participação na humanidade, no dia a dia, na construção mesmo da história do mundo”, emociona-se Daiane. Leia Mais: https://aeecmt.blogspot.com/2021/04/o-meu-sonho-e-que-essa-data-va-para-os.html
“Foi o movimento que lançou algumas bases comuns a todos os ciganos”, reflete Toyansk
O também cigano da etnia Calon e pesquisador do movimento internacional cigano, o doutor Marcos Toyansk, destaca que o I Congresso Internacional Romani foi um marco para a criação de um movimento internacional cigano.
“Um momento que foi possível reunir ciganos de várias partes da Europa, embora a Europa do leste não tenha participado, com exceção da Iugoslávia, o evento foi acolhido pela Inglaterra depois que uma organização cigana foi proibida de ter atividades na França. Naquele momento, os franceses não queriam melindrar os alemães, pois estavam estreitando relações e o movimento tinha a intenção de reivindicar reparações e compensações pelo extermínio na segunda guerra e confisco de bens”, pondera Toyansk. Leia Mais: https://aeecmt.blogspot.com/2021/04/foi-o-movimento-que-lancou-algumas.html
Texto: Aluízio de Azevedo
Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT
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