segunda-feira, 18 de julho de 2022

Racismo e xenofobia diminuem na França, mas preconceito contra ciganos segue alto, diz relatório

 

Famílias Ciganas vivem situação dramática em França. Foto: AFP

A Comissão Nacional Consultiva dos Direitos Humanos acredita que é necessário evoluir e continuar o trabalho de sensibilização contra os preconceitos nas escolas e universidades

Por RFI, Disponível em G1, 18 de julho de 2022

A tolerância diante das minorias evolui na França, aponta um relatório da Comissão Nacional Consultativa dos Direitos Humanos, divulgado nesta segunda-feira (18). No entanto, alguns grupos, como os ciganos, continuam sendo estigmatizados, afirma o documento que faz um apelo em prol da luta contra os preconceitos. 


"De 1990 a 2022, a aceitação das minorias progrediu globalmente na França", diz o relatório, que ressalta que desde 2015 o nível de aceitação das diferenças aumenta entre os franceses. Por outro lado, a Comissão Nacional Consultiva dos Direitos Humanos acredita que é necessário evoluir e continuar o trabalho de sensibilização contra os preconceitos nas escolas e universidades.


Desde 2008, o relatório é elaborado anualmente, junto com um "parâmetro de tolerância", calculado a partir de entrevistas com cidadãos. Em 2022, esse índice é de 68 de uma escala que vai no máximo até 100. São dois pontos a mais do que em 2019 e 14 em relação a 2013, o que mostra uma clara mudança de comportamento da população em relação às minorias, dizem os autores do documento. 


Por grupos, o índice é de 80 em relação aos negros, 79 aos judeus, 74 aos magrebinos (árabes do norte da África) e 62 aos muçulmanos. A minoria que os franceses mais tem dificuldades para aceitar são os "roms", ciganos do leste europeu, cuja escala de tolerância ficou em 52.


Racismo e xenofobia ainda são presentes


"Os discursos estigmatizantes com bases racistas e xenófobas não desapareceram do espaço público e midiático", ressalta Jean-Marie Burgubur, presidente da comissão. Segundo ele, a pandemia de Covid-19 reativou as teorias conspiracionistas antissemitas e a campanha das eleições presidenciais foi marcada "pelo retorno obsessivo da segurança, suscetível de reforçar os reflexos de xenofobia".


Mesmo que estejam em recuo, os preconceitos perduram, afirma o documento. Uma prova disso é que 38% dos franceses pensam que "o islã é uma ameaça à identidade do país" (contra 44,7% em 2019). Além disso, 45% pensam que "os roms vivem essencialmente de roubos e tráfico" (contra 48,2% em 2019). Entre os entrevistados, 37% pensam que "os judeus têm uma relação particular com dinheiro", uma ideia em alta em comparação a 2019, quando essa percentagem era de 34,1%. 


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Preconceito velado


A Comissão Nacional Consultativa dos Direitos Humanos ressalta que o racismo, o antissemitismo e a xenofobia permanecem subestimadas na França: "1,2 milhão de pessoas seriam vítima, a cada ano, de ao menos um ataque, entre injúrias, ameaças, violências ou discriminações". Segundo números do Ministério do Interior, 7.759 casos de caráter discriminatório foram registrados no país. 


Por isso, a comissão formulou doze recomendações prioritárias, como a formação constante de professores sobre a questão, a adoção de um plano nacional para a instrução dos cidadãos, além de uma melhor capacitação da polícia e dos magistrados. 


Os autores do relatório também recomendam um reforço da luta contra os preconceitos anticiganos, com "um engajamento do governo para fazer evoluir o olhar e as práticas em relação às populações roms". Outra preconização do grupo é o acesso às denúncias online, além de uma maior atenção da problemática das discriminações no mercado de trabalho.


No total, para chegar a essas conclusões, a Comissão Nacional Consultiva dos Direitos Humanos ouviu 1.300 cidadãos franceses nesses últimos meses. As entrevistas que se concentraram nas temáticas do racismo, antissemitismo e xenofobia foram realizadas online e em presencial.


Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/07/18/racismo-e-xenofobia-diminuem-na-franca-mas-preconceito-contra-ciganos-segue-alto-diz-relatorio.ghtml

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