Historicamente, os povos ciganos foram vinculados ao nomadismo. Todas as vezes que falamos nestes grupos étnicos, uma das primeiras características culturais que aparecem no imaginário social é o nomadismo.
De fato, as diásporas milenares nunca foram somente
uma opção cultural, mas uma imposição das sociedades e nações por onde nossos
antepassados foram passando.
Atualmente 80% ou mais das pessoas ciganas não são
mais nômades. O próprio conceito de nomadismo é defasado. O correto é utilizar itinerantes
ou viajantes.
A itinerância prevê rotas, que têm um ponto de partida
e um ponto de retorno. Já o nomadismo, prevê uma migração a ermo.
A memória oral dos Calon diz que viemos do Egito. Já a
ciência, por meio de uma pesquisa linguística, afirma que as primeiras
migrações se originaram na Índia.
No século XIV, os Calon já estavam na Espanha e
Portugal. Foi desses dois países, que chegaram ao Brasil, durante 300 anos de
colonização, degredados, expulsos, pelo simples fato de serem ciganos.
Em Portugal, até muito recentemente havia leis
proibindo as pessoas ciganas nômades de permanecerem no mesmo local por mais de
48 horas.
No Brasil, durante séculos, as polícias, comandada
pelo Estado, trataram os ciganos como criminosos, bandidos perigosos, que precisavam
ser expulsos.
Ocorreram episódios conhecidos como as Correrias
Ciganas. Consistia nas polícias invadirem acampamentos e matarem crianças, velhos,
mulheres, sem distinção.
As polícias provocavam a fuga em desespero das pessoas
ciganas para as matas, abandonando bens e pertences, para sobreviver.
Existem inúmeros arquivos policiais e jornalísticos comprovando
essas ações, especialmente, em Estados como Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro
e São Paulo.
Apesar dessas ações terem diminuído consideravelmente,
nos dias atuais ainda continuam. Em 2021, por exemplo, ocorreu um caso
envolvendo uma família cigana com 10 irmãos e a polícia militar da Bahia em
2021.
Após um conflito, a polícia baiana promoveu uma
verdadeira caçada a esta família, assassinando 8 de 10 irmãos e provocando
terror em comunidades ciganas do Estado.
Além do que, viver de forma nômade, em barracas, não
possibilita acesso a questões como água encanada, luz elétrica, esgoto, recolha
de lixo e outras questões infraestruturais.
Fotos: @Juqueiroz; Artes: @Rodrigozaiden e
@apenasTamii; textos: @aluiziodeazevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário